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Rumo a Brasília pela Energia Justa

Semana Mundial da Energia 27-29 de maio de 2024 - Brasília, DF

QUEM SOMOS?

Uma delegação formada por 19 mobilizadores de favelas do Grande Rio de Janeiro, entre jovens e veteranos, e 7 aliados técnicos, integrantes da Rede Favela Sustentável que vêm pesquisando e gerando soluções energéticas nas favelas. Em 2023 publicamos a pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, que traz à tona a injustiça energética que vivemos. A pesquisa representa uma iniciativa de geração cidadã de dados em 1200 domicílios de 15 favelas do Grande Rio. Juntas, as comunidades representadas pela delegação contam com mais de 1,2 milhões de habitantes.


O QUE VAMOS FAZER EM BRASÍLIA?

Levaremos ao conhecimento de autoridades federais os dados da pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, junto de histórias de moradores impactados, e soluções desenvolvidas pelos próprios territórios. Realizaremos uma reunião pública no Congresso, reuniões particulares com autoridades interessadas, e participaremos da audiência pública "Transição Energética Justa: Papel Social da Energia Solar" no Dia Mundial da Energia. Assessores parlamentares, jornalistas e todos os interessados, são bem-vindos. Veja a programação completa no fim desta página.

PARCERIOS NACIONAIS

Além dos integrantes fluminenses, as seguintes organizações de atuação nacional foram fundamentais para o desenvolvimento da programação e estarão ativas durante as atividades da Semana da Energia em Brasília: Instituto Internacional Arayara, ClimaInfo, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Pólis, Lemon Energy, Nordeste Potência e Revolusolar


NOSSAS PAUTAS:

1. Renovação das concessões de energia elétrica: levantaremos questões sobre o acesso e qualidade da energia que chega às favelas e a relação com as condições da renovação das concessões.

2. Tarifa social: compartilharemos como a energia elétrica tem adquirido nova centralidade nas favelas e as dificuldades geradas pela falta efetiva do acesso à uma tarifa acessível.

3. Energia solar social: entenderemos como a adoção e o acesso à energia solar nas favelas pode ser uma solução, inclusive para as questões levantadas nos outros ítens, proporcionando autonomia e sustentabilidade às comunidades enquanto contribuindo com a sociedade como um todo.


ALGUNS DADOS DA NOSSA PESQUISA

  • 55,2% das pessoas representadas na pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza.

  • 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos 3 meses, mais de 24 horas sem luz.

  • 32,1%perderam eletrodomésticos por causa de falhas na rede elétrica.

  • As famílias pagam, em média, duas vezes mais do que a capacidade de pagamento

  • 31% das famílias comprometem uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz.

  • 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída.

  • Os dados evidenciam o ‘gato’ como o único mecanismo para acessar energia entre os mais pobres. Conforme a renda aumenta, a maioria das famílias afirma não ter ‘gato’.


  • 68,7% não conhecem a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).

  • 59,55% das famílias atendem ao critério de renda para usufruir da Tarifa Social, entretanto somente 8,04% afirmaram receber o benefício.

  • 73% das famílias que ganham até meio salário mínimo afirmaram não fazer reclamações ou solicitar serviços para a concessionária. Conforme a renda aumenta, o conforto em buscar a concessionária aumenta: só 33% dos acima de quatro salários dizem não fazer reclamações à concessionária.

  • O ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra.

  • Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED.

  • 50,6% afirmaram saber o significado da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). 


SOLUÇÕES

Além dos mobilizadores-pesquisadores que levantaram e apresentarão estes dados, a delegação contemplará quatro lideranças realizando soluções na ponta para os desafios mencionados.

Luis Cassiano do Teto Verde Favela trará a experiência do teto verde no Parque Arará, Zona Norte do Rio, onde a temperatura abaixo do seu teto, no verão, diverge dramaticamente dos seus vizinhos, experiência já citada em diversas televisões pelo Brasil e o mundo.

Otávio Barros da Cooperativa Vale Encantado compartilhará a experiência do biossistema responsável pelo tratamento do esgoto da comunidade, e do biodigestor que gera gás na cozinha da cooperativa.

Nill Santos emocionará com a história de sua Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social, para mulheres vítimas de violência, que achou na energia solar uma forma de geração de renda e independência.

E Dinei Medina instigará, a partir de sua experiência na primeira cooperativa de energia solar em favelas do Brasil, a Revolusolar, uma compreensão do enorme potencial que a geração distribuída, realizada nas favelas, poderá acarretar para toda a sociedade.


IMPERDÍVEL! PARTICIPE!
PROGRAMAÇÃO

Participe das seguintes atividades abertas ao público. É só chegar!

  • Segunda-feira, 27 de maio
    Horário:
    9-12h
    Descrição: Lançamento da Semana Mundial da Energia—Reunião Pública no Congresso: "Justiça Energética nas Favelas: Dados e Soluções da Ponta" a mais completa apresentação dos dados, histórias e soluções a ser realizada na semana sobre o tema da injustiça energética e o complemento ideal aos tópicos que serão abordados na Audiência Pública de quarta-feira (veja abaixo).
    Local: Plenário 19 do Anexo II da Câmara dos Deputados

  • Quarta-feira, 29 de maio
    Horário:
    9-12h
    Descrição: Organizada pela Comissão
    Permanente de Minas e Energia, Audiência Pública no Congresso Nacional sobre "Transição Energética Justa: Papel Social da Energia Solar"
    Local: Plenário 14
    do Anexo II da Câmara dos Deputados

Apresentações fechadas serão realizadas também com o Ministério Minas e Energia, ANEEL, Ministério das Cidades, e com a Frente Ambientalista do Congresso Nacional. Caso tenha interesse em receber a comitiva em seu gabinete, entre em contato através do contato abaixo.

