Os Contrastes Gritam na Baixada Fluminense: Os Caminhos do Rio Dona Eugênia e a Favela da Coreia, na Cidade de Mesquita
Represa Epaminondas Ramos do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O Parque possui dois acessos, pelo Caonze, em Nova Iguaçu ou pela Coreia, em Mesquita. Foto: Flávio Bravim
Esta é a terceira matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.
Represa Epaminondas Ramos do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O Parque possui dois acessos, pelo Caonze, em Nova Iguaçu ou pela Coreia, em Mesquita. Foto: Flávio Bravim
A Favela da Coreia, localizada na cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense, é uma das maiores da região. Ela faz divisa com vários bairros da cidade e com o município vizinho de Nova Iguaçu. Uma área de grande densidade populacional e urbana, mas de imensa riqueza natural, com florestas e rios.
Parte inseparável da história e da paisagem da Favela da Coreia, o Rio Dona Eugênia corta o território e marca a vida dos moradores. Ele já foi utilizado pela população local para brincadeiras, afazeres domésticos, como lavar roupa, cozinhar e lavar a louça e, até mesmo, para beber. No entanto, com o passar dos anos, a negligência do Estado em implementar políticas de moradia, esgotamento e coleta de resíduos sólidos está matando trechos inteiros deste rio, o que já está impactando a vida dos moradores da Coreia.
Em Terceira Maior Favela do Brasil, Rio das Pedras, Oscilações da Maré e Mudanças Climáticas Aumentam Alagamentos de Esgoto
Aos pés do Maciço da Tijuca, a paisagem da localidade do Areal 1, em Rio das Pedras. Foto: Matheus Edson Rodrigues
Esta é a segunda matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.
Aos pés do Maciço da Tijuca, a paisagem da localidade do Areal 1, em Rio das Pedras. Foto: Matheus Edson Rodrigues
Rio das Pedras está localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros de Jacarepaguá e Itanhangá, em uma área geográfica na cidade que é suscetível a inundações, tendo como delimitação, ao norte, o Maciço da Tijuca e, ao sul, a Lagoa da Tijuca. É possível identificar, no Mapa de Suscetibilidade a Inundações na Favela de Rio das Pedras, que a favela se expandiu rapidamente, se espraiando para extensas áreas da região da Baixada de Jacarepaguá, mais especificamente da Bacia do Rio das Pedras. Ao chegarem às margens do Rio das Pedras, os novos moradores, sobretudo migrantes que vieram trabalhar na Barra da Tijuca, construíram suas casas de maneiras diversas para atender suas necessidades. A favela cresceu muito e rapidamente, tanto de maneira vertical, quanto horizontal, tanto a montante, quanto a jusante do rio principal. Esse padrão de urbanização ocasionou diferentes problemas, além de potencializar o risco de enchentes.
Rio das Pedras sofreu diferentes mudanças espaciais durante sua urbanização que, somadas ao avançar das mudanças climáticas, tornam alguns eventos ambientais mais frequentes e destrutivos. As oscilações da maré têm atingido níveis mais altos do que antes. Além disso, essa água insalubre inunda áreas impermeabilizadas por asfalto e cimento, impossibilitando o escoamento e infiltração no solo. Sendo assim, esses locais também ficam alagados por mais tempo do que antes.
Justiça Hídrica na Rocinha: Falta D’Água Crônica como Bandeira da População
Caixas d’água nas lajes das casas na Rocinha. Foto: Karen Fontoura
Esta é a primeira matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.
Caixas d’água nas lajes das casas na Rocinha. Foto: Karen Fontoura
Parte da paisagem, a caixa d’água é peça fundamental na estrutura de qualquer casa ou edifício do Rio de Janeiro, representando a dura realidade frequente da falta d’água na cidade. Assim como outros territórios de favela, a maior favela da cidade, a Rocinha, na Zona Sul, enfrenta há décadas dificuldades ainda maiores com relação à água, em todas as localidades da favela, uma luta antiga na vida de seus moradores.
As divergências dos dados históricos em relação ao número de habitantes de fato na comunidade sempre interferiu na criação de políticas públicas capazes de promover a qualidade de vida dos moradores. Por exemplo, a quantidade de água disponível nos reservatórios atualmente, com base nos dados do IBGE de 2010, já na época insuficientes, de 70.000 moradores, daria a cada morador, em média, 31,5 litros diários. Se considerado o dado populacional de 122.000 habitantes do programa Comunidade Cidade, o consumo atual cai para apenas 18 litros por morador.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de entre 50 e 100 litros de água por dia para suas necessidades básicas de consumo e higiene. A quantidade insuficiente disponível para os moradores da Rocinha evidencia a negligência do Estado em garantir o recurso mais básico, a água, para os moradores da maior favela da cidade.
RELEASE—CONVITE PARA COLETIVA E LANÇAMENTO
ENERGIA SOLAR CHEGA ÀS FAVELAS DE CAXIAS: MULHERES DE ATITUDE CONVIDAM PARA A INAUGURAÇÃO DO SISTEMA DE PAINÉIS SOLARES NA COMUNIDADE DIQUE DA VILA ALZIRA
1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável Amplia Saberes e Tece Sustentabilidade Entre Favelas, Quilombos e Aldeias [VÍDEO]
No dia 6 de junho de 2023, 155 mobilizadores comunitários e aliados de 12 estados brasileiros—Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo—se reuniram online para participar do 1° Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias, com mobilizadores e moradores que, em homenagem à semana mundial do meio ambiente, se uniram para pautar a sustentabilidade pelas suas próprias vozes e vivências.
▶ Veja o vídeo: bit.ly/IntercambioNacionalRFSYouTube
🔗 Leia a matéria completa: bit.ly/IntercambioNacionalRFS2023ROW
Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: Rede Favela Sustentável Lança Dados de Jacutinga, Coreia e Cosmorama [Matéria]
No Dia Mundial da Água, 22 de março, a Rede Favela Sustentável, Painel Unificador das Favelas, Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária em Mesquita, Associação de Mulheres de Edson Passos - AMEPA e Associação Centro Social Fusão, realizaram o lançamento do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga“. O evento contou com um público aproximado de 100 pessoas e transmissão ao vivo no site da Prefeitura Municipal de Mesquita.
