Justiça Hídrica na Rocinha: Falta D’Água Crônica como Bandeira da População

Esta é a primeira matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.

Caixas d’água nas lajes das casas na Rocinha. Foto: Karen Fontoura

Parte da paisagem, a caixa d’água é peça fundamental na estrutura de qualquer casa ou edifício do Rio de Janeiro, representando a dura realidade frequente da falta d’água na cidade. Assim como outros territórios de favela, a maior favela da cidade, a Rocinha, na Zona Sul, enfrenta há décadas dificuldades ainda maiores com relação à água, em todas as localidades da favela, uma luta antiga na vida de seus moradores.

As divergências dos dados históricos em relação ao número de habitantes de fato na comunidade sempre interferiu na criação de políticas públicas capazes de promover a qualidade de vida dos moradores. Por exemplo, a quantidade de água disponível nos reservatórios atualmente, com base nos dados do IBGE de 2010, já na época insuficientes, de 70.000 moradores, daria a cada morador, em média, 31,5 litros diários. Se considerado o dado populacional de 122.000 habitantes do programa Comunidade Cidade, o consumo atual cai para apenas 18 litros por morador.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de entre 50 e 100 litros de água por dia para suas necessidades básicas de consumo e higiene. A quantidade insuficiente disponível para os moradores da Rocinha evidencia a negligência do Estado em garantir o recurso mais básico, a água, para os moradores da maior favela da cidade.

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