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Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Leia os Relatórios Gerais e Locais da Pesquisa

Entre 2022 e 2024, lançamos os relatórios gerais e locais com os dados frutos do Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’, que contou com a participação de 30 jovens e 15 lideranças de 15 diferentes territórios do Grande Rio, mirando a desmistificação do processo de coleta e compreensão de dados, e garantindo o controle na geração de dados pelos próprios territórios.

Os relatórios foram lançados em diversos eventos, online e presenciais, que contaram com a presença não só dos pesquisadores como dos moradores onde a pesquisa foi realizada, permitindo que os resultados retornassem ao local de origem após a pesquisa.

Lançamento de dados em Mesquita em 22/03/2023

Confira os relatórios:

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1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável Amplia Saberes e Tece Sustentabilidade Entre Favelas, Quilombos e Aldeias [VÍDEO]

No dia 6 de junho de 2023, 155 mobilizadores comunitários e aliados de 12 estados brasileiros—Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo—se reuniram online para participar do 1° Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias, com mobilizadores e moradores que, em homenagem à semana mundial do meio ambiente, se uniram para pautar a sustentabilidade pelas suas próprias vozes e vivências.

▶ Veja o vídeo: bit.ly/IntercambioNacionalRFSYouTube

🔗 Leia a matéria completa: bit.ly/IntercambioNacionalRFS2023ROW

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Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: Rede Favela Sustentável Lança Dados de Jacutinga, Coreia e Cosmorama [Matéria]

No Dia Mundial da Água, 22 de março, a Rede Favela Sustentável, Painel Unificador das Favelas, Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária em Mesquita, Associação de Mulheres de Edson Passos - AMEPA e Associação Centro Social Fusão, realizaram o lançamento do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga“. O evento contou com um público aproximado de 100 pessoas e transmissão ao vivo no site da Prefeitura Municipal de Mesquita.

Estiveram presentes moradores das comunidades pesquisadas, a Coreia, Cosmorama e Jacutinga, e também a maior favela de Mesquita: Chatuba. O evento contou com representantes da Defesa Civil, Instituto de Defesa do Consumidor de Mesquita (Procon), Centro de Referência de Assistência Social de Mesquita (CRAS), Secretaria Municipal de Saúde de Mesquita (SEMUS), e organizações sociais e religiosas, entre elas a Casa Fluminense e a Igreja Batista da Chatuba. O evento aconteceu no auditório da Prefeitura Municipal de Mesquita.

Os organizadores do lançamento construíram e participaram do curso, em 2022, “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, resultando na pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.

Gisele Moura, coordenadora da Rede Favela Sustentável, abriu o evento contando um pouco sobre a RFS e a programação do dia. Ela compartilha que: 

“A Rede Favela Sustentável é uma rede articulada de lideranças comunitárias, moradores de favelas e aliados técnicos que atuam em prol da resiliência socioambiental das favelas do Rio de Janeiro. A Rede Favela Sustentável durante a pandemia entendeu a necessidade de se levantar dados, monitorar dados sobre a [Covid-19 na] favela. Então surgiu uma conversa coletiva, lideranças comunitárias que [construíram o que se tornaria o] Painel Unificador. [Mais tarde, levantaram] quais eram [outros] dados de grande importância para [serem coletados] nas suas comunidades e água e luz… [foram entre as] informações mais importantes… A ideia do Painel Unificador das Favelas… [é que] comunidades poderem levantar e serem agentes desses dados.”

Por que Água e Luz? Qual a Relação?

No relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga”, Amanda O’Hara, do Instituto Clima e Sociedade, afirma que “a energia e água são dois recursos intrinsecamente dependentes. Especialmente no Brasil e, especialmente, em comunidades de baixa renda”. Ela ressalta que, com a crise hídrica em 2021, os brasileiros tiveram que lidar com um salto nas contas de luz, além da falta de chuvas que reduz o nível de água nas barragens, “diminuindo a disponibilidade de água nas usinas hidrelétricas para gerar eletricidade.”

Além da falta d’água, o relatório registrou problemas graves de qualidade da água, os constantes alagamentos, vazamentos e descaso da concessionária quanto a uma assistência de qualidade. De igual modo, o valor elevado da conta de luz gera uma consequência direta na alimentação e qualidade de vida das famílias, que também sofrem com descaso e apagões. Os dados demonstraram, também, que quando falta água, ela demora para voltar.

Os jovens Luiz Miguel Ribeiro e Matheus Botelho, integrantes do NESPES, moradores da Coreia e os pesquisadores responsáveis pela coleta de dados no território, abriram a apresentação dos dados, lançando perguntas para a plateia sobre suas realidades com a falta d’água e luz, o que impulsionou relatos e manifestações dos presentes. Os dados apresentados contemplavam perfis demográficos, acesso a água, qualidade da água, eficiência da água, acesso de luz, qualidade da luz e eficiência da luz. 

