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Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: RFS Lança Dados de Jacutinga/Coréia/Cosmorama [Vídeo]

Este vídeo traz a apresentação de dados de água e luz, coletados a partir da pesquisa realizada por lideranças e jovens mobilizadores das comunidades Coréia, Cosmorama e Jacutinga em Mesquita, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 22 de março de 2023 e contemplou o lançamento do relatório "Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita", com os dados resultantes da pesquisa nas comunidades.

Por ter sido uma atuação colaborativa com a juventude, os próprios jovens que percorreram suas comunidades, dialogando com vizinhos e coletando dados valiosos, apresentaram os dados locais, seguidos pelas lideranças comunitárias, que trouxeram propostas e articulações surgidas a partir da pesquisa. Com público aproximado de 100 participantes, entre moradores de comunidades de Mesquita, gestores públicos locais e especialistas nos temas de água e luz, a apresentação aconteceu no auditório da Prefeitura de Mesquita, resultando em um diálogo potente sobre as questões de acesso, qualidade e eficiência da água e luz que chegam nas casas e ruas das comunidades.

O evento foi organizado pela Associação de Mulheres de Edson Passos (AMEPA/Cosmorama), Centro Social Fusão (Jacutinga) e Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária (NESPES/Coréia), que são integrantes do Painel Unificador de Favelas e da Rede Favela Sustentável e participaram do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, com pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.

Leia a matéria: https://bit.ly/LancamentoRFSMesquitaROW

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1o Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável (Português)

No dia 06 de junho aconteceu o primeiro Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável, com a presença de 155 pessoas, de 23 estados e 09 países, no Zoom. Contamos com mobilizadores de seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—além da grande rede de mobilizadores comunitários das favelas do Grande Rio trocando sob o tema: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias.

Veja quem foram os convidados especiais, suas comunidades e projetos:

Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO

Ben Hur Flores — Projeto Anjos e Querubins –– Pelotas, RS

Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA

'Lia Esperança' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança, São Paulo, SP

Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata, Ilha do Marajó, PA

'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania – Ilhéus, BA

'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ

O evento contou com uma roda de apresentações dos sete convidados, uma roda de debates a partir de quatro eixos: 1) Justiça Climática, 2) Moradia Sustentável, 3) Soberania Alimentar e 4) Educação Socioambiental e uma roda cultural, que finalizou o encontro.

A fim de democratizar o evento, contamos com interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol.

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Assista ao Documentário do Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’, Que Mobilizou Milhares de Pessoas e Dados sobre 15 Favelas do Grande Rio [VÍDEO]

A ausência de dados sobre a realidade das favelas funciona como uma engrenagem de um ciclo vicioso, no qual não se quantifica o problema ou sua extensão e, consequentemente, não são desenvolvidas as ferramentas adequadas para resolvê-lo.

A importância da geração de dados por e para as favelas é para romper esse ciclo, produzindo dados a partir das favelas para mensurar aquilo que as comunidades entendem como seus desafios e, a partir desse diagnóstico, propor ao poder público soluções adequadas às suas realidades.

As mais de 50 aulas foram realizadas duas vezes por semana, ministradas de forma online por aliados técnicos da RFS e sua equipe de gestão, e contando também com quatro encontros presenciais de dia todo. A estrutura do curso passou por todos os passos de planejamento, execução e incidência política de uma pesquisa, construindo os indicadores de forma coletiva, pelas organizações participantes.

🔗 Acesse o portal RioOnWatch e leia a matéria completa: bit.ly/44uAsjI

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Quando Memórias Se Encontram: Rede Favela Sustentável Lança Exposição ‘Memória Climática das Favelas’

Todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias

No sábado, 17 de junho, o Museu das Remoções na Vila Autódromo, na Zona Oeste, acolheu o lançamento da exposição Memória Climática das Favelas organizada por museus integrantes da Rede Favela Sustentável. O evento foi uma grande culminância das rodas de memória realizadas, em cinco museus comunitários, no início do ano.

Click final com todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias

Entre eles estavam o Museu da Maré, Museu Sankofa Rocinha - Memória e História na Rocinha, NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e o Núcleo de Memórias do Vidigal. O volume de narrativas de memórias climáticas das favelas, na voz de seus moradores, deu origem à exposição.

Confira abaixo as matérias das cinco rodas de memória climática das favelas que já aconteceram:

  • 1ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu da Maré: ‘A Palafita [foi] uma Estratégia de Sobrevivência, Um Saber’: https://bit.ly/MCnaMareNoROW

  • 2ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu Sankofa, Rocinha: ‘Quando o Coletivo Resolve Lutar Junto, o Coletivo Vence’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnaRocinhaNoROW

  • 3ª Roda de Memória Climática das Favelas do NOPH em Antares, Santa Cruz: ‘Não Era Para Ninguém Ficar Aqui, Foi Passando 40 Anos, Não Tomaram Providência’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCemAntaresNoROW

  • 4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoPPGNoROW

  • 5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoVidigalNoROW

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5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.

Leia a matéria da emocionante roda realizada pelo Núcleo de Memórias do Vidigal, na Zona Sul do Rio, onde os riscos climáticos mesclam com especulação imobiliária e uma história deturpada de remoções, sob um território muito amado e querido pelos seus moradores.

Participantes da Roda de Memória Climática, no Vidigal. Foto: Alexandre Cerqueira

“Cheguei em 1959. A comunidade aqui era uma mata. A gente respirava um ar puro, da montanha. O tempo foi passando, as pessoas precisam de casa. Da minha janela eu vejo. O que era mato mato mato virou casas. O povo teve que morar! As pessoas precisam morar! Meus filhos vão morar onde? No Leblon não pode. Então, tem que ser aqui. Tiro mais uma árvore. Menos uma árvore. Menos um ar puro para respirar.” — Armando Almeida Lima

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

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4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.

Leia a matéria da reveladora roda realizada pelo Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo na Zona Sul do Rio, onde o impacto do lixo, junto dos eventos climáticos cada vez mais intensos, é a preocupação que reina.

