Atividades Gisele Comcat Atividades Gisele Comcat

Rumo a Brasília pela Energia Justa

Semana Mundial da Energia 27-29 de maio de 2024 - Brasília, DF

QUEM SOMOS?

Uma delegação formada por 19 mobilizadores de favelas do Grande Rio de Janeiro, entre jovens e veteranos, e 7 aliados técnicos, integrantes da Rede Favela Sustentável que vêm pesquisando e gerando soluções energéticas nas favelas. Em 2023 publicamos a pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, que traz à tona a injustiça energética que vivemos. A pesquisa representa uma iniciativa de geração cidadã de dados em 1200 domicílios de 15 favelas do Grande Rio. Juntas, as comunidades representadas pela delegação contam com mais de 1,2 milhões de habitantes.


O QUE VAMOS FAZER EM BRASÍLIA?

Levaremos ao conhecimento de autoridades federais os dados da pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, junto de histórias de moradores impactados, e soluções desenvolvidas pelos próprios territórios. Realizaremos uma reunião pública no Congresso, reuniões particulares com autoridades interessadas, e participaremos da audiência pública "Transição Energética Justa: Papel Social da Energia Solar" no Dia Mundial da Energia. Assessores parlamentares, jornalistas e todos os interessados, são bem-vindos. Veja a programação completa no fim desta página.

PARCERIOS NACIONAIS

Além dos integrantes fluminenses, as seguintes organizações de atuação nacional foram fundamentais para o desenvolvimento da programação e estarão ativas durante as atividades da Semana da Energia em Brasília: Instituto Internacional Arayara, ClimaInfo, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Pólis, Lemon Energy, Nordeste Potência e Revolusolar


NOSSAS PAUTAS:

1. Renovação das concessões de energia elétrica: levantaremos questões sobre o acesso e qualidade da energia que chega às favelas e a relação com as condições da renovação das concessões.

2. Tarifa social: compartilharemos como a energia elétrica tem adquirido nova centralidade nas favelas e as dificuldades geradas pela falta efetiva do acesso à uma tarifa acessível.

3. Energia solar social: entenderemos como a adoção e o acesso à energia solar nas favelas pode ser uma solução, inclusive para as questões levantadas nos outros ítens, proporcionando autonomia e sustentabilidade às comunidades enquanto contribuindo com a sociedade como um todo.


ALGUNS DADOS DA NOSSA PESQUISA

  • 55,2% das pessoas representadas na pesquisa se encontram abaixo da linha da pobreza.

  • 41,5% das famílias que ganham até meio salário mínimo ficaram, nos últimos 3 meses, mais de 24 horas sem luz.

  • 32,1%perderam eletrodomésticos por causa de falhas na rede elétrica.

  • As famílias pagam, em média, duas vezes mais do que a capacidade de pagamento

  • 31% das famílias comprometem uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz.

  • 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída.

  • Os dados evidenciam o ‘gato’ como o único mecanismo para acessar energia entre os mais pobres. Conforme a renda aumenta, a maioria das famílias afirma não ter ‘gato’.


  • 68,7% não conhecem a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).

  • 59,55% das famílias atendem ao critério de renda para usufruir da Tarifa Social, entretanto somente 8,04% afirmaram receber o benefício.

  • 73% das famílias que ganham até meio salário mínimo afirmaram não fazer reclamações ou solicitar serviços para a concessionária. Conforme a renda aumenta, o conforto em buscar a concessionária aumenta: só 33% dos acima de quatro salários dizem não fazer reclamações à concessionária.

  • O ar condicionado é responsável por mais da metade (51,4%) do consumo de energia na amostra.

  • Entre os entrevistados, 78% sempre lembra de apagar a luz ao sair de um ambiente e 67% dá preferência a lâmpadas LED.

  • 50,6% afirmaram saber o significado da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). 


SOLUÇÕES

Além dos mobilizadores-pesquisadores que levantaram e apresentarão estes dados, a delegação contemplará quatro lideranças realizando soluções na ponta para os desafios mencionados.

Luis Cassiano do Teto Verde Favela trará a experiência do teto verde no Parque Arará, Zona Norte do Rio, onde a temperatura abaixo do seu teto, no verão, diverge dramaticamente dos seus vizinhos, experiência já citada em diversas televisões pelo Brasil e o mundo.

Otávio Barros da Cooperativa Vale Encantado compartilhará a experiência do biossistema responsável pelo tratamento do esgoto da comunidade, e do biodigestor que gera gás na cozinha da cooperativa.

Nill Santos emocionará com a história de sua Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social, para mulheres vítimas de violência, que achou na energia solar uma forma de geração de renda e independência.

E Dinei Medina instigará, a partir de sua experiência na primeira cooperativa de energia solar em favelas do Brasil, a Revolusolar, uma compreensão do enorme potencial que a geração distribuída, realizada nas favelas, poderá acarretar para toda a sociedade.


IMPERDÍVEL! PARTICIPE!
PROGRAMAÇÃO

Participe das seguintes atividades abertas ao público. É só chegar!

  • Segunda-feira, 27 de maio
    Horário:
    9-12h
    Descrição: Lançamento da Semana Mundial da Energia—Reunião Pública no Congresso: "Justiça Energética nas Favelas: Dados e Soluções da Ponta" a mais completa apresentação dos dados, histórias e soluções a ser realizada na semana sobre o tema da injustiça energética e o complemento ideal aos tópicos que serão abordados na Audiência Pública de quarta-feira (veja abaixo).
    Local: Plenário 19 do Anexo II da Câmara dos Deputados

  • Quarta-feira, 29 de maio
    Horário:
    9-12h
    Descrição: Organizada pela Comissão
    Permanente de Minas e Energia, Audiência Pública no Congresso Nacional sobre "Transição Energética Justa: Papel Social da Energia Solar"
    Local: Plenário 14
    do Anexo II da Câmara dos Deputados

Apresentações fechadas serão realizadas também com o Ministério Minas e Energia, ANEEL, Ministério das Cidades, e com a Frente Ambientalista do Congresso Nacional. Caso tenha interesse em receber a comitiva em seu gabinete, entre em contato através do contato abaixo.

Leia mais
Atividades Gisele Comcat Atividades Gisele Comcat

Conheça a Comitiva RFS

Semana Mundial da Energia 27-29 de maio de 2024 - Brasília, DF

QUEM SOMOS?

Uma delegação formada por 19 mobilizadores de favelas do Grande Rio de Janeiro, entre jovens e veteranos, e 7 aliados técnicos, integrantes da Rede Favela Sustentável que vêm pesquisando e gerando soluções energéticas nas favelas. Em 2023 publicamos a pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, que traz à tona a injustiça energética que vivemos. A pesquisa representa uma iniciativa de geração cidadã de dados em 1200 domicílios de 15 favelas do Grande Rio. Juntas, as comunidades representadas pela delegação contam com mais de 1,2 milhões de habitantes.


