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O Esgoto Mais Limpo do Rio Está na Favela? Comunidade Sustentável Vale Encantado, no Alto da Boa Vista, Convida para a Inauguração do Biossistema para Tratamento de Esgoto e Painéis Solares [RELEASE]

Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]

Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]

O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência e incubadora de práticas sustentáveis. No dia 30 de abril, as famílias e aliados irão receber jornalistas e lideranças de comunidades do Grande Rio para uma coletiva de imprensa e o lançamento oficial da mais nova e maior conquista da comunidade até hoje: um biossistema que faz o tratamento completo do esgoto local, mantendo a floresta em torno limpa e protegendo a saúde dos moradores. O evento será realizado na cooperativa da comunidade, também beneficiada por recentes investimentos sustentáveis através da instalação de painéis solares.

Um Sonho Realizado Trinta Anos Após a Eco 92

A comunidade do Vale Encantado foi fundada no século XIX por trabalhadores nas plantações de café, antes da região ser reflorestada se tornando a Floresta da Tijuca, uma das maiores do mundo em perímetro urbano. Após 150 anos o Vale Encantado se encontrou isolado na floresta, sem poder mais ganhar a vida através da extração de recursos naturais do entorno. Hoje, de acordo com o último censo realizado pela Associação de Moradores, cerca de 100 pessoas compondo 40 famílias moram nas 27 casas da comunidade. 

A história do Vale Encantado vem migrando mais intencionalmente na direção da sustentabilidade há 30 anos, desde a Eco 92 quando a mudança das políticas ambientais da prefeitura impactou a geração de renda local, que antes vinha da mineração (e antes disso do café e floricultura). 

No início dos anos 2000, um dos moradores, Otávio Alves Barros, hoje presidente da Associação de Moradores e da cooperativa do Vale, com ajuda de parceiros, percebeu a necessidade e o potencial de se voltar para uma abordagem sustentável, com base no ecoturismo e culinária local vegetariana realizada pelas moradoras da comunidade aproveitando alimentos da floresta e das hortas caseiras. Aos poucos fez uso também de tecnologias verdes para poder realizar o desenvolvimento da comunidade e combater ameaças de remoção. Sempre atraindo parceiros, Otávio realizou projetos de energia solar para aquecimento de água e um biodigestor para processar restos de comida que atendesse o restaurante da cooperativa, onde recebia os turistas e servia as delícias vegetarianas. Em seguida, a cozinha do restaurante usava o gás gerado pelo biodigestor para cozinhar.

Apesar destas vitórias, a maior contaminação da comunidade no ambiente continuava. Com dificuldades para atender muitas regiões do Rio, seria difícil imaginar a concessionária chegar um dia com saneamento básico neste local pequeno e isolado. E isso afetava a qualidade de vida e a geração de renda local.

“Atuando como guia de turismo, levava os turistas até uma cascata que tem aqui. Eles perguntavam se podiam tomar banho e eu dizia que não. Isso me motivou a procurar soluções.” — Otávio Alves Barros

Trabalhadores moradores da comunidade fazem manutenção no biossistema. Foto: Douglas Dobby

Biossistema: Uma Solução Acessível, Descentralizada e Sustentável para o Tratamento de Esgoto

Em 2015, o biossistema de saneamento ecológico do Vale Encantado começou a ser desenvolvido através de uma nova parceria, desta vez com pesquisadores da PUC-Rio que ganharam um edital da FAPERJ para a construção de um biodigestor de porte e tamanho apropriado e dimensionado para tratar o esgoto de todas as casas do Vale Encantado, porém neste primeiro instante completando a conexão apenas das cinco primeiras casas

Em 2021 a Rede Favela Sustentável* (RFS), através da organização gestora Comunidades Catalisadoras (ComCat), e o Instituto Ambiente em Movimento, através da ONG Alemã Viva Con Agua, atraíram os recursos faltantes para realizar a conclusão do sistema conectando todas as casas à rede completa de saneamento. Através desses apoios e com a parceria técnica da Taboa Engenharia, que também participou da construção do biossistema e do biodigestor do restaurante, todas as 27 edificações do Vale Encantado terão tratamento completo e ecológico de esgoto, feito dentro da própria comunidade, a partir de 30 abril de 2022.

A parte final da obra começou a ser feita em outubro de 2021 através do mapeamento do local, visitas às casas e conversas com moradores para dialogar sobre o projeto. Após essa etapa, todos os trabalhadores, moradores da própria comunidade, que atuariam como assistentes de obra participaram de uma capacitação em instalações hidrossanitárias pelos engenheiros da Taboa Engenharia. Em janeiro foi iniciada a obra. Foram feitas, pelos moradores, as instalações das tubulações ligando as 27 casas ao biossistema, e também reparos no biodigestor e na zona de raízes—tecnologia de pós-tratamento que desempenha importante função na etapa seguinte à biodigestão.

