Conheça o Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’
O curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’ foi idealizado no âmbito das discussões do Painel Unificador das Favelas e da Rede Favela Sustentável, ambas iniciativas realizadas por uma rede de coletivos comunitários, ambas redes articuladas pela Comunidades Catalisadoras (ComCat).
Havendo percebido a importância existencial que teve às próprias favelas coletarem dados para incidência durante a pandemia, o curso foi construído com o objetivo de desmistificar o processo de coleta e compreensão de dados e garantir o controle na geração de dados elos próprios territórios, mirando a incidência política. O tema definido para o curso inaugural foi justiça hídrica e energética, pela natureza fundamental de ambos para o pleno desenvolvimento e inclusão das favelas.
O curso, realizado entre março e setembro de 2022, contou com a participação de 30 jovens e 15 lideranças de comunidades do Grande Rio, e passou pelos seguintes módulos: (1) a importância de pesquisa por e nas favelas, (2) o que é justiça energética e hídrica em relação aos temas de acesso, qualidade e eficiência, (3) a definição dos indicadores de acordo com prioridades dos territórios, (4) a coleta de dados em campo, (5) a análise e compreensão de dados e identificação de dados-chave, (6) como incidir politicamente com os dados coletados, (7) como realizar a relatoria, tanto popular quanto técnica, e (8) como comunicar os dados para os devidos fins, de incidência política e conscientização popular.
Além da formação de jovens e lideranças comunitárias em coleta, análise e divulgação de dados e tópicos de justiça energética e hídrica aplicados às realidades locais, mostramos como através da implementação de uma metodologia de co-criação e co-gestão na montagem e aplicação do questionário, pesquisas realizadas por moradores podem ser mais robustas do que as realizadas por instituições externas. Seja pela maior abertura dos vizinhos e interesse nos resultados; pela capacidade de trazer contexto e vivência prática para os dados coletados, promovendo a maior compreensão do do “por quê?” atrás dos dados; ou pela vontade de fazer valer os resultados coletados na parte dos envolvidos, para reivindicar mudanças.
Vivenciando a Rede Favela Sustentável (2022 Retrospectiva)
Vídeo 2022
Em 2022, a Rede Favela Sustentável pôde vivencia a energia das atividades presenciais novamente, ganhando força com recursos novos para o início do Projetão de Justiça Climática nas Favelas.
O Vale Encantado concretizou a implantação de um biossistema para tratamento de esgoto e painéis solares na comunidade, com repercussão internacional. O CEM (Centro de Integração da Serra da Misericórdia) realizou o intercâmbio sobre soberania alimentar. E ainda a Cooperativa Transvida realizou um intercâmbio sobre reciclagem de resíduos sólidos na Vila Cruzeiro.
Além disso, as comunidades do Salgueiro e Trapicheiros foram anfitriões para o curso de Mobilização Socioambiental facilitado pelo Alfazendo (Cidade de Deus). A RFS e o PUF (Painel Unificador das Favelas) realizaram o curso de pesquisa que resultou no relatório 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados, Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação', que reúne dados inéditos e impactantes sobre água e luz nas favelas.
A RFS ainda capacitou lideranças para a replicação do projeto Teto Verde Favela (Arará) no Centro Comunitário Irmãos Kennedy (Vila Kennedy).
Rede Favela Sustentável Organiza Intercâmbio no Dia Mundial da Limpeza com Cooperativa de Reciclagem Transvida na Vila Cruzeiro [VÍDEO]
No Dia Mundial da Limpeza, integrantes da Rede Favela Sustentável se uniram na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, para apoiar a Cooperativa Transvida no CIEP Brandão Monteiro, para um dia focado em resíduos sólidos.
Foram realizadas oficinas sobre compostagem, produção de artesanato reciclado, jardinagem vertical, entre outras, com 113 pessoas presentes. A primeira cartilha para membros da RFS foi lançada em apoio à Cooperativa Transvida, com integrantes da rede distribuindo mais de 100 exemplares enquanto andavam pela comunidade ao final das atividades do dia.