Estiveram presentes moradores das comunidades pesquisadas, a Coreia, Cosmorama e Jacutinga, e também a maior favela de Mesquita: Chatuba. O evento contou com representantes da Defesa Civil, Instituto de Defesa do Consumidor de Mesquita (Procon), Centro de Referência de Assistência Social de Mesquita (CRAS), Secretaria Municipal de Saúde de Mesquita (SEMUS), e organizações sociais e religiosas, entre elas a Casa Fluminense e a Igreja Batista da Chatuba. O evento aconteceu no auditório da Prefeitura Municipal de Mesquita.
Os organizadores do lançamento construíram e participaram do curso, em 2022, “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, resultando na pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.
Gisele Moura, coordenadora da Rede Favela Sustentável, abriu o evento contando um pouco sobre a RFS e a programação do dia. Ela compartilha que:
“A Rede Favela Sustentável é uma rede articulada de lideranças comunitárias, moradores de favelas e aliados técnicos que atuam em prol da resiliência socioambiental das favelas do Rio de Janeiro. A Rede Favela Sustentável durante a pandemia entendeu a necessidade de se levantar dados, monitorar dados sobre a [Covid-19 na] favela. Então surgiu uma conversa coletiva, lideranças comunitárias que [construíram o que se tornaria o] Painel Unificador. [Mais tarde, levantaram] quais eram [outros] dados de grande importância para [serem coletados] nas suas comunidades e água e luz… [foram entre as] informações mais importantes… A ideia do Painel Unificador das Favelas… [é que] comunidades poderem levantar e serem agentes desses dados.”
Por que Água e Luz? Qual a Relação?
No relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga”, Amanda O’Hara, do Instituto Clima e Sociedade, afirma que “a energia e água são dois recursos intrinsecamente dependentes. Especialmente no Brasil e, especialmente, em comunidades de baixa renda”. Ela ressalta que, com a crise hídrica em 2021, os brasileiros tiveram que lidar com um salto nas contas de luz, além da falta de chuvas que reduz o nível de água nas barragens, “diminuindo a disponibilidade de água nas usinas hidrelétricas para gerar eletricidade.”
Além da falta d’água, o relatório registrou problemas graves de qualidade da água, os constantes alagamentos, vazamentos e descaso da concessionária quanto a uma assistência de qualidade. De igual modo, o valor elevado da conta de luz gera uma consequência direta na alimentação e qualidade de vida das famílias, que também sofrem com descaso e apagões. Os dados demonstraram, também, que quando falta água, ela demora para voltar.
Os jovens Luiz Miguel Ribeiro e Matheus Botelho, integrantes do NESPES, moradores da Coreia e os pesquisadores responsáveis pela coleta de dados no território, abriram a apresentação dos dados, lançando perguntas para a plateia sobre suas realidades com a falta d’água e luz, o que impulsionou relatos e manifestações dos presentes. Os dados apresentados contemplavam perfis demográficos, acesso a água, qualidade da água, eficiência da água, acesso de luz, qualidade da luz e eficiência da luz.
“Em cada comunidade, entrevistou-se por volta de 75 pessoas, então, nossa pesquisa não reflete a comunidade como um todo. Ela busca dar uma ideia da situação e agregar as demais comunidades e mostra um panorama da nossa região metropolitana. A grande maioria dos entrevistados… foram mulheres… e a maioria dos entrevistados [se autodeclararam] negros, que para o IBGE são pretos e pardos, [mostrando] que a maioria dos afetados pelos dados… é negra.” — Matheus Botelho
Ao perguntarem para a plateia sobre a qualidade da água, Sabrina Moreira, moradora da Coreia, comentou que “a água tem lodo, cor amarelada, quando acaba a água, ela volta cheia de barro”.
Outros dois jovens participantes da pesquisa compartilharam a experiência com o levantamento de dados. Matheus Edson, de Rio das Pedras, falou sobre problemas, que não devem ser normalizados, relacionados a água, energia, injustiça social e ambiental. Janyne Lima, de Itacolomi, Ilha do Governador, explicou como foi o trabalho em campo, e as escutas a partir dele, como relatos de pessoas que tiveram que comprar o próprio poste de luz e outras sem água encanada em casa ou que não possuem reservatório de água.
Muitos moradores da favela da Chatuba compartilharam os mesmos problemas de contas altíssimas de luz e da falta d’água. O morador Maurílio Costa compartilhou meios de economizar:
“Eu acho um absurdo cobrar trezentos e sessenta e seis reais de água numa comunidade que… quando cai água, [por exemplo] hoje é quarta-feira, dia de cair água, aí o que eu faço? Encho a cisterna e fecho o hidrômetro. Na quarta-feira seguinte eu não pego água, porque já tenho na cisterna.”
Zeca Pereira, morador da Chatuba, relatou: “desde que a Águas do Rio assumiu, nós temos um problema que já tínhamos com a CEDAE e dobrou”. Luiz Simplicio comentou sobre o seu Ivan, morador da Chatuba, ficar 24 horas com sua bomba ligada abastecendo a comunidade, de forma voluntária, pois a Águas do Rio foi lá e ignorou os problemas relatados pelos moradores.
As lideranças comunitárias Tânia Alexandre da Silva, coordenadora do AMEPA, Ana Leila Gonçalves, coordenadora do Centro Social Fusão e Laurinda Soares, coordenadora do NESPES, compartilharam sobre o protagonismo da juventude, convocaram os moradores a se engajarem mais, comentaram sobre a continuidade das ações que foram iniciadas, além de trazerem propostas de articulações e integração do poder público com os profissionais de dentro das favelas.
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Assista ao Vídeo Aqui.
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Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: RFS Lança Dados de Jacutinga/Coréia/Cosmorama [Vídeo]
Este vídeo traz a apresentação de dados de água e luz, coletados a partir da pesquisa realizada por lideranças e jovens mobilizadores das comunidades Coréia, Cosmorama e Jacutinga em Mesquita, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 22 de março de 2023 e contemplou o lançamento do relatório "Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita", com os dados resultantes da pesquisa nas comunidades.
Por ter sido uma atuação colaborativa com a juventude, os próprios jovens que percorreram suas comunidades, dialogando com vizinhos e coletando dados valiosos, apresentaram os dados locais, seguidos pelas lideranças comunitárias, que trouxeram propostas e articulações surgidas a partir da pesquisa. Com público aproximado de 100 participantes, entre moradores de comunidades de Mesquita, gestores públicos locais e especialistas nos temas de água e luz, a apresentação aconteceu no auditório da Prefeitura de Mesquita, resultando em um diálogo potente sobre as questões de acesso, qualidade e eficiência da água e luz que chegam nas casas e ruas das comunidades.