“Em cada comunidade, entrevistou-se por volta de 75 pessoas, então, nossa pesquisa não reflete a comunidade como um todo. Ela busca dar uma ideia da situação e agregar as demais comunidades e mostra um panorama da nossa região metropolitana. A grande maioria dos entrevistados… foram mulheres… e a maioria dos entrevistados [se autodeclararam] negros, que para o IBGE são pretos e pardos, [mostrando] que a maioria dos afetados pelos dados… é negra.” — Matheus Botelho

Ao perguntarem para a plateia sobre a qualidade da água, Sabrina Moreira, moradora da Coreia, comentou que “a água tem lodo, cor amarelada, quando acaba a água, ela volta cheia de barro”.

Outros dois jovens participantes da pesquisa compartilharam a experiência com o levantamento de dados. Matheus Edson, de Rio das Pedras, falou sobre problemas, que não devem ser normalizados, relacionados a água, energia, injustiça social e ambiental. Janyne Lima, de Itacolomi, Ilha do Governador, explicou como foi o trabalho em campo, e as escutas a partir dele, como relatos de pessoas que tiveram que comprar o próprio poste de luz e outras sem água encanada em casa ou que não possuem reservatório de água. 

Muitos moradores da favela da Chatuba compartilharam os mesmos problemas de contas altíssimas de luz e da falta d’água. O morador Maurílio Costa compartilhou meios de economizar:

“Eu acho um absurdo cobrar trezentos e sessenta e seis reais de água numa comunidade que… quando cai água, [por exemplo] hoje é quarta-feira, dia de cair água, aí o que eu faço? Encho a cisterna e fecho o hidrômetro. Na quarta-feira seguinte eu não pego água, porque já tenho na cisterna.”

Zeca Pereira, morador da Chatuba, relatou: “desde que a Águas do Rio assumiu, nós temos um problema que já tínhamos com a CEDAE e dobrou”. Luiz Simplicio comentou sobre o seu Ivan, morador da Chatuba, ficar 24 horas com sua bomba ligada abastecendo a comunidade, de forma voluntária, pois a Águas do Rio foi lá e ignorou os problemas relatados pelos moradores.

As lideranças comunitárias Tânia Alexandre da Silva, coordenadora do AMEPA, Ana Leila Gonçalves, coordenadora do Centro Social Fusão e Laurinda Soares, coordenadora do NESPES, compartilharam sobre o protagonismo da juventude, convocaram os moradores a se engajarem mais, comentaram sobre a continuidade das ações que foram iniciadas, além de trazerem propostas de articulações e integração do poder público com os profissionais de dentro das favelas.

Leia a matéria diretamente do site de notícias RioOnWatch clicando aqui!

Assista ao Vídeo Aqui.

Não perca o álbum abaixo, ou clique aqui para ver no Flickr.

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Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: RFS Lança Dados de Jacutinga/Coréia/Cosmorama [Vídeo]

Este vídeo traz a apresentação de dados de água e luz, coletados a partir da pesquisa realizada por lideranças e jovens mobilizadores das comunidades Coréia, Cosmorama e Jacutinga em Mesquita, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 22 de março de 2023 e contemplou o lançamento do relatório "Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita", com os dados resultantes da pesquisa nas comunidades.

Por ter sido uma atuação colaborativa com a juventude, os próprios jovens que percorreram suas comunidades, dialogando com vizinhos e coletando dados valiosos, apresentaram os dados locais, seguidos pelas lideranças comunitárias, que trouxeram propostas e articulações surgidas a partir da pesquisa. Com público aproximado de 100 participantes, entre moradores de comunidades de Mesquita, gestores públicos locais e especialistas nos temas de água e luz, a apresentação aconteceu no auditório da Prefeitura de Mesquita, resultando em um diálogo potente sobre as questões de acesso, qualidade e eficiência da água e luz que chegam nas casas e ruas das comunidades.

O evento foi organizado pela Associação de Mulheres de Edson Passos (AMEPA/Cosmorama), Centro Social Fusão (Jacutinga) e Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária (NESPES/Coréia), que são integrantes do Painel Unificador de Favelas e da Rede Favela Sustentável e participaram do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, com pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.

Leia a matéria: https://bit.ly/LancamentoRFSMesquitaROW

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1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias

Participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!

Semana Mundial do Meio Ambiente 2023

É com muita felicidade que viemos convidar você para o 1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável sobre o tema Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias! Será uma troca de saberes e cultural com a participação de mobilizadores comunitários de todo o país dialogando sobre diversos temas. O encontro será online pela plataforma Zoom e será transmitido ao vivo no YouTube. Participe dessa incrível e potente troca!

Terça-feira, dia 06 de junho das 18h às 20h30 - Evento online no Zoom

Contaremos com a participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!

Nossos Convidados Especiais:

Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO

Líder do seu povo na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), é internacionalmente conhecido pela luta no enfrentamento aos posseiros, madeireiros e mineradoras nas terras de seus ancestrais. Na COP15 apresentou o premiado Carbono Suruí, primeiro projeto de redução de emissões por desmatamento proposto em Terras Indígenas no mundo. Popularmente conhecido como a liderança indígena mais empreendedora do Brasil, leva como bandeira direitos humanos e ambientais no debate sobre mudanças climáticas globais e as possibilidades para um desenvolvimento mais sustentável.