Colaboradores e educadores sociais integram a Roda de Memória Climática no PPG. Foto: Alexandre Cerqueira

“Não foi exatamente a caixa d’água que desabou (em 1983). Foi o lixo. O pessoal fez uma montanha de lixo lá em cima [já que não havia serviço de coleta pública] e ela desabou… No mesmo lugar, repetiram essa montanha e ela caiu de novo. Essa montanha, que não tinha que tá lá, foi levada pela chuva forte… [a enxurrada] levou uma pedrona no caminho, e essa pedra bateu na caixa d’água, que se movimentou um pouco, e fez com que as caixas abaixo dela descessem também.” — Márcia Souza

“Todo dia eu faço a minha realidade acontecer. Sábado, domingo, feriado. É todo dia o trabalho. Tenho vergonha de ver um turista aqui e ter lixo e cocô no chão, esgoto aberto, esgoto vazando, rato de dia e de noite… O poder público sobe as favelas do Rio, mas porque não resolve? Estamos discutindo esse tema com pessoas aqui de 70 anos, 85 anos. E não sei por quantos anos lá na frente vai ter gente falando. E o poder público nada faz." — Nivaldo Moura

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

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3ª Roda de Memória Climática das Favelas do NOPH em Antares, Santa Cruz: ‘Não Era Para Ninguém Ficar Aqui, Foi Passando 40 Anos, Não Tomaram Providência’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.

Leia a matéria da emocionante roda realizada pelo NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz na comunidade de Antares, em Santa Cruz, uma comunidade que nasceu de remoções relatadas nas rodas anteriores, e que foi inicialmente contemplada como moradia provisória, de triagem. Porém, fica em uma bacia que historicamente, sempre, alagava. O que não vem melhorando com as mudanças climáticas.

Participantes e realizadores da 3ª Roda de Memória Climática, em Antares. Foto: Alexandre Cerqueira

“Sofri muito neste local aqui. Perdi tudo na minha casa, teve enchente. Não tinha água, não tinha luz… mas eu amo muito Antares.” — Leny Martins

“Sofri várias enchentes, perdi tudo. Mas, tô aqui de pé, na luta aqui de novo. Guerreiro não morre… guerreiro vive!” — Vera Lucia Rodrigues

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

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2ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu Sankofa, Rocinha: ‘Quando o Coletivo Resolve Lutar Junto, o Coletivo Vence’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição. Esta segunda matéria apresenta a roda imperdível realizada pelo Museu Sankofa Rocinha - Memória e História, contando com parceiros do A Rocinha Resiste, Rocinha Sem Fronteiras, Jornal Fala Roça, entre outros.

Participantes da 2ª Roda de Memória Climática, na Rocinha.

“Isso aqui que estamos fazendo é uma troca de saberes. As disputas políticas internas existem. Vão existir sempre. [Mas] quando o coletivo resolve lutar junto, o coletivo vence. Nós paramos a remoção da Rocinha. Conquistamos a saúde. Com uma luta coletiva, conseguimos o CIEP, o metrô. Fizemos praticamente uma luta de classes. Foi dedo na cara dos bacanas… A Rocinha tem saberes coletivos.” — Antonio Xaolin

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

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Exposição de Memória Climática das Favelas

Sábado, 17 de junho, das 9h às 17h na Vila Autódromo/Museu das Remoções.

Participe do tão esperado lançamento da Exposição de Memória Climática das Favelas!. Uma atividade imperdível da Rede Favela Sustentável!

Circuito expositivo de dia inteiro, na Vila Autódromo/Museu das Remoções, este sábado, 17 de junho, das 9h às 17h. Todo o conteúdo exposto tem como fonte os depoimentos de moradores, realizados durante cinco dias de rodas de conversa sobre o tema na Maré, Rocinha, Antares, Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e Vidigal, entre janeiro e março deste ano.

O evento contará com:

  1. Banners de apresentação das rodas de memória em cada museu;

  2. Exibição de vídeos que documentam as reflexões dos moradores sobre mudanças climáticas, a relação de suas comunidades com a natureza, como tudo isso dialoga com o direito à moradia e soluções encontradas pelos moradores para estes desafios;

  3. Uma extensa linha do tempo com acontecimentos marcantes mencionados nas rodas, da história das favelas; 

  4. Poço das memórias dos territórios;

  5. Mapa interativo com experiência cartográfica afetiva e

  6. Esquete teatral e roda de conversa.

O projeto vem sendo desenvolvido pela RFS desde 2020, e a pesquisa em rodas e exposição vêm sendo planejadas desde o ano passado. Neste ano, o Museu da Maré, Museu Sankofa/Rocinha, Núcleo de Orientação e Pesquisa de Santa Cruz, Museu de Favela/PPG e Núcleo de Memórias do Vidigal organizaram lindas e importantes rodas de conversa e elaboração da exposição. Agora é hora de se integrar a este rico trabalho, conhecer o resultado de todo esse processo e estarmos juntos presencialmente, para refletirmos sobre o repertório de vivências faveladas e celebrarmos conquistas, como a própria exposição. 

Indique sua participação na exposição através do e-mail rede@favelasustentável.org.

Pedimos que chegue às 9h pois a programação dura o dia todo e se várias pessoas atrasam, afetará a programação para todos. Também pedimos que traga uma caneca reutilizável e talheres num estojo ou paninho. Pois será um grande evento e contamos com todos para gerarmos o mínimo de resíduos possível.

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1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias

Participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!

Semana Mundial do Meio Ambiente 2023

É com muita felicidade que viemos convidar você para o 1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável sobre o tema Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias! Será uma troca de saberes e cultural com a participação de mobilizadores comunitários de todo o país dialogando sobre diversos temas. O encontro será online pela plataforma Zoom e será transmitido ao vivo no YouTube. Participe dessa incrível e potente troca!

Terça-feira, dia 06 de junho das 18h às 20h30 - Evento online no Zoom

Contaremos com a participação de mobilizadores de suas comunidades em seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—e teremos interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol e muita troca cultural e de saberes!

Nossos Convidados Especiais:

Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO

Líder do seu povo na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), é internacionalmente conhecido pela luta no enfrentamento aos posseiros, madeireiros e mineradoras nas terras de seus ancestrais. Na COP15 apresentou o premiado Carbono Suruí, primeiro projeto de redução de emissões por desmatamento proposto em Terras Indígenas no mundo. Popularmente conhecido como a liderança indígena mais empreendedora do Brasil, leva como bandeira direitos humanos e ambientais no debate sobre mudanças climáticas globais e as possibilidades para um desenvolvimento mais sustentável.