O evento foi organizado pela Associação de Mulheres de Edson Passos (AMEPA/Cosmorama), Centro Social Fusão (Jacutinga) e Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária (NESPES/Coréia), que são integrantes do Painel Unificador de Favelas e da Rede Favela Sustentável e participaram do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, com pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.
Leia a matéria: https://bit.ly/LancamentoRFSMesquitaROW
1o Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável (Português)
No dia 06 de junho aconteceu o primeiro Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável, com a presença de 155 pessoas, de 23 estados e 09 países, no Zoom. Contamos com mobilizadores de seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—além da grande rede de mobilizadores comunitários das favelas do Grande Rio trocando sob o tema: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias.
Veja quem foram os convidados especiais, suas comunidades e projetos:
Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO
Ben Hur Flores — Projeto Anjos e Querubins –– Pelotas, RS
Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA
'Lia Esperança' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança, São Paulo, SP
Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata, Ilha do Marajó, PA
'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania – Ilhéus, BA
'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ
O evento contou com uma roda de apresentações dos sete convidados, uma roda de debates a partir de quatro eixos: 1) Justiça Climática, 2) Moradia Sustentável, 3) Soberania Alimentar e 4) Educação Socioambiental e uma roda cultural, que finalizou o encontro.
A fim de democratizar o evento, contamos com interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol.
Assista ao Documentário do Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’, Que Mobilizou Milhares de Pessoas e Dados sobre 15 Favelas do Grande Rio [VÍDEO]
A ausência de dados sobre a realidade das favelas funciona como uma engrenagem de um ciclo vicioso, no qual não se quantifica o problema ou sua extensão e, consequentemente, não são desenvolvidas as ferramentas adequadas para resolvê-lo.
A importância da geração de dados por e para as favelas é para romper esse ciclo, produzindo dados a partir das favelas para mensurar aquilo que as comunidades entendem como seus desafios e, a partir desse diagnóstico, propor ao poder público soluções adequadas às suas realidades.
As mais de 50 aulas foram realizadas duas vezes por semana, ministradas de forma online por aliados técnicos da RFS e sua equipe de gestão, e contando também com quatro encontros presenciais de dia todo. A estrutura do curso passou por todos os passos de planejamento, execução e incidência política de uma pesquisa, construindo os indicadores de forma coletiva, pelas organizações participantes.
🔗 Acesse o portal RioOnWatch e leia a matéria completa: bit.ly/44uAsjI
Quando Memórias Se Encontram: Rede Favela Sustentável Lança Exposição ‘Memória Climática das Favelas’
Todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias
No sábado, 17 de junho, o Museu das Remoções na Vila Autódromo, na Zona Oeste, acolheu o lançamento da exposição Memória Climática das Favelas organizada por museus integrantes da Rede Favela Sustentável. O evento foi uma grande culminância das rodas de memória realizadas, em cinco museus comunitários, no início do ano.
Click final com todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias
Entre eles estavam o Museu da Maré, Museu Sankofa Rocinha - Memória e História na Rocinha, NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e o Núcleo de Memórias do Vidigal. O volume de narrativas de memórias climáticas das favelas, na voz de seus moradores, deu origem à exposição.
Confira abaixo as matérias das cinco rodas de memória climática das favelas que já aconteceram:
1ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu da Maré: ‘A Palafita [foi] uma Estratégia de Sobrevivência, Um Saber’: https://bit.ly/MCnaMareNoROW
2ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu Sankofa, Rocinha: ‘Quando o Coletivo Resolve Lutar Junto, o Coletivo Vence’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnaRocinhaNoROW
3ª Roda de Memória Climática das Favelas do NOPH em Antares, Santa Cruz: ‘Não Era Para Ninguém Ficar Aqui, Foi Passando 40 Anos, Não Tomaram Providência’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCemAntaresNoROW
4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoPPGNoROW
5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoVidigalNoROW
5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]
Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.
Leia a matéria da emocionante roda realizada pelo Núcleo de Memórias do Vidigal, na Zona Sul do Rio, onde os riscos climáticos mesclam com especulação imobiliária e uma história deturpada de remoções, sob um território muito amado e querido pelos seus moradores.
Participantes da Roda de Memória Climática, no Vidigal. Foto: Alexandre Cerqueira
“Cheguei em 1959. A comunidade aqui era uma mata. A gente respirava um ar puro, da montanha. O tempo foi passando, as pessoas precisam de casa. Da minha janela eu vejo. O que era mato mato mato virou casas. O povo teve que morar! As pessoas precisam morar! Meus filhos vão morar onde? No Leblon não pode. Então, tem que ser aqui. Tiro mais uma árvore. Menos uma árvore. Menos um ar puro para respirar.” — Armando Almeida Lima
As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.
4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]
Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.
Leia a matéria da reveladora roda realizada pelo Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo na Zona Sul do Rio, onde o impacto do lixo, junto dos eventos climáticos cada vez mais intensos, é a preocupação que reina.
Colaboradores e educadores sociais integram a Roda de Memória Climática no PPG. Foto: Alexandre Cerqueira
“Não foi exatamente a caixa d’água que desabou (em 1983). Foi o lixo. O pessoal fez uma montanha de lixo lá em cima [já que não havia serviço de coleta pública] e ela desabou… No mesmo lugar, repetiram essa montanha e ela caiu de novo. Essa montanha, que não tinha que tá lá, foi levada pela chuva forte… [a enxurrada] levou uma pedrona no caminho, e essa pedra bateu na caixa d’água, que se movimentou um pouco, e fez com que as caixas abaixo dela descessem também.” — Márcia Souza
“Todo dia eu faço a minha realidade acontecer. Sábado, domingo, feriado. É todo dia o trabalho. Tenho vergonha de ver um turista aqui e ter lixo e cocô no chão, esgoto aberto, esgoto vazando, rato de dia e de noite… O poder público sobe as favelas do Rio, mas porque não resolve? Estamos discutindo esse tema com pessoas aqui de 70 anos, 85 anos. E não sei por quantos anos lá na frente vai ter gente falando. E o poder público nada faz." — Nivaldo Moura
As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.
3ª Roda de Memória Climática das Favelas do NOPH em Antares, Santa Cruz: ‘Não Era Para Ninguém Ficar Aqui, Foi Passando 40 Anos, Não Tomaram Providência’ [IMAGENS]
Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.
