Museu Sankofa da Rocinha Preserva História e Memória dos Moradores

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Nos últimos oito anos, o Museu da Rocinha Sankofa – Memória e História, na Zona Sul do Rio, vem trabalhando para recuperar a memória coletiva e história da favela, dando aos moradores uma chance de resgatar sua história e transformar o conceito de museu comunitário.

O museu surgiu em 2008, a partir de uma série de discussões em torno do Plano Cultural da Rocinha, mas o desejo de documentar e compartilhar a rica história da Rocinha não é nenhuma novidade. A história teve início décadas antes, com o trabalho de Lygia Segala, professora de antropologia da UFF, que iniciou um projeto de alfabetização na Rocinha, na década de 70, que envolveu alunos coletando histórias e depoimentos de moradores. Junto com Antônio Oliveira, presidente da União-Pró Melhoramentos dos Moradores da Rocinha (UPMMR), e Tânia Regina da Silva, uma líder local na época, eles coletaram cerca de 19.000 fotografias e documentos que se tornaram a base da coleção do Museu Sankofa. Esse trabalho, que foi publicado no livro Varal de Lembranças, destaca a rica história de resistência da Rocinha e os mutirões que os moradores mantêm na sua luta contínua pelo acesso à infraestrutura básica.

De acordo com Antônio Firmino, um dos coordenadores do Museu Sankofa, apresentar esses documentos históricos mostra aos mais novos moradores da Rocinha que “O que você tem hoje é fruto dessa luta passada”.

O museu trabalha com a deliberada intenção de construir uma ponte que ligue a história ao presente. O nome “Sankofa” vem de uma palavra indígena do Oeste Africano, que significa um retorno ao passado para reformular o presente, e é representada pelo símbolo de um pássaro com os pés virados para frente e a cabeça olhando para trás.

“O costume é ver um museu como coisa velha, e é nesse sentido que a gente tenta fazer um contraponto”, diz Antônio Firmino. “Nós estamos falando sobre o passado, mas ele está presente também. Então, é uma memória viva. Não é simplesmente uma coisa nostálgica”.

Com projetos interativos, como a Ação Sonora-Visual realizada no mês de junho, em parceria com o Instituto Moreira Salles, o Museu Sankofa inverte a dinâmica habitual entre museu e comunidade. Juntos, o Instituto e o Museu Sankofa transformaram a Praça da Rua 4 numa exposição multimídia, onde moradores e transeuntes eram convidados a ouvir gravações de áudio com entrevistas de moradores, assistir vídeos, ver fotos e ler memórias impressas. Os participantes também foram convidados a levar para casa um monóculo com uma foto simbólica e lembrança do museu.

“Quando você leva as informações aonde as pessoas estão, ao invés de esperar que as pessoas venham até elas, você cria uma relação diferente”, diz Antônio Firmino.

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