Ben Hur Flores – Projeto Anjos e Querubins – Pelotas, RS

Ator de formação e percussionista, tem 54 anos, é deficiente visual, fundador, coordenador e presidente da ONG Anjos e Querubins que realiza projetos de educação musical na comunidade do loteamento Getúlio Vargas em Pelotas (RS) e compõe a Orquestra Popular Afrobeat. Utilizando materiais alternativos como balde, lata e tampa de panela, criou uma identidade para a ONG e a conectou ao tema da sustentabilidade e dos resíduos sólidos, conquistando mais de 20 prêmios e o título de utilidade pública.

Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA

Mulher, preta, nascida e criada na periferia da Guine, em Pernambués, um dos bairros mais negros de Salvador, é ativista por mobilidade. Bacharel em Humanidade, pesquisou sobre a urbanização eugenista das cidades brasileiras. Criou o 'Preta, Vem de Bike', projeto voltado para ensinar mulheres pretas a pedalar. Co-fundadora e coordenadora da Afro Ciclo, rede de mobilização coletiva e projeto social de base comunitária que visa mobilidade sustentável, atua pela transformação social de comunidades segregadas no Recôncavo Baiano, debatendo o cicloativismo sob o recorte racial.

'Lia' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança — São Paulo, SP

Líder comunitária há mais de 12 anos, fundou em 2018 o Instituto que leva seu nome para educar os moradores da comunidade sobre o meio ambiente e como obter uma alimentação mais saudável. Baiana de Itaberaba, obteve o selo "Ligue os Pontos", em 2020, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SP para a horta comunitária existente no local. Membro do Comitê Mulheres do Brasil, é hoje uma liderança, referência em agricultura urbana, sendo convidada regularmente para palestras e seminários e entrevistas para jornais e revistas.

Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata — Ilha do Marajó, PA

Quilombola da Boca da Mata, quilombo na Ilha do Marajó (PA), é uma das idealizadoras do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia e militante da Rede Fulanas Herdeiras. Ativista, luta pela ampliação, valorização e visibilidade de mulheres negras nos espaços empreendedores através do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia, que desenvolve produtos e serviços ligados à sua história, buscando nos saberes ancestrais o seu bem viver. Faz parte também do Fórum Paraense de Economia Solidária.

'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania — Ilhéus, BA

Ogan e filho carnal da mãe-de-santo Mãe Ilza Mukalê, ambos do Terreiro de Matamba Tombenci Neto, um dos terreiros de nação Angola mais antigos da Bahia (em Ilhéus, de 1885). Foi um dos fundadores do Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e presidiu o Conselho das Entidades Afro Culturais de Ilhéus. Criou a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania e o Memorial Unzó Tombenci Neto, o primeiro de matriz africana do interior baiano, que integra o Circuito de Museus de Ilhéus.

'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso  da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ

Nascido e criado na comunidade caiçara Pouso de Cajaíba, na Reserva Ecológica da Juatinga, Paraty (RJ), é a quinta geração da família Xavier com 63 anos. É da associação de moradores, pescador, agricultor, permacultor, fundador do Ipeca (Instituto de Permacultura Caiçara), liderança no Fórum de Comunidade Tradicional Indígena, Quilombola e Caiçara (FCT) e pesquisador no Observatório de Território Sustentável Saudável da Bocaina (OTSS), que visa promover o desenvolvimento de estratégias sustentáveis, saúde e direitos para o bem viver de comunidades tradicionais em seus territórios. 

Como será o evento:

⏳ SESSÃO 1, das 18h às 18h45 — Roda de apresentações Cada convidado especial terá alguns minutos para apresentar a si e sua iniciativa e responder perguntas sobre suas iniciativas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável do Rio.

⏳ SESSÃO 2, das 18h50 às 19h35 — Roda de debates
— Vamos debater o tema sustentabilidade com perguntas colocadas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável e os convidados especiais, a partir dos temas: 1) Justiça Climática; 2) Moradia Sustentável; 3) Soberania Alimentar; e 4) Educação Socioambiental.

⏳ SESSÃO 3, das 19h40 às 20h25 — Roda cultural
— Momento aberto para trocas culturais, espaço expositivo artístico-sensitivo, com reflexões e provocações coletivas. Esse momento será norteado pelas seguintes perguntas: O que é sua comunidade/favela para você? Quais memórias do seu território todos precisam saber? Qual a maior potência do seu território? O que faz unir a sua comunidade?


O evento será em comemoração à Semana do Meio Ambiente,

terça-feira, dia 06 de junho das 18-20h30.

Divulgue o evento encaminhando essa página
e convidando seus contatos, amigos, estudantes e colegas a se inscreverem!



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Primeiro Relatório ‘Eficiência Energética nas Favelas’ Expõe Detalhes Inéditos sobre Impacto da Ineficiência do Serviço e Uso de Luz sobre a Pobreza e Aprofundamento das Desigualdades

Os coletivos responsáveis pelo Painel Unificador Covid-19 nas Favelas e relatório 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação' lançam relatório específico analisando impactos da (in)eficiência energética em 15 comunidades fluminenses.