Leia a matéria da emocionante roda realizada pelo NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz na comunidade de Antares, em Santa Cruz, uma comunidade que nasceu de remoções relatadas nas rodas anteriores, e que foi inicialmente contemplada como moradia provisória, de triagem. Porém, fica em uma bacia que historicamente, sempre, alagava. O que não vem melhorando com as mudanças climáticas.
Participantes e realizadores da 3ª Roda de Memória Climática, em Antares. Foto: Alexandre Cerqueira
“Sofri muito neste local aqui. Perdi tudo na minha casa, teve enchente. Não tinha água, não tinha luz… mas eu amo muito Antares.” — Leny Martins
“Sofri várias enchentes, perdi tudo. Mas, tô aqui de pé, na luta aqui de novo. Guerreiro não morre… guerreiro vive!” — Vera Lucia Rodrigues
As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.
2ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu Sankofa, Rocinha: ‘Quando o Coletivo Resolve Lutar Junto, o Coletivo Vence’ [IMAGENS]
Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição. Esta segunda matéria apresenta a roda imperdível realizada pelo Museu Sankofa Rocinha - Memória e História, contando com parceiros do A Rocinha Resiste, Rocinha Sem Fronteiras, Jornal Fala Roça, entre outros.
Participantes da 2ª Roda de Memória Climática, na Rocinha.
“Isso aqui que estamos fazendo é uma troca de saberes. As disputas políticas internas existem. Vão existir sempre. [Mas] quando o coletivo resolve lutar junto, o coletivo vence. Nós paramos a remoção da Rocinha. Conquistamos a saúde. Com uma luta coletiva, conseguimos o CIEP, o metrô. Fizemos praticamente uma luta de classes. Foi dedo na cara dos bacanas… A Rocinha tem saberes coletivos.” — Antonio Xaolin
As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.
1ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu da Maré: ‘A Palafita [foi] uma Estratégia de Sobrevivência, Um Saber’
Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.
Leia a matéria da primeira roda, realizada pelo Museu da Maré, em janeiro, com a participação de 57 pessoas, entre os mais antigos do Complexo da Maré, até os mais jovens, alguns deles representantes de importantes coletivos mareenses, como o Ceasm Mare, Cocozap Maré, Muda Maré e Raízes da Mata, entre outros.
Participantes da 1ª Roda de Memória Climática, no Complexo da Maré. Foto: Alexandre Cerqueira
As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.
Exposição de Memória Climática das Favelas
Sábado, 17 de junho, das 9h às 17h na Vila Autódromo/Museu das Remoções.
Participe do tão esperado lançamento da Exposição de Memória Climática das Favelas!. Uma atividade imperdível da Rede Favela Sustentável!
Circuito expositivo de dia inteiro, na Vila Autódromo/Museu das Remoções, este sábado, 17 de junho, das 9h às 17h. Todo o conteúdo exposto tem como fonte os depoimentos de moradores, realizados durante cinco dias de rodas de conversa sobre o tema na Maré, Rocinha, Antares, Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e Vidigal, entre janeiro e março deste ano.
O evento contará com:
Banners de apresentação das rodas de memória em cada museu;
Exibição de vídeos que documentam as reflexões dos moradores sobre mudanças climáticas, a relação de suas comunidades com a natureza, como tudo isso dialoga com o direito à moradia e soluções encontradas pelos moradores para estes desafios;
Uma extensa linha do tempo com acontecimentos marcantes mencionados nas rodas, da história das favelas;
Poço das memórias dos territórios;
Mapa interativo com experiência cartográfica afetiva e
Esquete teatral e roda de conversa.
O projeto vem sendo desenvolvido pela RFS desde 2020, e a pesquisa em rodas e exposição vêm sendo planejadas desde o ano passado. Neste ano, o Museu da Maré, Museu Sankofa/Rocinha, Núcleo de Orientação e Pesquisa de Santa Cruz, Museu de Favela/PPG e Núcleo de Memórias do Vidigal organizaram lindas e importantes rodas de conversa e elaboração da exposição. Agora é hora de se integrar a este rico trabalho, conhecer o resultado de todo esse processo e estarmos juntos presencialmente, para refletirmos sobre o repertório de vivências faveladas e celebrarmos conquistas, como a própria exposição.
Indique sua participação na exposição através do e-mail rede@favelasustentável.org.
Pedimos que chegue às 9h pois a programação dura o dia todo e se várias pessoas atrasam, afetará a programação para todos. Também pedimos que traga uma caneca reutilizável e talheres num estojo ou paninho. Pois será um grande evento e contamos com todos para gerarmos o mínimo de resíduos possível.
1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias
Participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!
Semana Mundial do Meio Ambiente 2023
É com muita felicidade que viemos convidar você para o 1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável sobre o tema Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias! Será uma troca de saberes e cultural com a participação de mobilizadores comunitários de todo o país dialogando sobre diversos temas. O encontro será online pela plataforma Zoom e será transmitido ao vivo no YouTube. Participe dessa incrível e potente troca!
Terça-feira, dia 06 de junho das 18h às 20h30 - Evento online no Zoom
Contaremos com a participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!
Nossos Convidados Especiais:
Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO
Líder do seu povo na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), é internacionalmente conhecido pela luta no enfrentamento aos posseiros, madeireiros e mineradoras nas terras de seus ancestrais. Na COP15 apresentou o premiado Carbono Suruí, primeiro projeto de redução de emissões por desmatamento proposto em Terras Indígenas no mundo. Popularmente conhecido como a liderança indígena mais empreendedora do Brasil, leva como bandeira direitos humanos e ambientais no debate sobre mudanças climáticas globais e as possibilidades para um desenvolvimento mais sustentável.
Ben Hur Flores – Projeto Anjos e Querubins – Pelotas, RS
Ator de formação e percussionista, tem 54 anos, é deficiente visual, fundador, coordenador e presidente da ONG Anjos e Querubins que realiza projetos de educação musical na comunidade do loteamento Getúlio Vargas em Pelotas (RS) e compõe a Orquestra Popular Afrobeat. Utilizando materiais alternativos como balde, lata e tampa de panela, criou uma identidade para a ONG e a conectou ao tema da sustentabilidade e dos resíduos sólidos, conquistando mais de 20 prêmios e o título de utilidade pública.
Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA
Mulher, preta, nascida e criada na periferia da Guine, em Pernambués, um dos bairros mais negros de Salvador, é ativista por mobilidade. Bacharel em Humanidade, pesquisou sobre a urbanização eugenista das cidades brasileiras. Criou o 'Preta, Vem de Bike', projeto voltado para ensinar mulheres pretas a pedalar. Co-fundadora e coordenadora da Afro Ciclo, rede de mobilização coletiva e projeto social de base comunitária que visa mobilidade sustentável, atua pela transformação social de comunidades segregadas no Recôncavo Baiano, debatendo o cicloativismo sob o recorte racial.
'Lia' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança — São Paulo, SP
Líder comunitária há mais de 12 anos, fundou em 2018 o Instituto que leva seu nome para educar os moradores da comunidade sobre o meio ambiente e como obter uma alimentação mais saudável. Baiana de Itaberaba, obteve o selo "Ligue os Pontos", em 2020, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SP para a horta comunitária existente no local. Membro do Comitê Mulheres do Brasil, é hoje uma liderança, referência em agricultura urbana, sendo convidada regularmente para palestras e seminários e entrevistas para jornais e revistas.
Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata — Ilha do Marajó, PA
Quilombola da Boca da Mata, quilombo na Ilha do Marajó (PA), é uma das idealizadoras do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia e militante da Rede Fulanas Herdeiras. Ativista, luta pela ampliação, valorização e visibilidade de mulheres negras nos espaços empreendedores através do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia, que desenvolve produtos e serviços ligados à sua história, buscando nos saberes ancestrais o seu bem viver. Faz parte também do Fórum Paraense de Economia Solidária.
'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania — Ilhéus, BA
Ogan e filho carnal da mãe-de-santo Mãe Ilza Mukalê, ambos do Terreiro de Matamba Tombenci Neto, um dos terreiros de nação Angola mais antigos da Bahia (em Ilhéus, de 1885). Foi um dos fundadores do Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e presidiu o Conselho das Entidades Afro Culturais de Ilhéus. Criou a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania e o Memorial Unzó Tombenci Neto, o primeiro de matriz africana do interior baiano, que integra o Circuito de Museus de Ilhéus.
'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ
Nascido e criado na comunidade caiçara Pouso de Cajaíba, na Reserva Ecológica da Juatinga, Paraty (RJ), é a quinta geração da família Xavier com 63 anos. É da associação de moradores, pescador, agricultor, permacultor, fundador do Ipeca (Instituto de Permacultura Caiçara), liderança no Fórum de Comunidade Tradicional Indígena, Quilombola e Caiçara (FCT) e pesquisador no Observatório de Território Sustentável Saudável da Bocaina (OTSS), que visa promover o desenvolvimento de estratégias sustentáveis, saúde e direitos para o bem viver de comunidades tradicionais em seus territórios.
Como será o evento:
⏳ SESSÃO 1, das 18h às 18h45 — Roda de apresentações — Cada convidado especial terá alguns minutos para apresentar a si e sua iniciativa e responder perguntas sobre suas iniciativas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável do Rio.
⏳ SESSÃO 2, das 18h50 às 19h35 — Roda de debates — Vamos debater o tema sustentabilidade com perguntas colocadas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável e os convidados especiais, a partir dos temas: 1) Justiça Climática; 2) Moradia Sustentável; 3) Soberania Alimentar; e 4) Educação Socioambiental.
⏳ SESSÃO 3, das 19h40 às 20h25 — Roda cultural — Momento aberto para trocas culturais, espaço expositivo artístico-sensitivo, com reflexões e provocações coletivas. Esse momento será norteado pelas seguintes perguntas: O que é sua comunidade/favela para você? Quais memórias do seu território todos precisam saber? Qual a maior potência do seu território? O que faz unir a sua comunidade?
O evento será em comemoração à Semana do Meio Ambiente,
terça-feira, dia 06 de junho das 18-20h30.
Divulgue o evento encaminhando essa página
e convidando seus contatos, amigos, estudantes e colegas a se inscreverem!
Primeiro Relatório ‘Eficiência Energética nas Favelas’ Expõe Detalhes Inéditos sobre Impacto da Ineficiência do Serviço e Uso de Luz sobre a Pobreza e Aprofundamento das Desigualdades
Os coletivos responsáveis pelo Painel Unificador Covid-19 nas Favelas e relatório 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação' lançam relatório específico analisando impactos da (in)eficiência energética em 15 comunidades fluminenses.
Em preparação para o Dia da Terra (22 de abril), a Rede Favela Sustentável (RFS) e Painel Unificador das Favelas (PUF)* lançam hoje um novo relatório bilingue, Eficiência Energética nas Favelas. No ano passado, foi realizado o curso e pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas', uma iniciativa da RFS, PUF e sete instituições parceiras.** A pesquisa ocorreu no mesmo ano em que o censo do IBGE foi realizado após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional. O curso e a pesquisa resultante dele contaram com 45 jovens e lideranças de 15 favelas do Grande Rio como pesquisadores-cidadãos, provando que a favela produz dados robustos, gerando inclusive uma visão mais completa do que conseguem muitos pesquisadores e empresas de fora dos territórios.
Após o aplaudido lançamento do relatório geral, fruto de sua pesquisa, 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação'—lançado em setembro de 2022 com cobertura na TV Globo, CNN, Agência Brasil, e Notícia Preta—os participantes voltaram sua atenção para análises mais profundas e detalhadas dos seus dados. Uma delas resultou neste novo relatório, lançado hoje.
Dados Inéditos sobre Eficiência Energética nas Favelas
Os dados apresentados no novo relatório Eficiência Energética nas Favelas refletem a realidade de 1.156 famílias (4.164 pessoas) em 15 favelas de cinco municípios do Grande Rio e apresentam especificamente a relação da energia com a pobreza e desigualdade social, mirando a eficiência tanto do serviço prestado quanto do seu uso. A riqueza das informações levantadas foi surpreendente até para os envolvidos. Kayo Moura, cientista social e estatístico em formação, integrante do laboratório de narrativas e dados do Jacarezinho, LabJaca, recém-citado como referência pelo The New York Times, foi responsável pela análise.