Leia mais
English Posts Gabriela Buffon Vargas English Posts Gabriela Buffon Vargas

This World Water Week, Discover Insights from Four Favelas Facing Growing Water and Electricity Challenges, at the Final Launch of the ‘Water and Energy Justice in Favelas’ Report

March 18, 2024—Last month, communities affiliated with the Sustainable Favela Network (SFN)* and the Favelas Unified Dashboard (PUF)* held the final local data launch from the report “Water and Energy Justice in the Favelas: Community Researchers Gather Data Revealing Inequalities and Calling for Action” at Galeria Providência.

Participants of the final data launch event of the Water and Energy Justice report in Rio de Janeiro favelas. Photo: Bárbara Dias

Data on Water and Electricity in Four Favelas, Launched at Final Event of its Kind

The local data launches of the report “Water and Energy Justice in the Favelas: Community Researchers Gather Data Revealing Inequalities and Calling for Action” held throughout 2023-2024 in the 15 communities that were surveyed by the Sustainable Favela Network, go against the grain of what typically happens once data are collected. Instead of focusing immediately on presenting the research to government officials and decision-makers, or storing it in libraries and archives, the focus was on returning to the communities surveyed, debating the results, enhancing knowledge, and strengthening access to information for the local population, so that together residents can come together, informed, to advocate for their rights.

The launches were moments of intense exchange between young researchers, community leaders, and residents, with the final event on February 24 launching local data to residents of Providência, PPG, Macacos, and Pedreira favelas, with several other communities also present. In their communities, young researchers identified the challenges faced by residents regarding water and electricity provision by private utilities Águas do Rio (water) and Light (electricity), revealing an alarming lack of quality access to these services. Testimonials at the launch event made it clear that there has been a deterioration in services rendered since the research was conducted in 2022, with particular emphasis on water access and quality.  

Twelve of the 30 youth that carried out research for the report “Water and Energy Justice in the Favelas” of Greater Rio. Photo: Bárbara Dias

Research By and For the Favelas

When government neglects its responsibility to conduct research that is needed to inform the provision of basic services, who is left to do the work? In yet another domain, it is the “by us for us” approach that offers the only way out for favela residents. It is up to residents themselves to self-organize and generate their own research. This is how the report “Water and Energy Justice in the Favelas” came about.

“Historically, we fought with the resources we had, but I think that being able to fight in this manner [with data] gives us a different advantage. Having information and data about the place where we live adds a factor of dignity and respect that puts us in a different light [when fighting for rights].” – Hugo Oliveira, Galeria Providência

The data from the report, in general, reveal that water is more scarce in Rio’s favelas than previously understood, relying on pumps and water tanks to ensure access. The data on electricity is equally concerning in the context of climate change, especially when accessing water requires electricity. Among other issues, many residents are not served by Light, the electric utility, and when they are, cases of abusive billing are frequently reported, along with blackouts, power surges, equipment damage, and days-long power outages.

The report provides insights into water and energy justice in the favelas of Rio de Janeiro. Photo: Bárbara Dias

Leia mais
Atividades Gisele Comcat Atividades Gisele Comcat

Exposição ‘Memória Climática das Favelas’ Chega a Santa Cruz, Levando ao Público Jovem a História de Cinco Favelas Cariocas Sobre o Clima

Estudantes da Escola Municipal Aldebarã participaram da abertura da Exposição Memória Climática das Favelas, em Santa Cruz. Foto: Bárbara Dias

A exposição Memória Climática das Favelas, organizada pelos museus e projetos de memória integrantes da Rede Favela Sustentável, está em exibição do dia 1º a 31 de março, no Palacete Princesa Isabel, Centro Cultural de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Organizado pelo @nophecomuseu, o evento de abertura da exposição ocorreu nesta sexta (01) na presença de integrantes do NOPH, de estudantes e professores de ensino fundamental da Escola Municipal Aldebarã (@emaldebaranews), que além de prestigiarem a exposição, participaram também de uma apresentação sobre o processo de construção das rodas de memória climática e de uma apresentação artística de slam, realizado pelo @coletivofavelatemvoz.

“Depois de ter passado por duas grandes enchentes aqui em 2017 e 2018, foi muito importante trazer esse trabalho pro bairro de Santa Cruz, porque a gente sempre via muito pela televisão, casos de enchentes e deslizamentos, mas aqui quase não acontecia. Era muito difícil de ver mas, em dois anos seguidos, (tivemos grandes) enchentes aqui… Eu achei interessante mostrar para o bairro e para as comunidades o que acontece quando a gente não faz o nosso trabalho, quando a gente não tem o conhecimento do que está acontecendo, quando a gente não percebe que pequenas mudanças no meu espaço mudam o espaço inteiro. E aí eu apoiei o trabalho, por questões mesmo de passar para o bairro a importância da nossa memória climática, para entender como que acontecia e como que acontece hoje. Esse trabalho de entender e perceber mudanças, é o principal objetivo… Eventos [climáticos] que aconteciam de oito em oito anos estão [hoje] acontecendo de ano em ano. É uma mudança rápida.” — Leonardo Ribeiro, cria e historiador de Antares

Escrito por 📝 📷 Bárbara Dias @barbaradiasphoto .🔗 Leia a matéria completa no portal do Rio On Watch!

*A Rede Favela Sustentável (RFS) e o RioOnWatch são ambos facilitados pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras (ComCat).

Leia mais
Atividades Gabriela Buffon Vargas Atividades Gabriela Buffon Vargas

Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Leia os Relatórios Gerais e Locais da Pesquisa

Entre 2022 e 2024, lançamos os relatórios gerais e locais com os dados frutos do Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’, que contou com a participação de 30 jovens e 15 lideranças de 15 diferentes territórios do Grande Rio, mirando a desmistificação do processo de coleta e compreensão de dados, e garantindo o controle na geração de dados pelos próprios territórios.

Os relatórios foram lançados em diversos eventos, online e presenciais, que contaram com a presença não só dos pesquisadores como dos moradores onde a pesquisa foi realizada, permitindo que os resultados retornassem ao local de origem após a pesquisa.

Lançamento de dados em Mesquita em 22/03/2023

Confira os relatórios:

Leia mais
Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas

Dados Sobre Água e Luz em Quatro Favelas Lançados em Último Evento do Tipo, Revelando Novamente Desigualdades

No último sábado (24) do mês de fevereiro de 2024, a Rede Favela Sustentável (RFS), e o Painel Unificador das Favelas (PUF), realizou na Galeria Providência, no morro da Providência, região central do centro do Rio de Janeiro, os últimos Lançamentos de Dados do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação” dos territórios da Providência (Zona Central), PPG (Pavão, Pavãozinho e Cantagalo) (Zona Sul) , do Complexo da Pedreira (Zona Norte) e do Morro dos Macacos (Zona Norte).