“Temos que conscientizar as pessoas a separar todos os seus resíduos, não só os adultos, como também as crianças. Cada um deve ter responsabilidade sobre seus resíduos, que a gente chama de lixo, mas não é lixo, são resíduos!” — Dona Josefa do Verdejar Socioambiental .
Acesse a Cartilha da Cooperativa Transvida e leia a matéria do evento na íntegra!
Pesquisar Também É ‘Nós Por Nós’! Lideranças e Jovens de 15 Comunidades Convidam para Coletiva de Imprensa e Lançamento do Relatório ‘Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’ [RELEASE]
No mesmo ano em que o Censo do IBGE vem sendo realizado, após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional, surge o relatório, “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, rico em dados produzidos por 30 jovens e 15 lideranças de 15 favelas em 5 municípios do Grande Rio. 1156 famílias prestaram depoimentos sobre o acesso, qualidade e eficiência da água e luz em suas casas. Os dados apresentados escancaram como o racismo ambiental, relacionado às questões hídricas e energéticas, se apresenta no cotidiano dos 15 territórios pesquisados.
Baixe o relatório: https://bit.ly/RelatorioJusticaHidricaEnergeticaNasFavelas
O Esgoto Mais Limpo do Rio Está na Favela? Vale Encantado Inaugura Biossistema e Trata Esgoto
Este vídeo foi produzido para ser utilizado pela imprensa na divulgação do biossistema do Vale Encantado. Encorajamos à mídia, parceiros e interessados a embutir o vídeo diretamente em suas matérias ou, em caso de utilizar trechos para suas reportagens, pedimos que atribuem à Rede Favela Sustentável.
O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência e incubadora de práticas sustentáveis. No dia 04 de junho de 2022, a comunidade Vale Encantado receberá jornalistas, lideranças comunitárias, e aliados para a coletiva de imprensa e o lançamento oficial da mais nova e maior conquista da comunidade até hoje: um biossistema que faz o tratamento completo do esgoto local, mantendo a floresta em torno limpa e protegendo a saúde dos moradores.
O evento será realizado na cooperativa da comunidade, também beneficiada por recentes investimentos sustentáveis através da instalação de painéis solares.
Saiba mais: https://bit.ly/ReleaseDoVale
Faça parte do lançamento e coletiva: https://bit.ly/LancamentoNoVale
O Esgoto Mais Limpo do Rio Está na Favela? Comunidade Sustentável Vale Encantado, no Alto da Boa Vista, Convida para a Inauguração do Biossistema para Tratamento de Esgoto e Painéis Solares [RELEASE]
Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]
Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]
O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência e incubadora de práticas sustentáveis. No dia 30 de abril, as famílias e aliados irão receber jornalistas e lideranças de comunidades do Grande Rio para uma coletiva de imprensa e o lançamento oficial da mais nova e maior conquista da comunidade até hoje: um biossistema que faz o tratamento completo do esgoto local, mantendo a floresta em torno limpa e protegendo a saúde dos moradores. O evento será realizado na cooperativa da comunidade, também beneficiada por recentes investimentos sustentáveis através da instalação de painéis solares.
Um Sonho Realizado Trinta Anos Após a Eco 92
A comunidade do Vale Encantado foi fundada no século XIX por trabalhadores nas plantações de café, antes da região ser reflorestada se tornando a Floresta da Tijuca, uma das maiores do mundo em perímetro urbano. Após 150 anos o Vale Encantado se encontrou isolado na floresta, sem poder mais ganhar a vida através da extração de recursos naturais do entorno. Hoje, de acordo com o último censo realizado pela Associação de Moradores, cerca de 100 pessoas compondo 40 famílias moram nas 27 casas da comunidade.