Ben Hur Flores – Projeto Anjos e Querubins – Pelotas, RS

Ator de formação e percussionista, tem 54 anos, é deficiente visual, fundador, coordenador e presidente da ONG Anjos e Querubins que realiza projetos de educação musical na comunidade do loteamento Getúlio Vargas em Pelotas (RS) e compõe a Orquestra Popular Afrobeat. Utilizando materiais alternativos como balde, lata e tampa de panela, criou uma identidade para a ONG e a conectou ao tema da sustentabilidade e dos resíduos sólidos, conquistando mais de 20 prêmios e o título de utilidade pública.

Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA

Mulher, preta, nascida e criada na periferia da Guine, em Pernambués, um dos bairros mais negros de Salvador, é ativista por mobilidade. Bacharel em Humanidade, pesquisou sobre a urbanização eugenista das cidades brasileiras. Criou o 'Preta, Vem de Bike', projeto voltado para ensinar mulheres pretas a pedalar. Co-fundadora e coordenadora da Afro Ciclo, rede de mobilização coletiva e projeto social de base comunitária que visa mobilidade sustentável, atua pela transformação social de comunidades segregadas no Recôncavo Baiano, debatendo o cicloativismo sob o recorte racial.

'Lia' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança — São Paulo, SP

Líder comunitária há mais de 12 anos, fundou em 2018 o Instituto que leva seu nome para educar os moradores da comunidade sobre o meio ambiente e como obter uma alimentação mais saudável. Baiana de Itaberaba, obteve o selo "Ligue os Pontos", em 2020, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SP para a horta comunitária existente no local. Membro do Comitê Mulheres do Brasil, é hoje uma liderança, referência em agricultura urbana, sendo convidada regularmente para palestras e seminários e entrevistas para jornais e revistas.

Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata — Ilha do Marajó, PA

Quilombola da Boca da Mata, quilombo na Ilha do Marajó (PA), é uma das idealizadoras do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia e militante da Rede Fulanas Herdeiras. Ativista, luta pela ampliação, valorização e visibilidade de mulheres negras nos espaços empreendedores através do Coletivo Pretas Paridas da Amazônia, que desenvolve produtos e serviços ligados à sua história, buscando nos saberes ancestrais o seu bem viver. Faz parte também do Fórum Paraense de Economia Solidária.

'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania — Ilhéus, BA

Ogan e filho carnal da mãe-de-santo Mãe Ilza Mukalê, ambos do Terreiro de Matamba Tombenci Neto, um dos terreiros de nação Angola mais antigos da Bahia (em Ilhéus, de 1885). Foi um dos fundadores do Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e presidiu o Conselho das Entidades Afro Culturais de Ilhéus. Criou a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania e o Memorial Unzó Tombenci Neto, o primeiro de matriz africana do interior baiano, que integra o Circuito de Museus de Ilhéus.

'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso  da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ

Nascido e criado na comunidade caiçara Pouso de Cajaíba, na Reserva Ecológica da Juatinga, Paraty (RJ), é a quinta geração da família Xavier com 63 anos. É da associação de moradores, pescador, agricultor, permacultor, fundador do Ipeca (Instituto de Permacultura Caiçara), liderança no Fórum de Comunidade Tradicional Indígena, Quilombola e Caiçara (FCT) e pesquisador no Observatório de Território Sustentável Saudável da Bocaina (OTSS), que visa promover o desenvolvimento de estratégias sustentáveis, saúde e direitos para o bem viver de comunidades tradicionais em seus territórios. 

Como será o evento:

⏳ SESSÃO 1, das 18h às 18h45 — Roda de apresentações Cada convidado especial terá alguns minutos para apresentar a si e sua iniciativa e responder perguntas sobre suas iniciativas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável do Rio.

⏳ SESSÃO 2, das 18h50 às 19h35 — Roda de debates
— Vamos debater o tema sustentabilidade com perguntas colocadas por mobilizadores da Rede Favela Sustentável e os convidados especiais, a partir dos temas: 1) Justiça Climática; 2) Moradia Sustentável; 3) Soberania Alimentar; e 4) Educação Socioambiental.

⏳ SESSÃO 3, das 19h40 às 20h25 — Roda cultural
— Momento aberto para trocas culturais, espaço expositivo artístico-sensitivo, com reflexões e provocações coletivas. Esse momento será norteado pelas seguintes perguntas: O que é sua comunidade/favela para você? Quais memórias do seu território todos precisam saber? Qual a maior potência do seu território? O que faz unir a sua comunidade?


O evento será em comemoração à Semana do Meio Ambiente,

terça-feira, dia 06 de junho das 18-20h30.

Divulgue o evento encaminhando essa página
e convidando seus contatos, amigos, estudantes e colegas a se inscreverem!



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Primeiro Relatório ‘Eficiência Energética nas Favelas’ Expõe Detalhes Inéditos sobre Impacto da Ineficiência do Serviço e Uso de Luz sobre a Pobreza e Aprofundamento das Desigualdades

Os coletivos responsáveis pelo Painel Unificador Covid-19 nas Favelas e relatório 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação' lançam relatório específico analisando impactos da (in)eficiência energética em 15 comunidades fluminenses.

Em preparação para o Dia da Terra (22 de abril), a Rede Favela Sustentável (RFS) e Painel Unificador das Favelas (PUF)* lançam hoje um novo relatório bilingue, Eficiência Energética nas Favelas. No ano passado, foi realizado o curso e pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas', uma iniciativa da RFS, PUF e sete instituições parceiras.** A pesquisa ocorreu no mesmo ano em que o censo do IBGE foi realizado após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional. O curso e a pesquisa resultante dele contaram com 45 jovens e lideranças de 15 favelas do Grande Rio como pesquisadores-cidadãos, provando que a favela produz dados robustos, gerando inclusive uma visão mais completa do que conseguem muitos pesquisadores e empresas de fora dos territórios.

Após o aplaudido lançamento do relatório geral, fruto de sua pesquisa, 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação'—lançado em setembro de 2022 com cobertura na TV Globo, CNN, Agência Brasil, e Notícia Preta—os participantes voltaram sua atenção para análises mais profundas e detalhadas dos seus dados. Uma delas resultou neste novo relatório, lançado hoje.

Dados Inéditos sobre Eficiência Energética nas Favelas

Os dados apresentados no novo relatório Eficiência Energética nas Favelas refletem a realidade de 1.156 famílias (4.164 pessoas) em 15 favelas de cinco municípios do Grande Rio e apresentam especificamente a relação da energia com a pobreza e desigualdade social, mirando a eficiência tanto do serviço prestado quanto do seu uso. A riqueza das informações levantadas foi surpreendente até para os envolvidos. Kayo Moura, cientista social e estatístico em formação, integrante do laboratório de narrativas e dados do Jacarezinho, LabJaca, recém-citado como referência pelo The New York Times, foi responsável pela análise.