Participantes do evento do Lançamento final de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

No último sábado (24) do mês de fevereiro de 2024, a Rede Favela Sustentável (RFS), e o Painel Unificador das Favelas (PUF), realizou na Galeria Providência, no morro da Providência, região central do centro do Rio de Janeiro, os últimos Lançamentos de Dados do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação” dos territórios da Providência (Zona Central), PPG (Pavão, Pavãozinho e Cantagalo) (Zona Sul) , do Complexo da Pedreira (Zona Norte) e do Morro dos Macacos (Zona Norte).

Esses lançamentos de dados nas comunidades, fazem parte de uma grande pesquisa realizada por mobilizadores jovens e veteranos de diversas favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro, que em seus territórios puderam pesquisar os desafios enfrentado por moradores  no serviço de fornecimento de energia elétrica e de abastecimento de água pelas concessionárias, revelando uma grande desigualdade de acesso a esses serviços. O relatório foi o resultado do curso “Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, que foi realizado com o objetivo de desmistificar o processo de coleta e compreensão de dados e garantir o controle na geração cidadã de dados pelos próprios moradores, mirando na  incidência política, a partir da compreensão e debates sobre dos dados coletados.  

Doze dos 30 jovens que participaram da pesquisa do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

Participaram da pesquisa, 30 jovens e 15 lideranças de 15 favelas espalhadas pelo Grande Rio, entre maio e junho de 2022. As comunidades participantes, no município do Rio de Janeiro foram: Cidade de Deus, Complexo da Pedreira, Itacolomi, Jacarezinho, Morro dos Macacos, PPG (Pavão, Pavãozinho e Cantagalo), Providência, Rio das Pedras e Vila Cruzeiro. Na Baixada Fluminense: Coréia, Cosmorama e Jacutinga em Mesquita; Dique de Vila Alzira em Duque de Caxias; Éden em São João de Meriti; e Engenho em Itaguaí.

Pesquisa feita da favela, para a favela

Quando ocorre a negligência dos poderes públicos com uma grande parte de territórios de uma metrópole como o Rio de Janeiro na realização de pesquisa que forneçam dados para se pensar em políticas públicas, prestação de serviços básicos e outras inclusões sociais que os moradores das favelas necessitam, cabe aos moradores do território, se auto organizarem, para que eles próprios possam fazer esse movimento. Foi a partir dessa premissa que o foco da pesquisa que deu origem ao  relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas” foi pensado e executado. 

Os dados sobre a água, puderam evidenciar que esse direito básico, é um recurso escasso nas favelas, pois, uma parte considerável de população, vem ao longo dos anos sofrendo com problemas que vão desde o abastecimento, qualidade, além de vazamentos, valores altos da conta e não atendimento de questões básicas pelas concessionárias de água.

Relatório de dados de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias 

Os dados sobre energia elétrica, é outro fator bastante problemático, já que, muitos moradores não conseguem ser atendidos pelas empresas concessionárias, e quando os mesmos o são, os casos de valores elevados na conta são relatados com frequência, além, de apagões, picos de luz, queima de equipamentos e falta de energia elétrica por dias. 

Evento de apresentação dos dados para o território contou com a presença de lideranças e jovens que participaram da pesquisa

As atividades do dia se iniciaram com Gisele Moura, coordenadora da equipe de gestão da Rede Favela Sustentável (RFS), apresentando o que foi o projeto:

“Então essa pesquisa foi realizada em 15 favelas onde a gente tem a apresentação das últimas 4, que é: Pedreira, Providência, PPG e Macacos, a apresentação vai ser feita pelos jovens pesquisadores, os mobilizadores estão aqui, e vocês receberam um relatório que dialoga com o que será apresentado aqui.” – Gisele Moura, coordenadora da equipe de gestão da RFS

Da esquerda para direita: Mikael Ângelo, Bruno Tavares, Hugo e Edilma de Carvalho, da Providência, na abertura do lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

Ela termina a apresentação, sua fala de abertura, chamando os anfitriões do território da Providência, para falarem sobre todo o processo e importância da pesquisa. Hugo, da Galeria Providência fala sobre a importância da pesquisa:

“Eu acho que é um momento extremamente importante para a gente conseguir concluir qualquer processo, e consolidar, fechar um projeto dessa magnitude,  é ainda mais inspirador para outras favelas e para gente, que vem dos ambientes que a gente vem. Eu acho que hoje é um dia muito especial, um marco para nossa vida, ter um material como esse, impresso, que demonstra a qualidade que a gente está pensando sobre geração de dados, para trabalhar cada vez mais as demandas dos nossos territórios, é uma mudança de postura social, de como o Governo os gestores de política pública, vão encarar os representantes do territórios. Historicamente a gente estava sempre lutando com as forças que a gente tinha, mas eu acho que poder lutar dessa forma, traz uma outra postura. Ter informações e dados a respeito do lugar onde a gente mora, tem um fator de dignidade e de respeito que nos coloca em outro lugar.” –  Hugo, Galeria Providência

Edilma de Carvalho, também da Galeria Providência dá as boas vindas de fala sobre a necessidade desse tipo de pesquisa nos territórios de favelas:

“Porque não falarmos de sustentabilidade também como o nosso povo? É preservação da vida humana, é nosso direito também. Não é o poder econômico que pode ditar quem pode viver ou não, por isso estamos avançando, e muito me alegra como educadora, avançar nesse aspecto de de trazer conhecimento, conhecimento que pode sim, ser popularizado, pois, no passado  nós tínhamos  os teóricos, dentro do território nos pesquisando, e por que não nós? O que nos impede? Temos menos inteligência, não! Só precisamos de mais oportunidades!”  – Edilma de Carvalho, Galeria Providência  

Dados sobre o acesso a água e luz revelam uma cidade em que os moradores das favelas não têm acesso a serviços básicos 

Após a abertura, os jovens da RFS que participaram da pesquisa, se apresentaram, dizendo seus nomes e territórios. Matheus Botelho, jovem da Coreia em Mesquita, explicou o contexto geral do curso e da pesquisa, que surgiu da necessidade de capacitar moradores para que eles pudessem pesquisar sua própria comunidade, além de apresentar os relatórios finais  e os sete relatórios específicos por território, onde são que apresentados os dados locais de cada favela ou das favelas agrupadas por regiões.

Matheus Botelho iniciou a apresentação do lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro, falando sobre o projeto e o processo que gerou os relatórios. Foto: Bárbara Dias

Dando sequência à apresentação, os jovens demonstraram como a pesquisa foi realizada, com dados demográficos, e sobre quais aspectos foram analisados, no caso da água foram considerados o acesso, fonte, equipamentos e falta. Os dados das comunidades que estavam apresentando os resultados, Providência, PPG, do Complexo da Pedreira e do Morro dos Macacos, foram então, expostos ao público, que pode comentar sobre os resultados, em relação às suas experiências.