Em preparação para o Dia da Terra (22 de abril), a Rede Favela Sustentável (RFS) e Painel Unificador das Favelas (PUF)* lançam hoje um novo relatório bilingue, Eficiência Energética nas Favelas. No ano passado, foi realizado o curso e pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas', uma iniciativa da RFS, PUF e sete instituições parceiras.** A pesquisa ocorreu no mesmo ano em que o censo do IBGE foi realizado após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional. O curso e a pesquisa resultante dele contaram com 45 jovens e lideranças de 15 favelas do Grande Rio como pesquisadores-cidadãos, provando que a favela produz dados robustos, gerando inclusive uma visão mais completa do que conseguem muitos pesquisadores e empresas de fora dos territórios.

Após o aplaudido lançamento do relatório geral, fruto de sua pesquisa, 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação'—lançado em setembro de 2022 com cobertura na TV Globo, CNN, Agência Brasil, e Notícia Preta—os participantes voltaram sua atenção para análises mais profundas e detalhadas dos seus dados. Uma delas resultou neste novo relatório, lançado hoje.

Dados Inéditos sobre Eficiência Energética nas Favelas

Os dados apresentados no novo relatório Eficiência Energética nas Favelas refletem a realidade de 1.156 famílias (4.164 pessoas) em 15 favelas de cinco municípios do Grande Rio e apresentam especificamente a relação da energia com a pobreza e desigualdade social, mirando a eficiência tanto do serviço prestado quanto do seu uso. A riqueza das informações levantadas foi surpreendente até para os envolvidos. Kayo Moura, cientista social e estatístico em formação, integrante do laboratório de narrativas e dados do Jacarezinho, LabJaca, recém-citado como referência pelo The New York Times, foi responsável pela análise.

Ele explica: "A minha bagagem não é relacionada diretamente ao ambientalismo e à sustentabilidade, por isso entendia a eficiência energética como uma pauta que talvez não me pertencesse. O mais interessante [desta pesquisa]… foi entender que, quando a gente está falando do debate sobre eficiência energética nas favelas, nas periferias, no Sul Global, estamos falando de um debate sobre justiça, sobre acesso. Se tivesse que definir o relatório em um argumento seria: a ineficiência energética acaba funcionando como uma ferramenta de injustiça energética, sobretudo nas favelas do Brasil. Dentro da favela, a partir de famílias em sua maioria em condição de vulnerabilidade social, a ineficiência acaba afetando as famílias mais pobres dentre as mais pobres. São as que menos têm conhecimento sobre seus direitos, como a Tarifa Social de Energia Elétrica. São elas as que mais sofrem com a ineficiência do serviço, as que mais ficam sem luz e as que ficam mais tempo para que a luz retorne." A partir de um aprofundamento nos dados sobre pobreza energética e suas sequelas, sobre equipamentos ineficientes como default e sobre a prevalência de hábitos energeticamente eficientes entre os moradores de favela—o que vai contra os preconceitos da sociedade—além de outros elementos que vieram à tona durante as investigações, a pesquisa apresenta opções para que o poder público possa pensar em políticas públicas, a partir da eficiência energética, como, por exemplo, tornar a conta de luz mais acessível para as famílias socialmente mais vulneráveis, seja através de aparelhos eficientes ou de descontos.

Pobreza e Desigualdade Racial como Pano de Fundo

O relatório, Eficiência Energética nas Favelas, apresenta primeiro os dados dentro do seu contexto socioeconômico, realizando comparações voltadas à renda. Por exemplo, de 4.163 moradores representados nos dados, 15% vivem com até meio salário mínimo e 36,8% entre meio e um salário mínimo.

Então, pouco mais de 50% das pessoas refletidas na pesquisa ganham somente até um salário mínimo como renda familiar mensal. Relacionado a isso, mais da metade das famílias entrevistadas estão abaixo da linha da pobreza. Quando a análise tornou sua atenção à composição racial das faixas de renda, ficou evidente, entre as famílias participantes da pesquisa, uma relação inversa entre raça e renda. Mesmo se tratando de favelas, quanto mais alta a renda, menor foi a proporção de pessoas negras encontradas. O contexto geral da sociedade, de pessoas negras ocuparem as faixas de renda mais baixas, se reproduz também nesta amostra feita dentro de favelas.

Pobreza Energética e Suas Brutais Sequelas

Um conceito importante a ser incorporado no debate público sobre acesso aos serviços básicos no Brasil é o da pobreza energética, que se refere à conta de luz que representa mais de 10% da renda familiar mensal (o recomendado é que seja sempre menos que 6,8% da renda familiar). O novo relatório mostra que as famílias que ganham até meio salário mínimo são as que concentram o maior número de famílias em pobreza energética. Há uma linha de tendência: conforme aumenta a faixa de renda, diminui a proporção de famílias em pobreza energética. Enquanto isso, 69% dos respondentes afirmaram que, caso sua conta de luz fosse reduzida pela metade, utilizariam este dinheiro para comprar comida (ao invés de outras contas, medicamentos, educação, etc.). Quer dizer: a pobreza energética está diretamente ligada à insegurança alimentar dos entrevistados.