Ele explica: "A minha bagagem não é relacionada diretamente ao ambientalismo e à sustentabilidade, por isso entendia a eficiência energética como uma pauta que talvez não me pertencesse. O mais interessante [desta pesquisa]… foi entender que, quando a gente está falando do debate sobre eficiência energética nas favelas, nas periferias, no Sul Global, estamos falando de um debate sobre justiça, sobre acesso. Se tivesse que definir o relatório em um argumento seria: a ineficiência energética acaba funcionando como uma ferramenta de injustiça energética, sobretudo nas favelas do Brasil. Dentro da favela, a partir de famílias em sua maioria em condição de vulnerabilidade social, a ineficiência acaba afetando as famílias mais pobres dentre as mais pobres. São as que menos têm conhecimento sobre seus direitos, como a Tarifa Social de Energia Elétrica. São elas as que mais sofrem com a ineficiência do serviço, as que mais ficam sem luz e as que ficam mais tempo para que a luz retorne." A partir de um aprofundamento nos dados sobre pobreza energética e suas sequelas, sobre equipamentos ineficientes como default e sobre a prevalência de hábitos energeticamente eficientes entre os moradores de favela—o que vai contra os preconceitos da sociedade—além de outros elementos que vieram à tona durante as investigações, a pesquisa apresenta opções para que o poder público possa pensar em políticas públicas, a partir da eficiência energética, como, por exemplo, tornar a conta de luz mais acessível para as famílias socialmente mais vulneráveis, seja através de aparelhos eficientes ou de descontos.
Pobreza e Desigualdade Racial como Pano de Fundo
O relatório, Eficiência Energética nas Favelas, apresenta primeiro os dados dentro do seu contexto socioeconômico, realizando comparações voltadas à renda. Por exemplo, de 4.163 moradores representados nos dados, 15% vivem com até meio salário mínimo e 36,8% entre meio e um salário mínimo.
Então, pouco mais de 50% das pessoas refletidas na pesquisa ganham somente até um salário mínimo como renda familiar mensal. Relacionado a isso, mais da metade das famílias entrevistadas estão abaixo da linha da pobreza. Quando a análise tornou sua atenção à composição racial das faixas de renda, ficou evidente, entre as famílias participantes da pesquisa, uma relação inversa entre raça e renda. Mesmo se tratando de favelas, quanto mais alta a renda, menor foi a proporção de pessoas negras encontradas. O contexto geral da sociedade, de pessoas negras ocuparem as faixas de renda mais baixas, se reproduz também nesta amostra feita dentro de favelas.
Pobreza Energética e Suas Brutais Sequelas
Um conceito importante a ser incorporado no debate público sobre acesso aos serviços básicos no Brasil é o da pobreza energética, que se refere à conta de luz que representa mais de 10% da renda familiar mensal (o recomendado é que seja sempre menos que 6,8% da renda familiar). O novo relatório mostra que as famílias que ganham até meio salário mínimo são as que concentram o maior número de famílias em pobreza energética. Há uma linha de tendência: conforme aumenta a faixa de renda, diminui a proporção de famílias em pobreza energética. Enquanto isso, 69% dos respondentes afirmaram que, caso sua conta de luz fosse reduzida pela metade, utilizariam este dinheiro para comprar comida (ao invés de outras contas, medicamentos, educação, etc.). Quer dizer: a pobreza energética está diretamente ligada à insegurança alimentar dos entrevistados.
A pobreza energética também leva à necessidade de suprir a demanda por luz e tudo que ela garante (desde acionar bombas para se ter acesso à água, à capacidade de acessar informações e oportunidades de emprego através do celular) de outras formas. Como explica Kayo: "A abordagem que a gente teve sobre 'gatos' na pesquisa foi sob perspectiva que pensa o acesso e que não criminaliza. Os dados evidenciam o 'gato', às vezes, como o único mecanismo que a pessoa tem para acessar energia. As famílias mais pobres, que têm até meio salário mínimo, apresentam a maior proporção de 'gatos'. Conforme a renda vai 3 aumentando, a maioria das famílias afirma não ter 'gato'. Então, vemos como uma questão de acesso, de ter condição de pagar a conta de luz e não uma questão de desonestidade, de querer tirar vantagem."
Conquiste seu espaço
A consequência de depender do ”gato”, da conexão irregular, é a ineficiência do acesso ao serviço e seu reparo, reforçando mais ainda a pobreza da família que dele depende.
São as famílias com menor renda na pesquisa as que mais sofrem com a ineficiência no serviço. Kayo faz outro excelente resumo dos resultados: "Quem relatou sofrer todo dia com falta de luz está presente nas faixas de renda de até meio salário mínimo. Ao perguntarmos sobre episódios de falta de luz nos últimos três meses que tenham durado mais de 24 horas, isto fica evidente de novo. Conforme a gente aumenta a faixa de renda, aumenta o número de pessoas que declararam não ter sofrido com a falta de luz por mais de 24 horas nos últimos três meses. Temos também a realidade de que as pessoas socialmente mais vulneráveis, são as que menos têm uma relação de consumidor com a concessionária Light. A ineficiência no serviço novamente penaliza as pessoas mais pobres, que, por uma série de motivos, não conseguem contato com a concessionária para reivindicar questões que são direitos." O descaso, porém, acontece também com quem tem relógio medidor e deveria ter relação estreita com a Light, como descrito por um jovem pesquisador no caso de uma moradora em sua comunidade de Mesquita: "As concessionárias fazem tudo do jeito deles, na hora que elas querem. Teve até um caso de uma moça onde eles simplesmente chegaram e arrancaram o relógio dela e não deram nenhuma satisfação. E a conta continua chegando, mesmo sem ter um medidor."
Equipamentos Ineficientes por Falta de Opção e Informação
Quando se pensa em eficiência energética, tipicamente o que vem à mente são os equipamentos eficientes, aqueles eletrodomésticos que conseguem fazer mais usando o mesmo nível de energia e assim economizando. A pesquisa procurou entender se moradores das favelas compondo a pesquisa têm acesso, usam e quais são os equipamentos que acabam pesando mais na conta de luz.
Conforme os resultados citados acima demonstrando o impacto da vulnerabilidade das famílias com menor renda, não é diferente quando se trata de se ter informações sobre equipamentos eficientes, que poderiam poupar na conta de luz. Essas são as mesmas famílias que apresentaram a maior proporção de desconhecimento sobre o significado da etiqueta da ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia), etiqueta que 4 obrigatoriamente tem que ser exibida em todos eletrodomésticos, indicando a quantidade de energia utilizada em comparação com outros aparelhos.