No morro dos Macacos 99% dos entrevistados disseram que possuem água na torneira, já no PPG esse número cai para 84%, com 16% dizendo não receber água direto da torneira, e que água só chega através das “manobras”, que permitem o acesso em apenas em alguns dias da semana. Um morador do PPG, contou sobre sua experiência relatando que inclusive esses serviços pioraram bastante, com a privatização da CEDAE pela concessionária Águas do Rio

“A gente percebeu que houve um grande problema de abastecimento, com aumento de desperdício, pois o material que a Águas do Rio utiliza é um material de baixa qualidade e muitos casos a gente percebeu que além do  desperdício, a falta de água, e talvez esse numero ai até tenta aumentado. Eu por exemplo eu já fiquei sem água por causa da dificuldade de abastecimento das Águas do Rio.”  – João Victor Teodoro do MUF / PPG Social

Letícia, moradora da Providência faz uma fala contando sua experiência com a falta de água na sua casa, durante o lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

Letícia, moradora da Providência, outro território, deu seu relato sobre a piora na situação da entrega de água em sua residência: 

“A água é zero, pra gente ter acesso a água a gente acorda de madrugada, pra encher tudo que é vasilha, lavar louça, lavar roupa, Quando dá seis e pouca da manhã já não tem mais água. Tem que ficar sentada lá, [...] A gente arruma nossos filhos para ir para escola, não tem água na escola… Aí a gente tem que arrumar alguém para olhar as crianças e correr atrás do trabalho, para fazer as coisas do dia-a-dia, depois que entrou a nova empresa, não temos mais água.” – Letícia, Galeria Providência. 

Outros moradores seguiram relatando que o acesso a água piorou muito com a nova empresa, com ineficiência de distribuição, inclusive nas partes baixas das favelas, situação que não ocorria anteriormente. Houveram relatos também de aumentos nas contas de água e cobranças indevidas, por parte de alguns moradores. 

Os dados relacionados ao acesso de luz, qualidade da luz e eficiência da luz, apresentados, também não são muito diferentes, e ainda revelam um dado ainda mais alarmante, que 56% dos entrevistados vivem em situação de pobreza energética, ou seja, que suas contas de luz consome mais de 10% da renda familiar mensal, o recomendado é que o valor não ultrapasse 7%. Desses que vivem em pobreza energética 69% informaram que se não gastassem tanto com a conta, eles gastariam mais com alimentos, caso suas contas de luz fossem reduzidas.

Sobre os dados pesquisados sobre energia elétrica, o jovem Matheus Edson, do Rio das Pedras, explica que foram pesquisados o acesso, a fonte, os equipamentos e os preços das contas. O Jovem Mikael Angelo Lopes, da providência, explica que na providência a pesquisa demonstrou que 99% possui acesso a energia elétrica, porém alguns moradores presentes, pontuaram que em algumas áreas da favela as pessoas não têm acesso à luz ou o fornecimento é intermitente. 

“Na parte alta na ‘toca’ tem moradores que estão a uma semana sem luz, a nossa luz ontem mesmo ela passou indo e vindo, nem a lâmpada sustentava acessa, imagina sem um ventilador nesse calor. Eu tenho três crianças pequenas em casa e a gente não consegue dormir. Consequentemente, no dia seguinte está todo mundo cansado, tem que ir para escola, eu preciso trabalhar, meu marido precisa ir trabalhar, o dia não rende, infelizmente está sendo assim, agrava muito mais no verão.”  – Viviane, Galeria Providência 

Viviane, moradora da Providência faz uma fala contando sua experiência com a falta de energia na sua casa, durante o lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

Esses relatos são muito frequentes, a mesma moradora informou que tem mais de dois anos que um poste está quase caindo em cima de uma residência. Segundo os moradores, a empresa concessionária Light tem um procedimento recorrente de negar atendimento em determinadas áreas da comunidade, por ser considerado “área de risco”. 

 “O problema não é pagar, se a gente tiver um serviço de qualidade, o problema não é pagar, é ter um serviço. Se as pessoas vão para o gato, é porque o poste não chega até a gente, a luz não chega até a gente, o relógio não chega até a gente.” – Viviane  SOBRENOME Galeria Providência 

Cobranças abusivas são também, sempre relatadas pelos moradores:

“Eu moro mais pra baixo e a minha conta de luz eu tenho, uma geladeira, um ventilador, dois ventiladores de teto , e a gente está sempre se policiando, por que a questão do consumo, você não está num lugar você apaga, a gente a minha conta de luz é R$ 470,00 reais e a  gente faz como, se você não paga eles vem e corta. Eu não tenho ar condicionado, quem tem paga R$: 800,00 a R$: 1000,00.” – Ednalda Oliveira, Galeria Providência 

Essa fala evidencia os dados pesquisados que se referem a pobreza energética, de uma cobrança muito alta pela concessionária de energia. 

Com a finalização da apresentação dos dados, as lideranças das favelas pesquisadas apresentaram, as propostas dentre elas a criação de um programa de postos comunitários de água e luz, com atendimento local nas comunidades, auxílios financeiros para aquisição de bombas de águas, trocas de eletrodomésticos e lâmpadas mais econômicas, e cadastramento de bombeiros e eletricistas locais,além da criação de taxas populares para a de conta de luz. 

E o que fazer com esses dados? Lembranças de um passado e apontamentos para ações futuras 

Num segundo momento, os participantes da atividade foram convidados a se dividirem em dois grupos, para a  partir dos dados, pensarem em propostas de resolução dos problemas apontados pela pesquisa e incidência política junto ao  poder público, pensando como eram as questões relacionadas a água e luz, nu recorte de passado, presente e futuro. Foi um momento de construção coletiva, onde moradores das comunidades da Providência, PPG, Pedreira e Macacos puderam dialogar entre si, chegando a consensos e a propostas para ações futuras. 