A pobreza energética também leva à necessidade de suprir a demanda por luz e tudo que ela garante (desde acionar bombas para se ter acesso à água, à capacidade de acessar informações e oportunidades de emprego através do celular) de outras formas. Como explica Kayo: "A abordagem que a gente teve sobre 'gatos' na pesquisa foi sob perspectiva que pensa o acesso e que não criminaliza. Os dados evidenciam o 'gato', às vezes, como o único mecanismo que a pessoa tem para acessar energia. As famílias mais pobres, que têm até meio salário mínimo, apresentam a maior proporção de 'gatos'. Conforme a renda vai 3 aumentando, a maioria das famílias afirma não ter 'gato'. Então, vemos como uma questão de acesso, de ter condição de pagar a conta de luz e não uma questão de desonestidade, de querer tirar vantagem."

Conquiste seu espaço

A consequência de depender do ”gato”, da conexão irregular, é a ineficiência do acesso ao serviço e seu reparo, reforçando mais ainda a pobreza da família que dele depende.

São as famílias com menor renda na pesquisa as que mais sofrem com a ineficiência no serviço. Kayo faz outro excelente resumo dos resultados: "Quem relatou sofrer todo dia com falta de luz está presente nas faixas de renda de até meio salário mínimo. Ao perguntarmos sobre episódios de falta de luz nos últimos três meses que tenham durado mais de 24 horas, isto fica evidente de novo. Conforme a gente aumenta a faixa de renda, aumenta o número de pessoas que declararam não ter sofrido com a falta de luz por mais de 24 horas nos últimos três meses. Temos também a realidade de que as pessoas socialmente mais vulneráveis, são as que menos têm uma relação de consumidor com a concessionária Light. A ineficiência no serviço novamente penaliza as pessoas mais pobres, que, por uma série de motivos, não conseguem contato com a concessionária para reivindicar questões que são direitos." O descaso, porém, acontece também com quem tem relógio medidor e deveria ter relação estreita com a Light, como descrito por um jovem pesquisador no caso de uma moradora em sua comunidade de Mesquita: "As concessionárias fazem tudo do jeito deles, na hora que elas querem. Teve até um caso de uma moça onde eles simplesmente chegaram e arrancaram o relógio dela e não deram nenhuma satisfação. E a conta continua chegando, mesmo sem ter um medidor."

Equipamentos Ineficientes por Falta de Opção e Informação

Quando se pensa em eficiência energética, tipicamente o que vem à mente são os equipamentos eficientes, aqueles eletrodomésticos que conseguem fazer mais usando o mesmo nível de energia e assim economizando. A pesquisa procurou entender se moradores das favelas compondo a pesquisa têm acesso, usam e quais são os equipamentos que acabam pesando mais na conta de luz.

Conforme os resultados citados acima demonstrando o impacto da vulnerabilidade das famílias com menor renda, não é diferente quando se trata de se ter informações sobre equipamentos eficientes, que poderiam poupar na conta de luz. Essas são as mesmas famílias que apresentaram a maior proporção de desconhecimento sobre o significado da etiqueta da ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia), etiqueta que 4 obrigatoriamente tem que ser exibida em todos eletrodomésticos, indicando a quantidade de energia utilizada em comparação com outros aparelhos.

Porém, como foi levantado em paralelo por relatos qualitativos ao longo da pesquisa, aparelhos eficientes tendem a ser de última geração, mais caros; enquanto moradores que perdem eletrodomésticos à apagões e compram aparelhos usados, não conseguem acessá-los. Para se ter uma noção do aspecto técnico da eficiência energética, a pesquisa separou os principais equipamentos (ar condicionado, chuveiro elétrico, geladeira, máquina de lavar, televisão e ventilador) e foi calculado uma estimativa do impacto do consumo de cada um na renda mensal das famílias. A pesquisa confirmou que o ar condicionado é o “grande vilão” tanto do consumo de energia elétrica, quanto para o orçamento doméstico, ainda que ele seja uma benção em dias quentes. Ele, dentre todos os eletrodomésticos, é o que gera mais impacto: responsável por 51,4% deste consumo. Mais do que o chuveiro elétrico, a geladeira, a máquina de lavar, a TV e o ventilador juntos. Mais de 50% dos entrevistados possuem entre um e três aparelhos de ar-condicionado. Segundo Kayo, esta parte do levantamento foi realizada para subsidiar autoridades e técnicos que queiram pensar formas de ajudar famílias a atingirem um consumo médio mais eficiente. "Talvez não seja possível produzir um ar condicionado que seja três vezes mais eficiente, mas então será que não é possível fazer uma tarifa social que dê 25% de desconto para famílias de determinado perfil que tenham ar condicionado, por exemplo?", explica.

Hábitos Eficientes Independentemente do 'Gato'

Existem duas principais estratégias para atingir o uso eficiente da energia. A primeira é pelo investimento em equipamentos eficientes, o que, como demonstrado, tem sido pouco acessível aos moradores de favela pelo custo e falta de informação. A segunda, no entanto, é mais alcançável. Trata do componente humano: os hábitos dos consumidores. A pesquisa fez várias perguntas voltadas para entender os hábitos eficientes dos consumidores, como se a pessoa lembra de desligar a luz ao sair do ambiente, ou se dá preferência para lâmpadas LED. A partir destas respostas, foi construído um sistema de pontuação atribuindo um ponto para cada resposta que representava um alto grau de eficiência energética. A pontuação máxima era 9. O resultado mostra um alto grau de preocupação em manter 5 hábitos eficientes: mais da metade dos entrevistados pontuaram entre 6 e 9.