Ele explica: "A minha bagagem não é relacionada diretamente ao ambientalismo e à sustentabilidade, por isso entendia a eficiência energética como uma pauta que talvez não me pertencesse. O mais interessante [desta pesquisa]… foi entender que, quando a gente está falando do debate sobre eficiência energética nas favelas, nas periferias, no Sul Global, estamos falando de um debate sobre justiça, sobre acesso. Se tivesse que definir o relatório em um argumento seria: a ineficiência energética acaba funcionando como uma ferramenta de injustiça energética, sobretudo nas favelas do Brasil. Dentro da favela, a partir de famílias em sua maioria em condição de vulnerabilidade social, a ineficiência acaba afetando as famílias mais pobres dentre as mais pobres. São as que menos têm conhecimento sobre seus direitos, como a Tarifa Social de Energia Elétrica. São elas as que mais sofrem com a ineficiência do serviço, as que mais ficam sem luz e as que ficam mais tempo para que a luz retorne." A partir de um aprofundamento nos dados sobre pobreza energética e suas sequelas, sobre equipamentos ineficientes como default e sobre a prevalência de hábitos energeticamente eficientes entre os moradores de favela—o que vai contra os preconceitos da sociedade—além de outros elementos que vieram à tona durante as investigações, a pesquisa apresenta opções para que o poder público possa pensar em políticas públicas, a partir da eficiência energética, como, por exemplo, tornar a conta de luz mais acessível para as famílias socialmente mais vulneráveis, seja através de aparelhos eficientes ou de descontos.

Pobreza e Desigualdade Racial como Pano de Fundo

O relatório, Eficiência Energética nas Favelas, apresenta primeiro os dados dentro do seu contexto socioeconômico, realizando comparações voltadas à renda. Por exemplo, de 4.163 moradores representados nos dados, 15% vivem com até meio salário mínimo e 36,8% entre meio e um salário mínimo.

Então, pouco mais de 50% das pessoas refletidas na pesquisa ganham somente até um salário mínimo como renda familiar mensal. Relacionado a isso, mais da metade das famílias entrevistadas estão abaixo da linha da pobreza. Quando a análise tornou sua atenção à composição racial das faixas de renda, ficou evidente, entre as famílias participantes da pesquisa, uma relação inversa entre raça e renda. Mesmo se tratando de favelas, quanto mais alta a renda, menor foi a proporção de pessoas negras encontradas. O contexto geral da sociedade, de pessoas negras ocuparem as faixas de renda mais baixas, se reproduz também nesta amostra feita dentro de favelas.

Pobreza Energética e Suas Brutais Sequelas

Um conceito importante a ser incorporado no debate público sobre acesso aos serviços básicos no Brasil é o da pobreza energética, que se refere à conta de luz que representa mais de 10% da renda familiar mensal (o recomendado é que seja sempre menos que 6,8% da renda familiar). O novo relatório mostra que as famílias que ganham até meio salário mínimo são as que concentram o maior número de famílias em pobreza energética. Há uma linha de tendência: conforme aumenta a faixa de renda, diminui a proporção de famílias em pobreza energética. Enquanto isso, 69% dos respondentes afirmaram que, caso sua conta de luz fosse reduzida pela metade, utilizariam este dinheiro para comprar comida (ao invés de outras contas, medicamentos, educação, etc.). Quer dizer: a pobreza energética está diretamente ligada à insegurança alimentar dos entrevistados.

A pobreza energética também leva à necessidade de suprir a demanda por luz e tudo que ela garante (desde acionar bombas para se ter acesso à água, à capacidade de acessar informações e oportunidades de emprego através do celular) de outras formas. Como explica Kayo: "A abordagem que a gente teve sobre 'gatos' na pesquisa foi sob perspectiva que pensa o acesso e que não criminaliza. Os dados evidenciam o 'gato', às vezes, como o único mecanismo que a pessoa tem para acessar energia. As famílias mais pobres, que têm até meio salário mínimo, apresentam a maior proporção de 'gatos'. Conforme a renda vai 3 aumentando, a maioria das famílias afirma não ter 'gato'. Então, vemos como uma questão de acesso, de ter condição de pagar a conta de luz e não uma questão de desonestidade, de querer tirar vantagem."

Conquiste seu espaço

A consequência de depender do ”gato”, da conexão irregular, é a ineficiência do acesso ao serviço e seu reparo, reforçando mais ainda a pobreza da família que dele depende.

São as famílias com menor renda na pesquisa as que mais sofrem com a ineficiência no serviço. Kayo faz outro excelente resumo dos resultados: "Quem relatou sofrer todo dia com falta de luz está presente nas faixas de renda de até meio salário mínimo. Ao perguntarmos sobre episódios de falta de luz nos últimos três meses que tenham durado mais de 24 horas, isto fica evidente de novo. Conforme a gente aumenta a faixa de renda, aumenta o número de pessoas que declararam não ter sofrido com a falta de luz por mais de 24 horas nos últimos três meses. Temos também a realidade de que as pessoas socialmente mais vulneráveis, são as que menos têm uma relação de consumidor com a concessionária Light. A ineficiência no serviço novamente penaliza as pessoas mais pobres, que, por uma série de motivos, não conseguem contato com a concessionária para reivindicar questões que são direitos." O descaso, porém, acontece também com quem tem relógio medidor e deveria ter relação estreita com a Light, como descrito por um jovem pesquisador no caso de uma moradora em sua comunidade de Mesquita: "As concessionárias fazem tudo do jeito deles, na hora que elas querem. Teve até um caso de uma moça onde eles simplesmente chegaram e arrancaram o relógio dela e não deram nenhuma satisfação. E a conta continua chegando, mesmo sem ter um medidor."

Equipamentos Ineficientes por Falta de Opção e Informação

Quando se pensa em eficiência energética, tipicamente o que vem à mente são os equipamentos eficientes, aqueles eletrodomésticos que conseguem fazer mais usando o mesmo nível de energia e assim economizando. A pesquisa procurou entender se moradores das favelas compondo a pesquisa têm acesso, usam e quais são os equipamentos que acabam pesando mais na conta de luz.