Jovens da Providência,  Mikael Ângelo, Bruno Tavares,  anotam as contribuições dos moradores no quadro, durante o evento de  lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias

Os jovens da Providência puderam anotar as contribuições num quadro, organizando as ideias dos participantes. Os moradores mais antigos, das favelas lembraram as dificuldades de não ter energia elétrica e da necessidade de usar lamparinas e lampiões, no caso da dificuldade de acesso à energia elétrica, e no caso da água coleta de água da chuva e busca por fontes. Otávio Barros, do Vale Encantado deu seu depoimento:

“A água vinha das nascentes em bambus gigantes, por uma calha, que levava a água para os tanques onde lavadeiras, lavavam as roupas, e tinham os boxes com chuveiros onde as pessoas tomavam banhos, por essa calha feita de bambu. E o banheiro era um buraco no chão, não tinha vaso sanitário.” – Otávio Barros, Vale Encantado 

No Grupo do PPG, houve também a escuta dos moradores da comunidade e de outros territórios também, Flavinha Concecio  do Complexo da Pedreira, fez um relato das dificuldades das favelas do subúrbio, para enfrentar situações relacionadas às questões de água e luz, do descaso do poder público na resolução de problemas, ela citou o exemplo das últimas enchentes que aconteceram na Zona Norte e Baixada Fluminense

“O rio de Acari enche, aquela parte de baixo Fazenda Botafogo,  do Complexo da Pedreira, toda aquela região ali, enche tudo. E a gente fica uma semana, 15 dias, 30 dias… Tem moradores que estão desde a enchente sem água, estão recebendo doações de água mineral. Tem moradores que estão sem luz. [...] Pra gente que é finalzinho da Zona Norte, do subúrbio e da Baixada a gente sofre essas precariedades diretas, [é difícil] de conseguir uma solução.” – Flavinha Concecio, Complexo da Pedreira 

Favelas elaborando soluções para seus desafios nos seus territórios

Na parte final do evento de lançamento dos dados do territórios da Providência, PPG, Complexo da Pedreira e do Morro dos Macacos, algumas lideranças que desenvolvem projetos de impacto social e ambiental em seus territórios, foram chamadas a darem seus depoimentos, para os presentes, numa troca de experiências bem interessante. 

Na parte final do evento de  lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro, os participantes puderam ouvir relatos de experiências bem sucedidas em favelas. Foto: Bárbara Dias

Foram chamados a dar seus depoimentos Luis Cassiano, morador do Parque Arará e criador desenvolvedor do projeto Teto Verde Favela, que trabalha com eficiência energética  criando telhados verdes em sua comunidade e sua capacidade de reduzir temperaturas; Otávio Barros, do Vale Encantado que inovou ao criar um biossistema para tratamento de esgoto em seu território; e André Leonardo e Luiz Carlos do Morro da Formiga, que fazem um trabalho centenário de preservação das águas em suas comunidades. 

Luis Cassiano, explica que sua comunidade é um local extremamente quente, pois faltam áreas verdes, e que procurando soluções para essa questão, ele descobriu, pesquisou e criou uma técnica de um telhado verde adaptado à realidade da favela, para redução de temperatura e do consumo de energia elétrica: 

“Essa técnica que eu consegui desenvolver, é uma técnica leve que eu consigo colocar ela em cima de uma telha de fibrocimento, de uma tela de zinco, de uma telha que é usada nas favelas, é uma técnica que é possível. [...] A gente usa o bidim, que é um gel geotêxtil, onde as plantas vão enraizar ai em cima”  – Luis Cassiano, Teto Verde Favela 

Luis Cassiano demonstra como funciona o Teto Verde no evento de  lançamento de dados do relatório de justiça hídrica e energética nas favelas do Rio de Janeiro, no fim do dia os participantes puderam ouvir relatos de experiências bem sucedidas em favelas. Foto: Bárbara Dias

E ele faz a demonstração, numa maquete de uma casinha, para demonstrar a todos os presentes as plantas que são indicadas ao teto verde, principalmente aquelas que suportam a temperatura alta. 

Otávio Barros, do Vale Encantado, contou a sua experiência de como a comunidade conseguiu construir um  biossistema de saneamento ecológico, para resolver a questão do lançamento de esgoto nos corpos hídricos do território

“Eu juntei a comunidade, fizemos o projeto, e ai usando a mão de obra de comunidade, compramos o material, fizemos toda a canalização da comunidade que jogava dentro do rio, desviou por dentro da comunidade, coletando todo o esgoto e levou para a estação de tratamento, como a comunidade é íngreme, ia tudo por gravidade. na hora do tratamento de esgoto e do descarte. A gente criou uma cúpula onde o material orgânico, vai para esse compartimento, decanta e a água cinza sai em outro compartilhamento, e vai pra uns tanques que filtram o esgoto.” – Otávio Barros, do Vale Encantado

O dia de atividades da RFS se encerra com André Leonardo e Luiz Carlos do Morro da Formiga,  que fazem um trabalho centenário de preservação das águas em suas comunidades, mantido por uma equipe do mutirão de reflorestamento:

“O arco verde que envolve o formiga verde onde hoje tem árvores, era só capim colonião, chegava o verão tinham queimadas, hoje a formiga tem muito verde, muitos animais que aparecem lá, muita água também, por conta desse reflorestamento, mas já tinha essa água historicamente, tá só mantendo agora, né.” – André Leonardo do projeto formiga verde 

O dia de atividades da RFS se encerrou com histórias que apontam caminhos que levam a auto organização popular e comunitária como uma possibilidade das favelas de lidarem de forma criativa e autônoma, com seus desafios, na elaboração de projetos que visam diminuir os impactos causados pelas enormes desigualdades hídricas e energéticas que enfrentam seus moradores. Porém, não deixa de lado também a possibilidade de, a partir desses dados levantados pela pesquisa em 15 favelas, das comunidades se organizarem cada vez mais, para pressionar o poder público, a criação de políticas que também possam ser aplicadas na favela. 

Leia mais
Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas

Encontro das Águas na Cidade de Deus: Projeto Eco Rede Fortalece Identidade e Resgata Memória dos Rios da Comunidade

Rio Grande visto da ponte nova, na Cidade de Deus. Ao fundo, vê-se o Maciço da Tijuca. Foto: Gabrielle Conceição

Esta é a matéria final de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023. Ela também faz parte de uma série gerada por uma parceria com o Digital Brazil Project do Centro Behner Stiefel de Estudos Brasileiros da Universidade Estadual de San Diego na Califórnia, para produzir matérias sobre justiça ambiental nas favelas fluminenses.

Rio Grande visto da ponte nova, na Cidade de Deus. Ao fundo, vê-se o Maciço da Tijuca. Foto: Gabrielle Conceição

A primeira enchente que marcou a história da Cidade de Deus (CDD), na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi a do ano de 1966, que afetou toda a cidade. Neste ano, a marca que a enchente deixou foi do crescimento repentino da nova comunidade ao receber os atingidos das enchentes em outras favelas. Temos em nossa raiz a memória de sermos resultado da desapropriação de outras favelas para a Cidade de Deus, que teve sua fundação antecipada e justificada para abrigar essas pessoas em 1966.

No entanto, esta não seria a única enchente a marcar a história do território. A Cidade de Deus e, a região do entorno, de Jacarepaguá, AP 4, é uma área propícia a alagamentos, delimitada pelo Maciço da Pedra Branca, Maciço da Tijuca e o Oceano Atlântico, com uma rede intensa de sub-bacias hidrográficas. A CDD está na planície de inundação do Rio Grande, o que significa dizer, que desde seu planejamento, parte de um conjunto habitacional público, estaria exposto a alagamentos.