Porém, como foi levantado em paralelo por relatos qualitativos ao longo da pesquisa, aparelhos eficientes tendem a ser de última geração, mais caros; enquanto moradores que perdem eletrodomésticos à apagões e compram aparelhos usados, não conseguem acessá-los. Para se ter uma noção do aspecto técnico da eficiência energética, a pesquisa separou os principais equipamentos (ar condicionado, chuveiro elétrico, geladeira, máquina de lavar, televisão e ventilador) e foi calculado uma estimativa do impacto do consumo de cada um na renda mensal das famílias. A pesquisa confirmou que o ar condicionado é o “grande vilão” tanto do consumo de energia elétrica, quanto para o orçamento doméstico, ainda que ele seja uma benção em dias quentes. Ele, dentre todos os eletrodomésticos, é o que gera mais impacto: responsável por 51,4% deste consumo. Mais do que o chuveiro elétrico, a geladeira, a máquina de lavar, a TV e o ventilador juntos. Mais de 50% dos entrevistados possuem entre um e três aparelhos de ar-condicionado. Segundo Kayo, esta parte do levantamento foi realizada para subsidiar autoridades e técnicos que queiram pensar formas de ajudar famílias a atingirem um consumo médio mais eficiente. "Talvez não seja possível produzir um ar condicionado que seja três vezes mais eficiente, mas então será que não é possível fazer uma tarifa social que dê 25% de desconto para famílias de determinado perfil que tenham ar condicionado, por exemplo?", explica.
Hábitos Eficientes Independentemente do 'Gato'
Existem duas principais estratégias para atingir o uso eficiente da energia. A primeira é pelo investimento em equipamentos eficientes, o que, como demonstrado, tem sido pouco acessível aos moradores de favela pelo custo e falta de informação. A segunda, no entanto, é mais alcançável. Trata do componente humano: os hábitos dos consumidores. A pesquisa fez várias perguntas voltadas para entender os hábitos eficientes dos consumidores, como se a pessoa lembra de desligar a luz ao sair do ambiente, ou se dá preferência para lâmpadas LED. A partir destas respostas, foi construído um sistema de pontuação atribuindo um ponto para cada resposta que representava um alto grau de eficiência energética. A pontuação máxima era 9. O resultado mostra um alto grau de preocupação em manter 5 hábitos eficientes: mais da metade dos entrevistados pontuaram entre 6 e 9.
Muitos inclusive buscam ter hábitos que são de eficiência energética sem conhecer o termo. Kayo resume: "Existe um mito entre muitas pessoas que acham que na favela ninguém liga para hábitos de economia energética. Também existe o mito de que todo mundo na favela tem 'gato' e por não pagar a luz não se importa com economia [e eficiência]. Pegamos então a comparação de pontos entre as pessoas que têm 'gato' e as pessoas que não têm 'gato'. O que descobrimos é que existe uma pequena diferença entre quem tem e quem não tem 'gato', mas é uma diferença quase insignificante, indicando que, de forma geral, independente de se a pessoa tem 'gato' ou não, os moradores tendem a buscar uma eficiência energética naquilo que elas podem: nos seus hábitos."
Autoridades Falham na Garantia do Acesso à Tarifa Social
A pesquisa realizada pelos 45 jovens e lideranças, cujos indicadores foram definidos por eles mesmos, incorporou perguntas voltadas à apresentação e identificação do conhecimento de seus vizinhos sobre a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) e a etiqueta ENCE. A Tarifa Social funciona dando descontos na conta de luz a quem mais precisa e também premia sua economia de energia. Quanto mais eficiente o consumidor for, maior é o seu desconto. Ambos são mecanismos já existentes que visam, em tese, baratear a conta de luz para as famílias que têm maior necessidade. Infelizmente, como no caso da etiqueta ENCE, o desconhecimento da Tarifa Social é muito grande. Isso foi percebido em todas as faixas de renda ao longo da pesquisa. E esse desconhecimento é ainda maior, mais do que 75%, entre os grupos de menor faixa de renda, os que têm mais necessidade e direito de usufruir da TSEE. Aproximadamente 60% de todas as famílias da pesquisa atendem o critério de renda para usufruir da TSEE, entretanto, somente 8% afirmam receber o benefício. Analisando as famílias que se enquadram nos critérios de renda para ter o benefício da TSEE, 90% delas afirmam não recebê-lo.
Apesar de Excluída, Favela É Potência
Eficiência Energética nas Favelas é o segundo relatório fruto do curso de pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas' através do qual 45 jovens e lideranças de 15 favelas construíram uma pesquisa robusta que tem gerado conhecimentos inéditos. Mais relatórios virão, lançando recortes de dados por região e novas análises são bem-vindas. Como explica Kayo: "O projeto e a pesquisa vão ter continuidade. Foi uma pesquisa muito poderosa, pensando toda a metodologia, construída coletivamente, produto de um curso de pesquisa desenvolvido por redes de favelas [Rede Favela 6 Sustentável, Painel Unificador das Favelas e parceiros]. Eu acho que o mais legal do relatório é que ele abre várias perguntas para serem desenvolvidas, sobre eficiência energética, sobre justiça energética, sob outros aspectos, com outros recortes. Vale ficar conectado com a Rede Favela Sustentável para ver quais são os próximos passos." E concluindo, ele continua: "A demora no retorno da luz e a falta de atendimento geral são frutos de um processo histórico: a ausência seletiva do Estado. O Estado aparece na favela, mas somente em alguns setores específicos, sobretudo, com o braço armado. Por isso, a narrativa é tão importante. As pessoas de fora costumam enxergar a favela como um problema e, por isso, é tão importante esse trabalho de pesquisa que fizemos a partir da favela, para a favela. Não estamos mais como objeto de estudo, estamos construindo nossa própria narrativa de dentro pra fora. A gente tá produzindo discurso sobre nós mesmos. Não tem como pensar e falar sobre favela sem a gente estar ali como os atores principais, como sujeitos. A gente tá ali contando a nossa história. Não é mais ninguém que conta vindo de fora. Por isso, a importância da energia, por que falta de luz atualmente também é falta de [acesso à] comunicação. E temos que resistir e lutar, para a gente falar por nós mesmos, para a gente contar nossa história. A história do Brasil a partir da gente."