Conforme os resultados citados acima demonstrando o impacto da vulnerabilidade das famílias com menor renda, não é diferente quando se trata de se ter informações sobre equipamentos eficientes, que poderiam poupar na conta de luz. Essas são as mesmas famílias que apresentaram a maior proporção de desconhecimento sobre o significado da etiqueta da ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia), etiqueta que 4 obrigatoriamente tem que ser exibida em todos eletrodomésticos, indicando a quantidade de energia utilizada em comparação com outros aparelhos.

Porém, como foi levantado em paralelo por relatos qualitativos ao longo da pesquisa, aparelhos eficientes tendem a ser de última geração, mais caros; enquanto moradores que perdem eletrodomésticos à apagões e compram aparelhos usados, não conseguem acessá-los. Para se ter uma noção do aspecto técnico da eficiência energética, a pesquisa separou os principais equipamentos (ar condicionado, chuveiro elétrico, geladeira, máquina de lavar, televisão e ventilador) e foi calculado uma estimativa do impacto do consumo de cada um na renda mensal das famílias. A pesquisa confirmou que o ar condicionado é o “grande vilão” tanto do consumo de energia elétrica, quanto para o orçamento doméstico, ainda que ele seja uma benção em dias quentes. Ele, dentre todos os eletrodomésticos, é o que gera mais impacto: responsável por 51,4% deste consumo. Mais do que o chuveiro elétrico, a geladeira, a máquina de lavar, a TV e o ventilador juntos. Mais de 50% dos entrevistados possuem entre um e três aparelhos de ar-condicionado. Segundo Kayo, esta parte do levantamento foi realizada para subsidiar autoridades e técnicos que queiram pensar formas de ajudar famílias a atingirem um consumo médio mais eficiente. "Talvez não seja possível produzir um ar condicionado que seja três vezes mais eficiente, mas então será que não é possível fazer uma tarifa social que dê 25% de desconto para famílias de determinado perfil que tenham ar condicionado, por exemplo?", explica.

Hábitos Eficientes Independentemente do 'Gato'

Existem duas principais estratégias para atingir o uso eficiente da energia. A primeira é pelo investimento em equipamentos eficientes, o que, como demonstrado, tem sido pouco acessível aos moradores de favela pelo custo e falta de informação. A segunda, no entanto, é mais alcançável. Trata do componente humano: os hábitos dos consumidores. A pesquisa fez várias perguntas voltadas para entender os hábitos eficientes dos consumidores, como se a pessoa lembra de desligar a luz ao sair do ambiente, ou se dá preferência para lâmpadas LED. A partir destas respostas, foi construído um sistema de pontuação atribuindo um ponto para cada resposta que representava um alto grau de eficiência energética. A pontuação máxima era 9. O resultado mostra um alto grau de preocupação em manter 5 hábitos eficientes: mais da metade dos entrevistados pontuaram entre 6 e 9.

Muitos inclusive buscam ter hábitos que são de eficiência energética sem conhecer o termo. Kayo resume: "Existe um mito entre muitas pessoas que acham que na favela ninguém liga para hábitos de economia energética. Também existe o mito de que todo mundo na favela tem 'gato' e por não pagar a luz não se importa com economia [e eficiência]. Pegamos então a comparação de pontos entre as pessoas que têm 'gato' e as pessoas que não têm 'gato'. O que descobrimos é que existe uma pequena diferença entre quem tem e quem não tem 'gato', mas é uma diferença quase insignificante, indicando que, de forma geral, independente de se a pessoa tem 'gato' ou não, os moradores tendem a buscar uma eficiência energética naquilo que elas podem: nos seus hábitos."

Autoridades Falham na Garantia do Acesso à Tarifa Social

A pesquisa realizada pelos 45 jovens e lideranças, cujos indicadores foram definidos por eles mesmos, incorporou perguntas voltadas à apresentação e identificação do conhecimento de seus vizinhos sobre a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) e a etiqueta ENCE. A Tarifa Social funciona dando descontos na conta de luz a quem mais precisa e também premia sua economia de energia. Quanto mais eficiente o consumidor for, maior é o seu desconto. Ambos são mecanismos já existentes que visam, em tese, baratear a conta de luz para as famílias que têm maior necessidade. Infelizmente, como no caso da etiqueta ENCE, o desconhecimento da Tarifa Social é muito grande. Isso foi percebido em todas as faixas de renda ao longo da pesquisa. E esse desconhecimento é ainda maior, mais do que 75%, entre os grupos de menor faixa de renda, os que têm mais necessidade e direito de usufruir da TSEE. Aproximadamente 60% de todas as famílias da pesquisa atendem o critério de renda para usufruir da TSEE, entretanto, somente 8% afirmam receber o benefício. Analisando as famílias que se enquadram nos critérios de renda para ter o benefício da TSEE, 90% delas afirmam não recebê-lo.

Apesar de Excluída, Favela É Potência

Eficiência Energética nas Favelas é o segundo relatório fruto do curso de pesquisa 'Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas' através do qual 45 jovens e lideranças de 15 favelas construíram uma pesquisa robusta que tem gerado conhecimentos inéditos. Mais relatórios virão, lançando recortes de dados por região e novas análises são bem-vindas. Como explica Kayo: "O projeto e a pesquisa vão ter continuidade. Foi uma pesquisa muito poderosa, pensando toda a metodologia, construída coletivamente, produto de um curso de pesquisa desenvolvido por redes de favelas [Rede Favela 6 Sustentável, Painel Unificador das Favelas e parceiros]. Eu acho que o mais legal do relatório é que ele abre várias perguntas para serem desenvolvidas, sobre eficiência energética, sobre justiça energética, sob outros aspectos, com outros recortes. Vale ficar conectado com a Rede Favela Sustentável para ver quais são os próximos passos." E concluindo, ele continua: "A demora no retorno da luz e a falta de atendimento geral são frutos de um processo histórico: a ausência seletiva do Estado. O Estado aparece na favela, mas somente em alguns setores específicos, sobretudo, com o braço armado. Por isso, a narrativa é tão importante. As pessoas de fora costumam enxergar a favela como um problema e, por isso, é tão importante esse trabalho de pesquisa que fizemos a partir da favela, para a favela. Não estamos mais como objeto de estudo, estamos construindo nossa própria narrativa de dentro pra fora. A gente tá produzindo discurso sobre nós mesmos. Não tem como pensar e falar sobre favela sem a gente estar ali como os atores principais, como sujeitos. A gente tá ali contando a nossa história. Não é mais ninguém que conta vindo de fora. Por isso, a importância da energia, por que falta de luz atualmente também é falta de [acesso à] comunicação. E temos que resistir e lutar, para a gente falar por nós mesmos, para a gente contar nossa história. A história do Brasil a partir da gente."