Leia mais
Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas

Os Contrastes Gritam na Baixada Fluminense: Os Caminhos do Rio Dona Eugênia e a Favela da Coreia, na Cidade de Mesquita

Represa Epaminondas Ramos do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O Parque possui dois acessos, pelo Caonze, em Nova Iguaçu ou pela Coreia, em Mesquita. Foto: Flávio Bravim

Esta é a terceira matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.

Represa Epaminondas Ramos do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O Parque possui dois acessos, pelo Caonze, em Nova Iguaçu ou pela Coreia, em Mesquita. Foto: Flávio Bravim

A Favela da Coreia, localizada na cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense, é uma das maiores da região. Ela faz divisa com vários bairros da cidade e com o município vizinho de Nova Iguaçu. Uma área de grande densidade populacional e urbana, mas de imensa riqueza natural, com florestas e rios.

Parte inseparável da história e da paisagem da Favela da Coreia, o Rio Dona Eugênia corta o território e marca a vida dos moradores. Ele já foi utilizado pela população local para brincadeiras, afazeres domésticos, como lavar roupa, cozinhar e lavar a louça e, até mesmo, para beber. No entanto, com o passar dos anos, a negligência do Estado em implementar políticas de moradia, esgotamento e coleta de resíduos sólidos está matando trechos inteiros deste rio, o que já está impactando a vida dos moradores da Coreia.

Leia mais
Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas

Em Terceira Maior Favela do Brasil, Rio das Pedras, Oscilações da Maré e Mudanças Climáticas Aumentam Alagamentos de Esgoto

Aos pés do Maciço da Tijuca, a paisagem da localidade do Areal 1, em Rio das Pedras. Foto: Matheus Edson Rodrigues

Esta é a segunda matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.

Aos pés do Maciço da Tijuca, a paisagem da localidade do Areal 1, em Rio das Pedras. Foto: Matheus Edson Rodrigues

Rio das Pedras está localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros de Jacarepaguá e Itanhangá, em uma área geográfica na cidade que é suscetível a inundações, tendo como delimitação, ao norte, o Maciço da Tijuca e, ao sul, a Lagoa da Tijuca. É possível identificar, no Mapa de Suscetibilidade a Inundações na Favela de Rio das Pedras, que a favela se expandiu rapidamente, se espraiando para extensas áreas da região da Baixada de Jacarepaguá, mais especificamente da Bacia do Rio das Pedras. Ao chegarem às margens do Rio das Pedras, os novos moradores, sobretudo migrantes que vieram trabalhar na Barra da Tijuca, construíram suas casas de maneiras diversas para atender suas necessidades. A favela cresceu muito e rapidamente, tanto de maneira vertical, quanto horizontal, tanto a montante, quanto a jusante do rio principal. Esse padrão de urbanização ocasionou diferentes problemas, além de potencializar o risco de enchentes.

Rio das Pedras sofreu diferentes mudanças espaciais durante sua urbanização que, somadas ao avançar das mudanças climáticas, tornam alguns eventos ambientais mais frequentes e destrutivos. As oscilações da maré têm atingido níveis mais altos do que antes. Além disso, essa água insalubre inunda áreas impermeabilizadas por asfalto e cimento, impossibilitando o escoamento e infiltração no solo. Sendo assim, esses locais também ficam alagados por mais tempo do que antes.

Leia mais
Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas Atividades, Matérias RioOnWatch Gabriela Buffon Vargas

Justiça Hídrica na Rocinha: Falta D’Água Crônica como Bandeira da População

Caixas d’água nas lajes das casas na Rocinha. Foto: Karen Fontoura

Esta é a primeira matéria de uma série sobre justiça hídrica nas favelas escrita por jovens moradores de favela e resultado do curso “Justiça Climática no Jornalismo Comunitário: Da Construção da Pauta à Redação da Notícia”. O curso, realizado pela equipe do RioOnWatch, em parceria com o GT Jovem da Rede Favela Sustentável (RFS), aconteceu nos meses de julho-setembro de 2023.

Caixas d’água nas lajes das casas na Rocinha. Foto: Karen Fontoura

Parte da paisagem, a caixa d’água é peça fundamental na estrutura de qualquer casa ou edifício do Rio de Janeiro, representando a dura realidade frequente da falta d’água na cidade. Assim como outros territórios de favela, a maior favela da cidade, a Rocinha, na Zona Sul, enfrenta há décadas dificuldades ainda maiores com relação à água, em todas as localidades da favela, uma luta antiga na vida de seus moradores.

As divergências dos dados históricos em relação ao número de habitantes de fato na comunidade sempre interferiu na criação de políticas públicas capazes de promover a qualidade de vida dos moradores. Por exemplo, a quantidade de água disponível nos reservatórios atualmente, com base nos dados do IBGE de 2010, já na época insuficientes, de 70.000 moradores, daria a cada morador, em média, 31,5 litros diários. Se considerado o dado populacional de 122.000 habitantes do programa Comunidade Cidade, o consumo atual cai para apenas 18 litros por morador.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de entre 50 e 100 litros de água por dia para suas necessidades básicas de consumo e higiene. A quantidade insuficiente disponível para os moradores da Rocinha evidencia a negligência do Estado em garantir o recurso mais básico, a água, para os moradores da maior favela da cidade.

Leia mais
English Posts Gabriela Buffon Vargas English Posts Gabriela Buffon Vargas

When Memories Collide: ‘Favela Climate Memory’ Exhibition Launched by Rio de Janeiro’s Sustainable Favela Network [VIDEO]

The Vila Autódromo favela used to occupy a much larger area on the edge of the Jacarepaguá Lagoon and Rio’s former racetrack. With a history marked by housing rights battles and resistance, Vila Autódromo is now home to the Evictions Museum—a community museum founded in 2016 following the forced eviction of hundreds of families in the period leading up to the 2014 World Cup and 2016 Olympics. Today, only a few houses and the São José Operário church remain. The Evictions Museum was founded there in 2016 with the mission of keeping alive the memory of communities threatened with eviction.

It is thus not by chance that the Evictions Museum was selected as the location to launch the Favela Climate Memory exhibition. The launch event featured a variety of activities encouraging reflection, discussion, and celebration of favela resistance experiences. On arrival, visitors could view five banners with a brief summary of the climate memory circles carried out by five favela museums.

Leia mais
Atividades Gisele Comcat Atividades Gisele Comcat

1º Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável Amplia Saberes e Tece Sustentabilidade Entre Favelas, Quilombos e Aldeias [VÍDEO]

No dia 6 de junho de 2023, 155 mobilizadores comunitários e aliados de 12 estados brasileiros—Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo—se reuniram online para participar do 1° Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes, com Favelas, Quilombos e Aldeias, com mobilizadores e moradores que, em homenagem à semana mundial do meio ambiente, se uniram para pautar a sustentabilidade pelas suas próprias vozes e vivências.