A história do Vale Encantado vem migrando mais intencionalmente na direção da sustentabilidade há 30 anos, desde a Eco 92 quando a mudança das políticas ambientais da prefeitura impactou a geração de renda local, que antes vinha da mineração (e antes disso do café e floricultura).
No início dos anos 2000, um dos moradores, Otávio Alves Barros, hoje presidente da Associação de Moradores e da cooperativa do Vale, com ajuda de parceiros, percebeu a necessidade e o potencial de se voltar para uma abordagem sustentável, com base no ecoturismo e culinária local vegetariana realizada pelas moradoras da comunidade aproveitando alimentos da floresta e das hortas caseiras. Aos poucos fez uso também de tecnologias verdes para poder realizar o desenvolvimento da comunidade e combater ameaças de remoção. Sempre atraindo parceiros, Otávio realizou projetos de energia solar para aquecimento de água e um biodigestor para processar restos de comida que atendesse o restaurante da cooperativa, onde recebia os turistas e servia as delícias vegetarianas. Em seguida, a cozinha do restaurante usava o gás gerado pelo biodigestor para cozinhar.
Apesar destas vitórias, a maior contaminação da comunidade no ambiente continuava. Com dificuldades para atender muitas regiões do Rio, seria difícil imaginar a concessionária chegar um dia com saneamento básico neste local pequeno e isolado. E isso afetava a qualidade de vida e a geração de renda local.
“Atuando como guia de turismo, levava os turistas até uma cascata que tem aqui. Eles perguntavam se podiam tomar banho e eu dizia que não. Isso me motivou a procurar soluções.” — Otávio Alves Barros
Trabalhadores moradores da comunidade fazem manutenção no biossistema. Foto: Douglas Dobby
Biossistema: Uma Solução Acessível, Descentralizada e Sustentável para o Tratamento de Esgoto
Em 2015, o biossistema de saneamento ecológico do Vale Encantado começou a ser desenvolvido através de uma nova parceria, desta vez com pesquisadores da PUC-Rio que ganharam um edital da FAPERJ para a construção de um biodigestor de porte e tamanho apropriado e dimensionado para tratar o esgoto de todas as casas do Vale Encantado, porém neste primeiro instante completando a conexão apenas das cinco primeiras casas.
Em 2021 a Rede Favela Sustentável* (RFS), através da organização gestora Comunidades Catalisadoras (ComCat), e o Instituto Ambiente em Movimento, através da ONG Alemã Viva Con Agua, atraíram os recursos faltantes para realizar a conclusão do sistema conectando todas as casas à rede completa de saneamento. Através desses apoios e com a parceria técnica da Taboa Engenharia, que também participou da construção do biossistema e do biodigestor do restaurante, todas as 27 edificações do Vale Encantado terão tratamento completo e ecológico de esgoto, feito dentro da própria comunidade, a partir de 30 abril de 2022.
A parte final da obra começou a ser feita em outubro de 2021 através do mapeamento do local, visitas às casas e conversas com moradores para dialogar sobre o projeto. Após essa etapa, todos os trabalhadores, moradores da própria comunidade, que atuariam como assistentes de obra participaram de uma capacitação em instalações hidrossanitárias pelos engenheiros da Taboa Engenharia. Em janeiro foi iniciada a obra. Foram feitas, pelos moradores, as instalações das tubulações ligando as 27 casas ao biossistema, e também reparos no biodigestor e na zona de raízes—tecnologia de pós-tratamento que desempenha importante função na etapa seguinte à biodigestão.
“Meu sonho é que aqui possa ser um dia um ponto turístico para gerar renda para as famílias que são mais vulneráveis.” — Otávio Alves Barros
A canalização e o tratamento do esgoto são os principais ganhos que o biossistema de esgoto gera para o Vale Encantado. Boa parte do esgoto era jogado no córrego que corta a comunidade, causando mau cheiro, maior incidência de ratos e baratas, além da contaminação das nascentes da região. Mas além do tratamento, o sistema vem gerando oportunidades para os moradores.