DESTAQUES ENTRE OS DADOS

Sobre Eficiência e Qualidade do Acesso

● 55,2% das pessoas representadas na pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza, ou seja, vivem com renda familiar per capita mensal de até R$497;

● 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos três meses, mais de 24 horas sem luz. Entre famílias que ganham de dois a três salários mínimos, foram 23%. 32,1% já perderam eletrodomésticos por causa de falhas na rede elétrica;

● As famílias pagam, em média, uma conta de luz duas vezes maior do que a média da capacidade de pagamento declarada. 31% das famílias encontram-se em situação de pobreza energética, comprometendo uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz;

● 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída;

● 68,7% dos entrevistados (794 pessoas) não conhecem a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). 59,55% das famílias atendem ao critério de renda para usufruir da Tarifa Social, entretanto somente 8,04% das famílias afirmaram receber o benefício, enquanto 90,4% das famílias que atendem ao critério de renda para ter o benefício afirmam não recebê-lo;

● 73% das famílias que ganham até meio salário mínimo afirmaram não fazer reclamações ou solicitar serviços para a Light. Conforme a renda aumenta, o conforto em buscar a concessionária aumenta: só 33% dos acima de quatro salários dizem não fazer reclamações à Light.

Sobre Aparelhos e Hábitos Eficientes

● O ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra, seguido pelo chuveiro elétrico (13,8%) e geladeira (13,6%);

● Existe um bom nível em termos de hábitos conscientes de uso da energia elétrica entre a população da amostra. A pontuação média foi de 6,21, sendo o limite superior da pontuação 9 e o inferior 0. Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED, mais eficientes e econômicas;

● 50,6% afirmaram saber o significado da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Dos que reconhecem a etiqueta, 49,1% afirmaram já ter comprado um eletrodoméstico baseado no fato dele ser classificado na categoria A do selo ENCE.

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Pesquisar Também É ‘Nós Por Nós’! Lideranças e Jovens de 15 Comunidades Lançam o Relatório ‘Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’

No mesmo ano em que o Censo do IBGE vem sendo realizado (2022), após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional, surge o relatório, “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, rico em dados frutos do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, uma iniciativa da Rede Favela Sustentável e do Painel Unificador das Favelas com colaboração de oito instituições*.

Através do curso, 45 alunos de 15 favelas** realizaram entrevistas nas residências de 1156 famílias (4164 pessoas) entre maio e junho de 2022, produzindo uma pesquisa que retrata os desafios de acesso, qualidade e eficiência da água e luz nas suas comunidades e contempla cinco municípios do Grande Rio. A dedicação dos alunos, que driblaram diversos empecilhos, entre elas um período de intensas operações policiais, foi notável e fundamental para atingir tantas famílias com a pesquisa.

Territórios representados no curso.

Entre tantos dados relevantes, destacam-se que 59,6% das famílias cumprem os requisitos para serem registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), um importante instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda. Mesmo assim, praticamente metade (48,8%) dos que cumprem os requisitos ainda não se registrou.

Tratando-se do acesso à água, foi descoberto que 42,5% dos entrevistados sofreram para fazer a higiene básica durante a pandemia devido à falta de água. Além disso, quase metade (48,2%) dos entrevistados dependem de bombas para ter acesso à água, gerando um custo adicional nas já alarmantes contas de luz. Outra questão bastante destacada foi o problema dos alagamentos, que afetam a vida de mais da metade (51,5%) dos entrevistados. A perspectiva majoritária destes, com mais de 80%, é de que esse problema das enchentes piorou nos últimos dois anos.

Quanto aos dados coletados sobre luz, avaliando-se o peso desta no orçamento familiar, foi descoberto que 56,8% dos entrevistados vivem em situação de pobreza energética*** em nível moderado a grave. Igualmente preocupante foi a resposta de que quase 70% dos entrevistados gastariam mais com alimentos caso suas contas de luz fossem reduzidas, o que expõe novamente a grave crise de insegurança alimentar que a população vem enfrentando. Sobre os apagões, descobriu-se que 32,2% dos entrevistados sofreram com falta de luz nos últimos três meses e que para 43,4% demora mais de seis horas para retornar.

Participantes do curso

*A Rede Favela Sustentável, o Painel Unificador das Favelas e o RioOnWatch são iniciativas realizadas pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras (ComCat). O curso “Monitorando e Pesquisando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas” foi realizado de forma coletiva pelas seguintes organizações: Raízes em Movimento, ICICT e EPSJV (Fiocruz), Instituto Clima e Sociedade, CLASP, LabJaca, DataLabe, e Casa Fluminense.

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Mutirão de Plantio e Revitalização da Horta Atitude Sustentável, no Salgueiro, Engaja Mobilizadores da Rede Favela Sustentável

Em 22 de janeiro de 2023, durante todo o domingo, na horta comunitária da Biblioteca Jurema Gomes Batista, no Morro do Salgueiro, a Rede Favela Sustentável (RFS)* realizou sua primeira atividade presencial do ano: um mutirão de plantio.

O mutirão contou com a presença de 32 pessoas, sendo destes 22 mobilizadores comunitários integrantes da RFS, de diversas favelas do Grande Rio representando organizações como o Movimento de Mulheres Maria Pimentel Marinho (MMMPM), Núcleo de Educação Popular e Economia Solidária de Mesquita (NESPES), Teto Verde Favela, Planta na Rua, Conjunto Esperança, Associação de Moradores do Salgueiro, Projeto Ricardo Barriga, Alfazendo, Rosa Reviver, Teia dos Povos, ONG Ser Alzira de Aleluia, Embrapa Solos e Conexão Penetra. 

Mutirão na horta comunitária Jurema Gomes Batista. Salgueiro, 22 de janeiro de 2023

O resultado do mutirão foi a criação de dois novos canteiros de plantas alimentícias, o reforço das delimitações do entorno da Horta Comunitária Atitude Sustentável, como foi batizada pelos moradores, a retirada de resíduos sólidos descartados próximos à horta e o plantio de plantas ornamentais ao redor do espaço. As ações foram direcionadas por Denise Santos, mobilizadora comunitária que atua na educação ambiental e popular das crianças do morro. A horta, como um espaço anexo à Biblioteca Jurema Gomes Batista, vai possibilitar o maior envolvimento das crianças que participam do clube de leitura, realizam reforço escolar e aprendem sobre a história do território, além de fornecer gratuitamente alimentos saudáveis e de qualidade para a comunidade.