▶ Veja o vídeo: bit.ly/IntercambioNacionalRFSYouTube

🔗 Leia a matéria completa: bit.ly/IntercambioNacionalRFS2023ROW

Leia mais
Atividades Gisele Comcat Atividades Gisele Comcat

Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: Rede Favela Sustentável Lança Dados de Jacutinga, Coreia e Cosmorama [Matéria]

No Dia Mundial da Água, 22 de março, a Rede Favela Sustentável, Painel Unificador das Favelas, Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária em Mesquita, Associação de Mulheres de Edson Passos - AMEPA e Associação Centro Social Fusão, realizaram o lançamento do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga“. O evento contou com um público aproximado de 100 pessoas e transmissão ao vivo no site da Prefeitura Municipal de Mesquita.

Estiveram presentes moradores das comunidades pesquisadas, a Coreia, Cosmorama e Jacutinga, e também a maior favela de Mesquita: Chatuba. O evento contou com representantes da Defesa Civil, Instituto de Defesa do Consumidor de Mesquita (Procon), Centro de Referência de Assistência Social de Mesquita (CRAS), Secretaria Municipal de Saúde de Mesquita (SEMUS), e organizações sociais e religiosas, entre elas a Casa Fluminense e a Igreja Batista da Chatuba. O evento aconteceu no auditório da Prefeitura Municipal de Mesquita.

Os organizadores do lançamento construíram e participaram do curso, em 2022, “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, resultando na pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.

Gisele Moura, coordenadora da Rede Favela Sustentável, abriu o evento contando um pouco sobre a RFS e a programação do dia. Ela compartilha que: 

“A Rede Favela Sustentável é uma rede articulada de lideranças comunitárias, moradores de favelas e aliados técnicos que atuam em prol da resiliência socioambiental das favelas do Rio de Janeiro. A Rede Favela Sustentável durante a pandemia entendeu a necessidade de se levantar dados, monitorar dados sobre a [Covid-19 na] favela. Então surgiu uma conversa coletiva, lideranças comunitárias que [construíram o que se tornaria o] Painel Unificador. [Mais tarde, levantaram] quais eram [outros] dados de grande importância para [serem coletados] nas suas comunidades e água e luz… [foram entre as] informações mais importantes… A ideia do Painel Unificador das Favelas… [é que] comunidades poderem levantar e serem agentes desses dados.”

Por que Água e Luz? Qual a Relação?

No relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita: Coreia, Cosmorama e Jacutinga”, Amanda O’Hara, do Instituto Clima e Sociedade, afirma que “a energia e água são dois recursos intrinsecamente dependentes. Especialmente no Brasil e, especialmente, em comunidades de baixa renda”. Ela ressalta que, com a crise hídrica em 2021, os brasileiros tiveram que lidar com um salto nas contas de luz, além da falta de chuvas que reduz o nível de água nas barragens, “diminuindo a disponibilidade de água nas usinas hidrelétricas para gerar eletricidade.”

Além da falta d’água, o relatório registrou problemas graves de qualidade da água, os constantes alagamentos, vazamentos e descaso da concessionária quanto a uma assistência de qualidade. De igual modo, o valor elevado da conta de luz gera uma consequência direta na alimentação e qualidade de vida das famílias, que também sofrem com descaso e apagões. Os dados demonstraram, também, que quando falta água, ela demora para voltar.

Os jovens Luiz Miguel Ribeiro e Matheus Botelho, integrantes do NESPES, moradores da Coreia e os pesquisadores responsáveis pela coleta de dados no território, abriram a apresentação dos dados, lançando perguntas para a plateia sobre suas realidades com a falta d’água e luz, o que impulsionou relatos e manifestações dos presentes. Os dados apresentados contemplavam perfis demográficos, acesso a água, qualidade da água, eficiência da água, acesso de luz, qualidade da luz e eficiência da luz. 

“Em cada comunidade, entrevistou-se por volta de 75 pessoas, então, nossa pesquisa não reflete a comunidade como um todo. Ela busca dar uma ideia da situação e agregar as demais comunidades e mostra um panorama da nossa região metropolitana. A grande maioria dos entrevistados… foram mulheres… e a maioria dos entrevistados [se autodeclararam] negros, que para o IBGE são pretos e pardos, [mostrando] que a maioria dos afetados pelos dados… é negra.” — Matheus Botelho

Ao perguntarem para a plateia sobre a qualidade da água, Sabrina Moreira, moradora da Coreia, comentou que “a água tem lodo, cor amarelada, quando acaba a água, ela volta cheia de barro”.

Outros dois jovens participantes da pesquisa compartilharam a experiência com o levantamento de dados. Matheus Edson, de Rio das Pedras, falou sobre problemas, que não devem ser normalizados, relacionados a água, energia, injustiça social e ambiental. Janyne Lima, de Itacolomi, Ilha do Governador, explicou como foi o trabalho em campo, e as escutas a partir dele, como relatos de pessoas que tiveram que comprar o próprio poste de luz e outras sem água encanada em casa ou que não possuem reservatório de água. 

Muitos moradores da favela da Chatuba compartilharam os mesmos problemas de contas altíssimas de luz e da falta d’água. O morador Maurílio Costa compartilhou meios de economizar:

“Eu acho um absurdo cobrar trezentos e sessenta e seis reais de água numa comunidade que… quando cai água, [por exemplo] hoje é quarta-feira, dia de cair água, aí o que eu faço? Encho a cisterna e fecho o hidrômetro. Na quarta-feira seguinte eu não pego água, porque já tenho na cisterna.”

Zeca Pereira, morador da Chatuba, relatou: “desde que a Águas do Rio assumiu, nós temos um problema que já tínhamos com a CEDAE e dobrou”. Luiz Simplicio comentou sobre o seu Ivan, morador da Chatuba, ficar 24 horas com sua bomba ligada abastecendo a comunidade, de forma voluntária, pois a Águas do Rio foi lá e ignorou os problemas relatados pelos moradores.

As lideranças comunitárias Tânia Alexandre da Silva, coordenadora do AMEPA, Ana Leila Gonçalves, coordenadora do Centro Social Fusão e Laurinda Soares, coordenadora do NESPES, compartilharam sobre o protagonismo da juventude, convocaram os moradores a se engajarem mais, comentaram sobre a continuidade das ações que foram iniciadas, além de trazerem propostas de articulações e integração do poder público com os profissionais de dentro das favelas.

Leia a matéria diretamente do site de notícias RioOnWatch clicando aqui!

Assista ao Vídeo Aqui.

Não perca o álbum abaixo, ou clique aqui para ver no Flickr.