“Meu sonho é que aqui possa ser um dia um ponto turístico para gerar renda para as famílias que são mais vulneráveis.” — Otávio Alves Barros

A canalização e o tratamento do esgoto são os principais ganhos que o biossistema de esgoto gera para o Vale Encantado. Boa parte do esgoto era jogado no córrego que corta a comunidade, causando mau cheiro, maior incidência de ratos e baratas, além da contaminação das nascentes da região. Mas além do tratamento, o sistema vem gerando oportunidades para os moradores.

“Aumentou bastante a visitação querendo conhecer a comunidade que faz o tratamento de esgoto. Então, com isso, conseguimos ter passeios turísticos. Tem toda uma geração de renda com base no sistema de tratamento de esgoto.” — Leonardo Adler

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LIVE ‘Controle Social das Águas, Saneamento e Privatização: RFS Discute o Encontro das Águas’

LIVE Controle Social das Águas, Saneamento e Privatização: RFS Discute o Encontro das Águas

01 de julho de 2021

A água tem sido assunto de grande atenção e debate, seja pela sua função essencial de prevenção à Covid-19, seja pela crise hídrica vivida pelo Rio de Janeiro, ou pelo debate em torno da privatização da CEDAE e do Marco Legal do Saneamento Básico. Apesar de essencial à vida, a água ainda é uma questão de luta em diversas favelas, comunidades e bairros do Rio de Janeiro.

Para debater e dialogar sobre o encontro das águas, a Rede Favela Sustentável convidou lideranças de favelas, representantes políticos, comitês de bacias, organizações da sociedade civil, universidades e pesquisadores para a LIVE: "Controle Social das Águas, Saneamento e Privatização: Rede Favela Sustentável Discute o Encontro das Águas".

O evento online ocorreu na quarta-feira, 30 de junho, das 18h às 20h no Zoom, inaugurando o formato de "aquário" nos eventos da RFS, que possibilita a participação intensa do público, contando com a participação crítica de lideranças de favelas e periferias como: Guaratiba, Maré, Pica-Pau, Rocinha, Trapicheiros, Vale Encantado, Vigário Geral, e Vila Kennedy, entre muitas outras. Contamos também com o Alexandre Pessoa (Fiocruz) como "ouriço" para estimular e informar o debate.

A Live foi idealizada pelo Grupo de Trabalho de Água e Esgoto e organizada pela Frente de Políticas Públicas Participativas da Rede Favela Sustentável.

LIVE Controle Social das Águas, Saneamento e Privatização: RFS Discute o Encontro das Águas

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LIVE 'Favelas, Memórias e Pandemia: Um Guia das Nossas Vivências'

20 de maio de 2021

Muito já se perdeu das memórias e histórias de comunidades, favelas, guetos e periferias. O Brasil não teve o cuidado e a atenção devida em preservar na íntegra a memória dos povos originários, dos negros e da população pobre, que sempre colaboraram na construção e no desenvolvimento desse país. Em um momento onde as histórias das favelas estão sendo apagadas pelas perdas causadas pela Covid-19, enquanto o Estado também promove violência policial, ameaças de remoção, etc., o Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável se apresenta como uma forma de mostrar as riquezas de saberes desenvolvidos ao longo dos anos por projetos que valorizam a memória das favelas, quilombos e periferias fluminenses, formados com o intuito de dar visibilidade às suas causas e lutas diárias, muitas vezes recebendo apoio de profissionais de várias áreas, possibilitando assim o fortalecimento e a união de tais coletivos.

Neste Dia Internacional dos Museus, o GT Memória e Cultura da Rede Favela Sustentável te convida para: 1. Apresentação do Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável 2. Tour virtual em museus que fazem parte do Guia 3.

Debate sobre a memória na pandemia Contaremos com a participação de lideranças comunitárias e aliados que trabalham a preservação da memória em favelas:

- Maria da Penha, Museu das Remoções (Vila Autódromo)
- Museu da Maré/CEASM (Maré)
- Emerson de Sousa, Museu do Horto
- Adilson Batista de Almeida, Quilombo do Camorim Moderação por Luiza Andrade e Bia Carvalho.

A Live e o Guia são organizados pelo Grupo de Trabalho de Memória e Cultura da Rede Favela Sustentável.

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Lançamento do Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável

Lançamento do Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável

07 de novembro de 2020

No terceiro Grande Encontro anual da Rede Favela Sustentável (RFS)*, o Grupo de Trabalho de Memória e Cultura lançou um roteiro único para a riqueza cultural das favelas, periferias e quilombos da cidade: O Guia de Museus e Memórias da Rede Favela Sustentável. O Guia destaca histórias que foram forçosamente reprimidas e é uma referência para quem deseja se afastar da museologia conservadora e suas evocações unidimensionais do passado, ou visões superficiais e estigmatizantes das favelas.