“A função da horta é servir a comunidade. Tudo o que for produzido na horta será doado para a comunidade e para as famílias que estão em risco alimentar, que não têm uma alimentação saudável no dia a dia [e] precisam de alimento natural, sem agrotóxico.” — Denise Santos

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5º Grande Encontro da Rede Favela Sustentável: Reencontros, Conexões, Definições e Ancestralidade no Morro do Salgueiro

Em 27 de novembro de 2022, durante todo o domingo, na quadra do Bloco Carnavalesco Raízes da Tijuca, no Morro do Salgueiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Rede Favela Sustentável (RFS)* teve o seu primeiro Grande Encontro anual presencial desde 2019. Devido às medidas preventivas contra o coronavírus, como o isolamento social, nos anos mais críticos da pandemia, em 2020 e 2021, a RFS e todas as suas atividades permaneceram online, inclusive seu tradicional Grande Encontro Anual, para resguardar a saúde de seus integrantes.

O 5º Grande Encontro da RFS contou com a presença de 153 participantes e proporcionou uma rica troca de conhecimento e fortalecimento das qualidades sustentáveis das favelas e quilombos do Rio de Janeiro, principalmente por seus mobilizadores comunitários que compartilharam experiências sobre seus projetos e sua relação com o tema do ano: justiça climática. Também foi crucial a participação da própria comunidade do Salgueiro, que abriu sua casa para acolher a Rede com imenso afeto, aliados técnicos da RFS, e a equipe da Comunidades Catalisadoras (ComCat)*.

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Vivenciando a Rede Favela Sustentável (2022 Retrospectiva)

Vídeo 2022

Em 2022, a Rede Favela Sustentável pôde vivencia a energia das atividades presenciais novamente, ganhando força com recursos novos para o início do Projetão de Justiça Climática nas Favelas.

O Vale Encantado concretizou a implantação de um biossistema para tratamento de esgoto e painéis solares na comunidade, com repercussão internacional. O CEM (Centro de Integração da Serra da Misericórdia) realizou o intercâmbio sobre soberania alimentar. E ainda a Cooperativa Transvida realizou um intercâmbio sobre reciclagem de resíduos sólidos na Vila Cruzeiro.

Além disso, as comunidades do Salgueiro e Trapicheiros foram anfitriões para o curso de Mobilização Socioambiental facilitado pelo Alfazendo (Cidade de Deus). A RFS e o PUF (Painel Unificador das Favelas) realizaram o curso de pesquisa que resultou no relatório 'Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados, Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação', que reúne dados inéditos e impactantes sobre água e luz nas favelas.

A RFS ainda capacitou lideranças para a replicação do projeto Teto Verde Favela (Arará) no Centro Comunitário Irmãos Kennedy (Vila Kennedy).

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O Que É Morar e Plantar na Favela? Intercâmbio da Rede Favela Sustentável com o Centro de Integração da Serra da Misericórdia Planta Sementes da Soberania Alimentar na Favela

CEM

"Quando a gente fala de uma área verde na favela, a gente está falando de bem-viver e de construir outras alternativas para viver bem neste local!” — Ana Santos, coordenadora do CEM

A Serra da Misericórdia, o último e maior remanescente de floresta na Zona Norte do Rio de Janeiro, recebeu no dia 6 de agosto o primeiro intercâmbio presencial pós-pandemia organizado pela Rede Favela Sustentável. O anfitrião da troca de saberes entre lideranças comunitárias de toda a região metropolitana foi o CEM - Centro de Integração na Serra da Misericórdia, na Terra Prometida, comunidade do Complexo da Penha.

O intercâmbio emocionante no CEM gerou em torno do tema da soberania alimentar, instigado por Ana Santos e dos demais integrantes da instituição que atua na produção de alimentos agroecológicos em diversos quintais produtivos do Terra Prometida, nas área desmatadas do entorno, e também na sua sede comunitária e casa de apoio da organização.

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Rede Favela Sustentável Organiza Intercâmbio no Dia Mundial da Limpeza com Cooperativa de Reciclagem Transvida na Vila Cruzeiro [VÍDEO]

No Dia Mundial da Limpeza, integrantes da Rede Favela Sustentável se uniram na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, para apoiar a Cooperativa Transvida no CIEP Brandão Monteiro, para um dia focado em resíduos sólidos.

Foram realizadas oficinas sobre compostagem, produção de artesanato reciclado, jardinagem vertical, entre outras, com 113 pessoas presentes. A primeira cartilha para membros da RFS foi lançada em apoio à Cooperativa Transvida, com integrantes da rede distribuindo mais de 100 exemplares enquanto andavam pela comunidade ao final das atividades do dia.

“Temos que conscientizar as pessoas a separar todos os seus resíduos, não só os adultos, como também as crianças. Cada um deve ter responsabilidade sobre seus resíduos, que a gente chama de lixo, mas não é lixo, são resíduos!” — Dona Josefa do Verdejar Socioambiental .

Acesse a Cartilha da Cooperativa Transvida e leia a matéria do evento na íntegra!

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Pesquisar Também É ‘Nós Por Nós’! Lideranças e Jovens de 15 Comunidades Convidam para Coletiva de Imprensa e Lançamento do Relatório ‘Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’ [RELEASE]

No mesmo ano em que o Censo do IBGE vem sendo realizado, após mais de uma década sem dados oficiais atualizados sobre o território nacional, surge o relatório, “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, rico em dados produzidos por 30 jovens e 15 lideranças de 15 favelas em 5 municípios do Grande Rio. 1156 famílias prestaram depoimentos sobre o acesso, qualidade e eficiência da água e luz em suas casas. Os dados apresentados escancaram como o racismo ambiental, relacionado às questões hídricas e energéticas, se apresenta no cotidiano dos 15 territórios pesquisados.

Baixe o relatório: https://bit.ly/RelatorioJusticaHidricaEnergeticaNasFavelas

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O Esgoto Mais Limpo do Rio Está na Favela? Vale Encantado Inaugura Biossistema e Trata Esgoto

Este vídeo foi produzido para ser utilizado pela imprensa na divulgação do biossistema do Vale Encantado. Encorajamos à mídia, parceiros e interessados a embutir o vídeo diretamente em suas matérias ou, em caso de utilizar trechos para suas reportagens, pedimos que atribuem à Rede Favela Sustentável.