DESTAQUES ENTRE OS DADOS
Sobre Eficiência e Qualidade do Acesso
● 55,2% das pessoas representadas na pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza, ou seja, vivem com renda familiar per capita mensal de até R$497;
● 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos três meses, mais de 24 horas sem luz. Entre famílias que ganham de dois a três salários mínimos, foram 23%. 32,1% já perderam eletrodomésticos por causa de falhas na rede elétrica;
● As famílias pagam, em média, uma conta de luz duas vezes maior do que a média da capacidade de pagamento declarada. 31% das famílias encontram-se em situação de pobreza energética, comprometendo uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz;
● 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída;
● 68,7% dos entrevistados (794 pessoas) não conhecem a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). 59,55% das famílias atendem ao critério de renda para usufruir da Tarifa Social, entretanto somente 8,04% das famílias afirmaram receber o benefício, enquanto 90,4% das famílias que atendem ao critério de renda para ter o benefício afirmam não recebê-lo;
● 73% das famílias que ganham até meio salário mínimo afirmaram não fazer reclamações ou solicitar serviços para a Light. Conforme a renda aumenta, o conforto em buscar a concessionária aumenta: só 33% dos acima de quatro salários dizem não fazer reclamações à Light.
Sobre Aparelhos e Hábitos Eficientes
● O ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra, seguido pelo chuveiro elétrico (13,8%) e geladeira (13,6%);
● Existe um bom nível em termos de hábitos conscientes de uso da energia elétrica entre a população da amostra. A pontuação média foi de 6,21, sendo o limite superior da pontuação 9 e o inferior 0. Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED, mais eficientes e econômicas;
● 50,6% afirmaram saber o significado da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Dos que reconhecem a etiqueta, 49,1% afirmaram já ter comprado um eletrodoméstico baseado no fato dele ser classificado na categoria A do selo ENCE.
Pesquisar Também É ‘Nós Por Nós’! Lideranças e Jovens de 15 Comunidades Lançam o Relatório ‘Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’
No mesmo ano em que o Censo do IBGE vem sendo realizado (2022), após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional, surge o relatório, “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, rico em dados frutos do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, uma iniciativa da Rede Favela Sustentável e do Painel Unificador das Favelas com colaboração de oito instituições*.
Através do curso, 45 alunos de 15 favelas** realizaram entrevistas nas residências de 1156 famílias (4164 pessoas) entre maio e junho de 2022, produzindo uma pesquisa que retrata os desafios de acesso, qualidade e eficiência da água e luz nas suas comunidades e contempla cinco municípios do Grande Rio. A dedicação dos alunos, que driblaram diversos empecilhos, entre elas um período de intensas operações policiais, foi notável e fundamental para atingir tantas famílias com a pesquisa.
Territórios representados no curso.
Entre tantos dados relevantes, destacam-se que 59,6% das famílias cumprem os requisitos para serem registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), um importante instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda. Mesmo assim, praticamente metade (48,8%) dos que cumprem os requisitos ainda não se registrou.
Tratando-se do acesso à água, foi descoberto que 42,5% dos entrevistados sofreram para fazer a higiene básica durante a pandemia devido à falta de água. Além disso, quase metade (48,2%) dos entrevistados dependem de bombas para ter acesso à água, gerando um custo adicional nas já alarmantes contas de luz. Outra questão bastante destacada foi o problema dos alagamentos, que afetam a vida de mais da metade (51,5%) dos entrevistados. A perspectiva majoritária destes, com mais de 80%, é de que esse problema das enchentes piorou nos últimos dois anos.
Quanto aos dados coletados sobre luz, avaliando-se o peso desta no orçamento familiar, foi descoberto que 56,8% dos entrevistados vivem em situação de pobreza energética*** em nível moderado a grave. Igualmente preocupante foi a resposta de que quase 70% dos entrevistados gastariam mais com alimentos caso suas contas de luz fossem reduzidas, o que expõe novamente a grave crise de insegurança alimentar que a população vem enfrentando. Sobre os apagões, descobriu-se que 32,2% dos entrevistados sofreram com falta de luz nos últimos três meses e que para 43,4% demora mais de seis horas para retornar.
Participantes do curso
*A Rede Favela Sustentável, o Painel Unificador das Favelas e o RioOnWatch são iniciativas realizadas pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras (ComCat). O curso “Monitorando e Pesquisando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas” foi realizado de forma coletiva pelas seguintes organizações: Raízes em Movimento, ICICT e EPSJV (Fiocruz), Instituto Clima e Sociedade, CLASP, LabJaca, DataLabe, e Casa Fluminense.
Mutirão de Plantio e Revitalização da Horta Atitude Sustentável, no Salgueiro, Engaja Mobilizadores da Rede Favela Sustentável
Em 22 de janeiro de 2023, durante todo o domingo, na horta comunitária da Biblioteca Jurema Gomes Batista, no Morro do Salgueiro, a Rede Favela Sustentável (RFS)* realizou sua primeira atividade presencial do ano: um mutirão de plantio.
O mutirão contou com a presença de 32 pessoas, sendo destes 22 mobilizadores comunitários integrantes da RFS, de diversas favelas do Grande Rio representando organizações como o Movimento de Mulheres Maria Pimentel Marinho (MMMPM), Núcleo de Educação Popular e Economia Solidária de Mesquita (NESPES), Teto Verde Favela, Planta na Rua, Conjunto Esperança, Associação de Moradores do Salgueiro, Projeto Ricardo Barriga, Alfazendo, Rosa Reviver, Teia dos Povos, ONG Ser Alzira de Aleluia, Embrapa Solos e Conexão Penetra.
O resultado do mutirão foi a criação de dois novos canteiros de plantas alimentícias, o reforço das delimitações do entorno da Horta Comunitária Atitude Sustentável, como foi batizada pelos moradores, a retirada de resíduos sólidos descartados próximos à horta e o plantio de plantas ornamentais ao redor do espaço. As ações foram direcionadas por Denise Santos, mobilizadora comunitária que atua na educação ambiental e popular das crianças do morro. A horta, como um espaço anexo à Biblioteca Jurema Gomes Batista, vai possibilitar o maior envolvimento das crianças que participam do clube de leitura, realizam reforço escolar e aprendem sobre a história do território, além de fornecer gratuitamente alimentos saudáveis e de qualidade para a comunidade.
“A função da horta é servir a comunidade. Tudo o que for produzido na horta será doado para a comunidade e para as famílias que estão em risco alimentar, que não têm uma alimentação saudável no dia a dia [e] precisam de alimento natural, sem agrotóxico.” — Denise Santos