“Esse Guia nos dá visibilidade, quando a gente é geralmente marginalizado. Mostra os saberes da favela para os outros. É importante que cada favelado conte a sua própria história”, disse Maria da Penha, do Museu das Remoções da Vila Autódromo, que também escreveu o prefácio do Guia, onde se lê: “Muito já se perdeu das memórias e histórias de comunidades, favelas, guetos e periferias. O Brasil não teve o cuidado e a atenção devida em preservar na íntegra a memória dos povos originários, dos negros e da população pobre, que sempre colaboraram na construção e no desenvolvimento desse país”.

Além da introdução de Maria da Penha, o Guia inclui reflexões escritas coletivamente pelo GT de Memória e Cultura da RFS, sobre temas como: “Porque a existência de Museus de Favela” e “Como museus comunitários geram pertencimento e identidade?” No centro do Guia está contido o mapa das iniciativas de preservação da memória, que também pode ser acessado no Google Maps aqui. Por fim, no Guia, cada iniciativa tem um espaço próprio, que contém uma breve introdução do museu/iniciativa, informações de contato, o endereço e o ano em que a iniciativa foi fundada. Devido à natureza histórica do Guia, as iniciativas são organizadas em ordem cronológica, por ano de fundação.

Um esforço de pesquisa de um ano, que começou como uma discussão dentro do GT, identificou 26 museus comunitários, centros de pesquisa, galerias de arte e locais históricos na Grande Rio que vão desde quilombos fundados há séculos até um museu móvel inaugurado em 2019, e incluem, mas não se limitam a, projetos que participam da RFS. Enquanto algumas das iniciativas contam com locais físicos, outras assumem a forma de tours ou desfiles de carnaval. O que os projetos têm em comum, segundo os textos elaborados conjuntamente pelo Guia, é que eles visam que “e todos tenham acesso ao entretenimento e a educação proporcionados pelos museus físicos”, e contam a história de uma perspectiva local, “deixando claro que não aceitaremos que nos seja imposta uma história e uma memória que não são nossas”.

Assista ao Lançamento do Guia :

Falas por:

José Renato Pimenta - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH)
Luiz Antonio de Oliveira - Museu da Maré
Emília Maria de Souza - Museu do Horto
Francisco Valdean - Museu da Imagem Itinerante da Maré (MIIM)
Maria da Penha - Museu das Remoções
Tereza Onã - Núcleo de Memória e Identidade da Maré (NUMIM)

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LIVE ‘Diálogo Favela e Academia: Caminhos Necessários para Educação Ambiental’

15 de outubro de 2020

As favelas são territórios resultantes de uma série de questões complexas dentre elas a abolição da escravidão e a inexistência histórica de políticas públicas territoriais para africanos em diáspora. Como respostas para um sistema estruturalmente racista, as favelas tiveram que criar seu próprio modo de sobreviver às crises. Dentre suas diversas potências há o saber da favela, que surge como um saber legítimo, necessário e urgente pela sua ação e solução de problemas de um mundo real e complexo que são as favelas.

Apesar de legítimo, nem sempre este saber é respeitado ou está presente onde se discutem as soluções urbanas e na construção do pensamento científico, ou seja, na ciência e nos espaços acadêmicos. Para muitos dos problemas enfrentados nas cidades, inclusive nas favelas, busca-se no campo científico as soluções verdadeiras e eficientes e ignora-se o saber da favela. Em outros momentos, este saber é apropriado por acadêmicos que se beneficiam enquanto moradores que o desenvolvem continuam marginalizados pela sociedade. Questões estruturais dificultam a relação universidade-favela, seja porque o perfil colonizador é replicado nessa troca ou porque a estrutura acadêmica desencoraja diálogos extramuros das universidades.

Nesta live procuramos compreender: Quais os fatores que separam as boas das más experiências nessa relação favelas-universidades? Como receber a universidade nas favelas? O que não queremos que aconteça nessa relação? E como ter uma relação favela-universidade de sucesso?

Assista esta aula pública com lideranças comunitárias e acadêmicos com uma proposta descolonizadora de diálogo entre o saber científico/acadêmico e o saber da favela, em prol da educação ambiental:
- Fransérgio Goulart, Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial e Espaço Pra Que e Pra Quem Servem as Pesquisas sobre Favelas?
- Daniel Fonseca, LAPEAr / UNIRIO - Camila Reis, LAPEAr / UNIRIO
- Gildete Barros, Escola Jornalista Brito Broca (Formiga)
- Iara Oliveira, Alfazendo (Cidade de Deus)
- Cris dos Prazeres, ReciclAção (Prazeres)
- Verônica Parente, Projeto Escola Verde (Cidade Alta)
- Alan Brum, Raízes em Movimento/Projeto CEPEDOCA (Alemão)

Mediação: Iamê da Silva de Sá, Laboratório de Ecologia Vegetal UFRJ e integrante do GT de Educação Ambiental da Rede Favela Sustentável Este evento fez parte do Circuito Urbano 2020 da ONU Habitat, que este ano teve como tema “Cidades Pós-COVID-19: Diálogos entre o Brasil e a África Lusófona”.

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