O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência e incubadora de práticas sustentáveis. No dia 04 de junho de 2022, a comunidade Vale Encantado receberá jornalistas, lideranças comunitárias, e aliados para a coletiva de imprensa e o lançamento oficial da mais nova e maior conquista da comunidade até hoje: um biossistema que faz o tratamento completo do esgoto local, mantendo a floresta em torno limpa e protegendo a saúde dos moradores.

O evento será realizado na cooperativa da comunidade, também beneficiada por recentes investimentos sustentáveis através da instalação de painéis solares.


Saiba mais: https://bit.ly/ReleaseDoVale

Faça parte do lançamento e coletiva: https://bit.ly/LancamentoNoVale

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O Esgoto Mais Limpo do Rio Está na Favela? Comunidade Sustentável Vale Encantado, no Alto da Boa Vista, Convida para a Inauguração do Biossistema para Tratamento de Esgoto e Painéis Solares [RELEASE]

Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]

Trinta anos depois da Eco 92, coletiva de imprensa e evento de lançamento, no dia 30 de abril, contarão com a presença de moradores e aliados que estão à frente dos projetos. Clique aqui para se inscrever. [Versão em PDF]

O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência e incubadora de práticas sustentáveis. No dia 30 de abril, as famílias e aliados irão receber jornalistas e lideranças de comunidades do Grande Rio para uma coletiva de imprensa e o lançamento oficial da mais nova e maior conquista da comunidade até hoje: um biossistema que faz o tratamento completo do esgoto local, mantendo a floresta em torno limpa e protegendo a saúde dos moradores. O evento será realizado na cooperativa da comunidade, também beneficiada por recentes investimentos sustentáveis através da instalação de painéis solares.

Um Sonho Realizado Trinta Anos Após a Eco 92

A comunidade do Vale Encantado foi fundada no século XIX por trabalhadores nas plantações de café, antes da região ser reflorestada se tornando a Floresta da Tijuca, uma das maiores do mundo em perímetro urbano. Após 150 anos o Vale Encantado se encontrou isolado na floresta, sem poder mais ganhar a vida através da extração de recursos naturais do entorno. Hoje, de acordo com o último censo realizado pela Associação de Moradores, cerca de 100 pessoas compondo 40 famílias moram nas 27 casas da comunidade. 

A história do Vale Encantado vem migrando mais intencionalmente na direção da sustentabilidade há 30 anos, desde a Eco 92 quando a mudança das políticas ambientais da prefeitura impactou a geração de renda local, que antes vinha da mineração (e antes disso do café e floricultura). 

No início dos anos 2000, um dos moradores, Otávio Alves Barros, hoje presidente da Associação de Moradores e da cooperativa do Vale, com ajuda de parceiros, percebeu a necessidade e o potencial de se voltar para uma abordagem sustentável, com base no ecoturismo e culinária local vegetariana realizada pelas moradoras da comunidade aproveitando alimentos da floresta e das hortas caseiras. Aos poucos fez uso também de tecnologias verdes para poder realizar o desenvolvimento da comunidade e combater ameaças de remoção. Sempre atraindo parceiros, Otávio realizou projetos de energia solar para aquecimento de água e um biodigestor para processar restos de comida que atendesse o restaurante da cooperativa, onde recebia os turistas e servia as delícias vegetarianas. Em seguida, a cozinha do restaurante usava o gás gerado pelo biodigestor para cozinhar.

Apesar destas vitórias, a maior contaminação da comunidade no ambiente continuava. Com dificuldades para atender muitas regiões do Rio, seria difícil imaginar a concessionária chegar um dia com saneamento básico neste local pequeno e isolado. E isso afetava a qualidade de vida e a geração de renda local.

“Atuando como guia de turismo, levava os turistas até uma cascata que tem aqui. Eles perguntavam se podiam tomar banho e eu dizia que não. Isso me motivou a procurar soluções.” — Otávio Alves Barros

Trabalhadores moradores da comunidade fazem manutenção no biossistema. Foto: Douglas Dobby

Biossistema: Uma Solução Acessível, Descentralizada e Sustentável para o Tratamento de Esgoto

Em 2015, o biossistema de saneamento ecológico do Vale Encantado começou a ser desenvolvido através de uma nova parceria, desta vez com pesquisadores da PUC-Rio que ganharam um edital da FAPERJ para a construção de um biodigestor de porte e tamanho apropriado e dimensionado para tratar o esgoto de todas as casas do Vale Encantado, porém neste primeiro instante completando a conexão apenas das cinco primeiras casas

Em 2021 a Rede Favela Sustentável* (RFS), através da organização gestora Comunidades Catalisadoras (ComCat), e o Instituto Ambiente em Movimento, através da ONG Alemã Viva Con Agua, atraíram os recursos faltantes para realizar a conclusão do sistema conectando todas as casas à rede completa de saneamento. Através desses apoios e com a parceria técnica da Taboa Engenharia, que também participou da construção do biossistema e do biodigestor do restaurante, todas as 27 edificações do Vale Encantado terão tratamento completo e ecológico de esgoto, feito dentro da própria comunidade, a partir de 30 abril de 2022.

A parte final da obra começou a ser feita em outubro de 2021 através do mapeamento do local, visitas às casas e conversas com moradores para dialogar sobre o projeto. Após essa etapa, todos os trabalhadores, moradores da própria comunidade, que atuariam como assistentes de obra participaram de uma capacitação em instalações hidrossanitárias pelos engenheiros da Taboa Engenharia. Em janeiro foi iniciada a obra. Foram feitas, pelos moradores, as instalações das tubulações ligando as 27 casas ao biossistema, e também reparos no biodigestor e na zona de raízes—tecnologia de pós-tratamento que desempenha importante função na etapa seguinte à biodigestão.

“Meu sonho é que aqui possa ser um dia um ponto turístico para gerar renda para as famílias que são mais vulneráveis.” — Otávio Alves Barros

A canalização e o tratamento do esgoto são os principais ganhos que o biossistema de esgoto gera para o Vale Encantado. Boa parte do esgoto era jogado no córrego que corta a comunidade, causando mau cheiro, maior incidência de ratos e baratas, além da contaminação das nascentes da região. Mas além do tratamento, o sistema vem gerando oportunidades para os moradores.

“Aumentou bastante a visitação querendo conhecer a comunidade que faz o tratamento de esgoto. Então, com isso, conseguimos ter passeios turísticos. Tem toda uma geração de renda com base no sistema de tratamento de esgoto.” — Leonardo Adler

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