Muitos inclusive buscam ter hábitos que são de eficiência energética sem conhecer o termo. Kayo resume: "Existe um mito entre muitas pessoas que acham que na favela ninguém liga para hábitos de economia energética. Também existe o mito de que todo mundo na favela tem 'gato' e por não pagar a luz não se importa com economia [e eficiência]. Pegamos então a comparação de pontos entre as pessoas que têm 'gato' e as pessoas que não têm 'gato'. O que descobrimos é que existe uma pequena diferença entre quem tem e quem não tem 'gato', mas é uma diferença quase insignificante, indicando que, de forma geral, independente de se a pessoa tem 'gato' ou não, os moradores tendem a buscar uma eficiência energética naquilo que elas podem: nos seus hábitos."

Autoridades Falham na Garantia do Acesso à Tarifa Social

A pesquisa realizada pelos 45 jovens e lideranças, cujos indicadores foram definidos por eles mesmos, incorporou perguntas voltadas à apresentação e identificação do conhecimento de seus vizinhos sobre a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) e a etiqueta ENCE. A Tarifa Social funciona dando descontos na conta de luz a quem mais precisa e também premia sua economia de energia. Quanto mais eficiente o consumidor for, maior é o seu desconto. Ambos são mecanismos já existentes que visam, em tese, baratear a conta de luz para as famílias que têm maior necessidade. Infelizmente, como no caso da etiqueta ENCE, o desconhecimento da Tarifa Social é muito grande. Isso foi percebido em todas as faixas de renda ao longo da pesquisa. E esse desconhecimento é ainda maior, mais do que 75%, entre os grupos de menor faixa de renda, os que têm mais necessidade e direito de usufruir da TSEE. Aproximadamente 60% de todas as famílias da pesquisa atendem o critério de renda para usufruir da TSEE, entretanto, somente 8% afirmam receber o benefício. Analisando as famílias que se enquadram nos critérios de renda para ter o benefício da TSEE, 90% delas afirmam não recebê-lo.

Apesar de Excluída, Favela É Potência

Eficiência Energética nas Favelas é o segundo relatório fruto do curso de pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas' através do qual 45 jovens e lideranças de 15 favelas construíram uma pesquisa robusta que tem gerado conhecimentos inéditos. Mais relatórios virão, lançando recortes de dados por região e novas análises são bem-vindas. Como explica Kayo: "O projeto e a pesquisa vão ter continuidade. Foi uma pesquisa muito poderosa, pensando toda a metodologia, construída coletivamente, produto de um curso de pesquisa desenvolvido por redes de favelas [Rede Favela 6 Sustentável, Painel Unificador das Favelas e parceiros]. Eu acho que o mais legal do relatório é que ele abre várias perguntas para serem desenvolvidas, sobre eficiência energética, sobre justiça energética, sob outros aspectos, com outros recortes. Vale ficar conectado com a Rede Favela Sustentável para ver quais são os próximos passos." E concluindo, ele continua: "A demora no retorno da luz e a falta de atendimento geral são frutos de um processo histórico: a ausência seletiva do Estado. O Estado aparece na favela, mas somente em alguns setores específicos, sobretudo, com o braço armado. Por isso, a narrativa é tão importante. As pessoas de fora costumam enxergar a favela como um problema e, por isso, é tão importante esse trabalho de pesquisa que fizemos a partir da favela, para a favela. Não estamos mais como objeto de estudo, estamos construindo nossa própria narrativa de dentro pra fora. A gente tá produzindo discurso sobre nós mesmos. Não tem como pensar e falar sobre favela sem a gente estar ali como os atores principais, como sujeitos. A gente tá ali contando a nossa história. Não é mais ninguém que conta vindo de fora. Por isso, a importância da energia, por que falta de luz atualmente também é falta de [acesso à] comunicação. E temos que resistir e lutar, para a gente falar por nós mesmos, para a gente contar nossa história. A história do Brasil a partir da gente."

DESTAQUES ENTRE OS DADOS

Sobre Eficiência e Qualidade do Acesso

● 55,2% das pessoas representadas na pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza, ou seja, vivem com renda familiar per capita mensal de até R$497;

● 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos três meses, mais de 24 horas sem luz. Entre famílias que ganham de dois a três salários mínimos, foram 23%. 32,1% já perderam eletrodomésticos por causa de falhas na rede elétrica;

● As famílias pagam, em média, uma conta de luz duas vezes maior do que a média da capacidade de pagamento declarada. 31% das famílias encontram-se em situação de pobreza energética, comprometendo uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz;

● 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída;

● 68,7% dos entrevistados (794 pessoas) não conhecem a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). 59,55% das famílias atendem ao critério de renda para usufruir da Tarifa Social, entretanto somente 8,04% das famílias afirmaram receber o benefício, enquanto 90,4% das famílias que atendem ao critério de renda para ter o benefício afirmam não recebê-lo;

● 73% das famílias que ganham até meio salário mínimo afirmaram não fazer reclamações ou solicitar serviços para a Light. Conforme a renda aumenta, o conforto em buscar a concessionária aumenta: só 33% dos acima de quatro salários dizem não fazer reclamações à Light.