“Aumentou bastante a visitação querendo conhecer a comunidade que faz o tratamento de esgoto. Então, com isso, conseguimos ter passeios turísticos. Tem toda uma geração de renda com base no sistema de tratamento de esgoto.” — Leonardo Adler
Lançamento do Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável
Lançamento do Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável
07 de novembro de 2020
No terceiro Grande Encontro anual da Rede Favela Sustentável (RFS)*, o Grupo de Trabalho de Memória e Cultura lançou um roteiro único para a riqueza cultural das favelas, periferias e quilombos da cidade: O Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável. O Guia destaca histórias que foram forçosamente reprimidas e é uma referência para quem deseja se afastar da museologia conservadora e suas evocações unidimensionais do passado, ou visões superficiais e estigmatizantes das favelas.
“Esse Guia nos dá visibilidade, quando a gente é geralmente marginalizado. Mostra os saberes da favela para os outros. É importante que cada favelado conte a sua própria história”, disse Maria da Penha, do Museu das Remoções da Vila Autódromo, que também escreveu o prefácio do Guia, onde se lê: “Muito já se perdeu das memórias e histórias de comunidades, favelas, guetos e periferias. O Brasil não teve o cuidado e a atenção devida em preservar na íntegra a memória dos povos originários, dos negros e da população pobre, que sempre colaboraram na construção e no desenvolvimento desse país”.
Além da introdução de Maria da Penha, o Guia inclui reflexões escritas coletivamente pelo GT de Memória e Cultura da RFS, sobre temas como: “Porque a existência de Museus de Favela” e “Como museus comunitários geram pertencimento e identidade?” No centro do Guia está contido o mapa das iniciativas de preservação da memória, que também pode ser acessado no Google Maps aqui. Por fim, no Guia, cada iniciativa tem um espaço próprio, que contém uma breve introdução do museu/iniciativa, informações de contato, o endereço e o ano em que a iniciativa foi fundada. Devido à natureza histórica do Guia, as iniciativas são organizadas em ordem cronológica, por ano de fundação.
Um esforço de pesquisa de um ano, que começou como uma discussão dentro do GT, identificou 26 museus comunitários, centros de pesquisa, galerias de arte e locais históricos na Grande Rio que vão desde quilombos fundados há séculos até um museu móvel inaugurado em 2019, e incluem, mas não se limitam a, projetos que participam da RFS. Enquanto algumas das iniciativas contam com locais físicos, outras assumem a forma de tours ou desfiles de carnaval. O que os projetos têm em comum, segundo os textos elaborados conjuntamente pelo Guia, é que eles visam que “e todos tenham acesso ao entretenimento e a educação proporcionados pelos museus físicos”, e contam a história de uma perspectiva local, “deixando claro que não aceitaremos que nos seja imposta uma história e uma memória que não são nossas”.
Assista ao Lançamento do Guia :
Falas por:
José Renato Pimenta - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH)
Luiz Antonio de Oliveira - Museu da Maré
Emília Maria de Souza - Museu do Horto
Francisco Valdean - Museu da Imagem Itinerante da Maré (MIIM)
Maria da Penha - Museu das Remoções
Tereza Onã - Núcleo de Memória e Identidade da Maré (NUMIM)
Favela como Modelo Sustentável na Rio+20 / 2012
27 de junho de 2012
Princípios sustentáveis já existem nas favelas do Rio, mas são tão orgânicos que passam despercebidos. Lançado na Rio+20, o vídeo "Favela como Modelo Sustentável", realizado pela http://ComCat.org, visa iniciar um diálogo global com respeito às qualidades de bairros informais, particularmente bairros consolidados como é o caso das favelas cariocas, e o potencial de tais comunidades na contribuição para um urbanismo mais sustentável.