Sobre Aparelhos e Hábitos Eficientes

● O ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra, seguido pelo chuveiro elétrico (13,8%) e geladeira (13,6%);

● Existe um bom nível em termos de hábitos conscientes de uso da energia elétrica entre a população da amostra. A pontuação média foi de 6,21, sendo o limite superior da pontuação 9 e o inferior 0. Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED, mais eficientes e econômicas;

● 50,6% afirmaram saber o significado da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Dos que reconhecem a etiqueta, 49,1% afirmaram já ter comprado um eletrodoméstico baseado no fato dele ser classificado na categoria A do selo ENCE.

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Pesquisar Também É ‘Nós Por Nós’! Lideranças e Jovens de 15 Comunidades Lançam o Relatório ‘Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’

No mesmo ano em que o Censo do IBGE vem sendo realizado (2022), após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional, surge o relatório, “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, rico em dados frutos do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, uma iniciativa da Rede Favela Sustentável e do Painel Unificador das Favelas com colaboração de oito instituições*.

Através do curso, 45 alunos de 15 favelas** realizaram entrevistas nas residências de 1156 famílias (4164 pessoas) entre maio e junho de 2022, produzindo uma pesquisa que retrata os desafios de acesso, qualidade e eficiência da água e luz nas suas comunidades e contempla cinco municípios do Grande Rio. A dedicação dos alunos, que driblaram diversos empecilhos, entre elas um período de intensas operações policiais, foi notável e fundamental para atingir tantas famílias com a pesquisa.

Territórios representados no curso.

Entre tantos dados relevantes, destacam-se que 59,6% das famílias cumprem os requisitos para serem registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), um importante instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda. Mesmo assim, praticamente metade (48,8%) dos que cumprem os requisitos ainda não se registrou.

Tratando-se do acesso à água, foi descoberto que 42,5% dos entrevistados sofreram para fazer a higiene básica durante a pandemia devido à falta de água. Além disso, quase metade (48,2%) dos entrevistados dependem de bombas para ter acesso à água, gerando um custo adicional nas já alarmantes contas de luz. Outra questão bastante destacada foi o problema dos alagamentos, que afetam a vida de mais da metade (51,5%) dos entrevistados. A perspectiva majoritária destes, com mais de 80%, é de que esse problema das enchentes piorou nos últimos dois anos.

Quanto aos dados coletados sobre luz, avaliando-se o peso desta no orçamento familiar, foi descoberto que 56,8% dos entrevistados vivem em situação de pobreza energética*** em nível moderado a grave. Igualmente preocupante foi a resposta de que quase 70% dos entrevistados gastariam mais com alimentos caso suas contas de luz fossem reduzidas, o que expõe novamente a grave crise de insegurança alimentar que a população vem enfrentando. Sobre os apagões, descobriu-se que 32,2% dos entrevistados sofreram com falta de luz nos últimos três meses e que para 43,4% demora mais de seis horas para retornar.

Participantes do curso

*A Rede Favela Sustentável, o Painel Unificador das Favelas e o RioOnWatch são iniciativas realizadas pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras (ComCat). O curso “Monitorando e Pesquisando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas” foi realizado de forma coletiva pelas seguintes organizações: Raízes em Movimento, ICICT e EPSJV (Fiocruz), Instituto Clima e Sociedade, CLASP, LabJaca, DataLabe, e Casa Fluminense.

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Conheça o Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’

O curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’ foi idealizado no âmbito das discussões do Painel Unificador das Favelas e da Rede Favela Sustentável, ambas iniciativas realizadas por uma rede de coletivos comunitários, ambas redes articuladas pela Comunidades Catalisadoras (ComCat).

Havendo percebido a importância existencial que teve às próprias favelas coletarem dados para incidência durante a pandemia, o curso foi construído com o objetivo de desmistificar o processo de coleta e compreensão de dados e garantir o controle na geração de dados elos próprios territórios, mirando a incidência política. O tema definido para o curso inaugural foi justiça hídrica e energética, pela natureza fundamental de ambos para o pleno desenvolvimento e inclusão das favelas.

'Pesquisando Justiça Hídrica e Energética nas Favelas'

O curso, realizado entre março e setembro de 2022,  contou com a participação de 30 jovens e 15 lideranças de comunidades do Grande Rio, e passou pelos seguintes módulos: (1) a importância de pesquisa por e nas favelas, (2) o que é justiça energética e hídrica em relação aos temas de acesso, qualidade e eficiência, (3) a definição dos indicadores de acordo com prioridades dos territórios, (4) a coleta de dados em campo, (5) a análise e compreensão de dados e identificação de dados-chave, (6) como incidir politicamente com os dados coletados, (7) como realizar a relatoria, tanto popular quanto técnica, e (8) como comunicar os dados para os devidos fins, de incidência política e conscientização popular.

Além da formação de jovens e lideranças comunitárias em coleta, análise e divulgação de dados e tópicos de justiça energética e hídrica aplicados às realidades locais, mostramos como através da implementação de uma metodologia de co-criação e co-gestão na montagem e aplicação do questionário, pesquisas realizadas por moradores podem ser mais robustas do que as realizadas por instituições externas. Seja pela maior abertura dos vizinhos e interesse nos resultados; pela capacidade de trazer contexto e vivência prática para os dados coletados, promovendo a maior compreensão do do “por quê?” atrás dos dados; ou pela vontade de fazer valer os resultados coletados na parte dos envolvidos, para reivindicar mudanças.

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