Leia mais
Atividades, Novidades, Vídeos Gisele Comcat Atividades, Novidades, Vídeos Gisele Comcat

Justiça Hídrica e Energética nas Favelas de Mesquita: RFS Lança Dados de Jacutinga/Coréia/Cosmorama [Vídeo]

Este vídeo traz a apresentação de dados de água e luz, coletados a partir da pesquisa realizada por lideranças e jovens mobilizadores das comunidades Coréia, Cosmorama e Jacutinga em Mesquita, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 22 de março de 2023 e contemplou o lançamento do relatório "Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação—Mesquita", com os dados resultantes da pesquisa nas comunidades.

Por ter sido uma atuação colaborativa com a juventude, os próprios jovens que percorreram suas comunidades, dialogando com vizinhos e coletando dados valiosos, apresentaram os dados locais, seguidos pelas lideranças comunitárias, que trouxeram propostas e articulações surgidas a partir da pesquisa. Com público aproximado de 100 participantes, entre moradores de comunidades de Mesquita, gestores públicos locais e especialistas nos temas de água e luz, a apresentação aconteceu no auditório da Prefeitura de Mesquita, resultando em um diálogo potente sobre as questões de acesso, qualidade e eficiência da água e luz que chegam nas casas e ruas das comunidades.

O evento foi organizado pela Associação de Mulheres de Edson Passos (AMEPA/Cosmorama), Centro Social Fusão (Jacutinga) e Núcleo de Educação Popular e Social de Economia Solidária (NESPES/Coréia), que são integrantes do Painel Unificador de Favelas e da Rede Favela Sustentável e participaram do curso “Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, com pesquisa realizada em 15 comunidades de cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, dentre elas, Mesquita.

Leia a matéria: https://bit.ly/LancamentoRFSMesquitaROW

Leia mais
Atividades, Novidades, Vídeos Gisele Comcat Atividades, Novidades, Vídeos Gisele Comcat

1o Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável (Português)

No dia 06 de junho aconteceu o primeiro Intercâmbio Nacional da Rede Favela Sustentável, com a presença de 155 pessoas, de 23 estados e 09 países, no Zoom. Contamos com mobilizadores de seis estados do Brasil—Bahia, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo—além da grande rede de mobilizadores comunitários das favelas do Grande Rio trocando sob o tema: Tecendo Sustentabilidade e Ampliando Saberes com Favelas, Quilombos e Aldeias.

Veja quem foram os convidados especiais, suas comunidades e projetos:

Almir Narayamoga Suruí — Projeto de Carbono Suruí — Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, RO

Ben Hur Flores — Projeto Anjos e Querubins –– Pelotas, RS

Jam Sankofa — AfroCiclos — Salvador, BA

'Lia Esperança' (Maria de Lourdes Andrade de Souza) — Vila Nova Esperança, São Paulo, SP

Maria Luiza Nunes — Quilombo Boca da Mata, Ilha do Marajó, PA

'Tata Luandenkossi' (Marinho Rodrigues) — Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze e a Associação Gongombira de Cultura e Cidadania – Ilhéus, BA

'Ticote' (Francisco Xavier Sobrinho) — Associação de Moradores do Pouso da Cajaíba — Cajaíba, Paraty, RJ

O evento contou com uma roda de apresentações dos sete convidados, uma roda de debates a partir de quatro eixos: 1) Justiça Climática, 2) Moradia Sustentável, 3) Soberania Alimentar e 4) Educação Socioambiental e uma roda cultural, que finalizou o encontro.

A fim de democratizar o evento, contamos com interpretação simultânea para telespectadores em inglês e espanhol.

Leia mais
Novidades, Atividades Gisele Comcat Novidades, Atividades Gisele Comcat

Assista ao Documentário do Curso ‘Pesquisando e Monitorando a Justiça Hídrica e Energética nas Favelas’, Que Mobilizou Milhares de Pessoas e Dados sobre 15 Favelas do Grande Rio [VÍDEO]

A ausência de dados sobre a realidade das favelas funciona como uma engrenagem de um ciclo vicioso, no qual não se quantifica o problema ou sua extensão e, consequentemente, não são desenvolvidas as ferramentas adequadas para resolvê-lo.

A importância da geração de dados por e para as favelas é para romper esse ciclo, produzindo dados a partir das favelas para mensurar aquilo que as comunidades entendem como seus desafios e, a partir desse diagnóstico, propor ao poder público soluções adequadas às suas realidades.

As mais de 50 aulas foram realizadas duas vezes por semana, ministradas de forma online por aliados técnicos da RFS e sua equipe de gestão, e contando também com quatro encontros presenciais de dia todo. A estrutura do curso passou por todos os passos de planejamento, execução e incidência política de uma pesquisa, construindo os indicadores de forma coletiva, pelas organizações participantes.

🔗 Acesse o portal RioOnWatch e leia a matéria completa: bit.ly/44uAsjI

Leia mais
Atividades, Novidades Gisele Comcat Atividades, Novidades Gisele Comcat

Quando Memórias Se Encontram: Rede Favela Sustentável Lança Exposição ‘Memória Climática das Favelas’

Todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias

No sábado, 17 de junho, o Museu das Remoções na Vila Autódromo, na Zona Oeste, acolheu o lançamento da exposição Memória Climática das Favelas organizada por museus integrantes da Rede Favela Sustentável. O evento foi uma grande culminância das rodas de memória realizadas, em cinco museus comunitários, no início do ano.

Click final com todos os participantes do lançamento da exposição Memória Climática das Favelas, em frente a Igreja de São José Operário na Vila Autódromo. Foto: Bárbara Dias

Entre eles estavam o Museu da Maré, Museu Sankofa Rocinha - Memória e História na Rocinha, NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e o Núcleo de Memórias do Vidigal. O volume de narrativas de memórias climáticas das favelas, na voz de seus moradores, deu origem à exposição.

Confira abaixo as matérias das cinco rodas de memória climática das favelas que já aconteceram:

  • 1ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu da Maré: ‘A Palafita [foi] uma Estratégia de Sobrevivência, Um Saber’: https://bit.ly/MCnaMareNoROW

  • 2ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu Sankofa, Rocinha: ‘Quando o Coletivo Resolve Lutar Junto, o Coletivo Vence’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnaRocinhaNoROW

  • 3ª Roda de Memória Climática das Favelas do NOPH em Antares, Santa Cruz: ‘Não Era Para Ninguém Ficar Aqui, Foi Passando 40 Anos, Não Tomaram Providência’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCemAntaresNoROW

  • 4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoPPGNoROW

  • 5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]: https://bit.ly/MCnoVidigalNoROW

Leia mais
Atividades, Novidades Gisele Comcat Atividades, Novidades Gisele Comcat

5ª Roda de Memória Climática das Favelas no Núcleo de Memórias do Vidigal: ‘As Pessoas Precisam Morar!’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.

Leia a matéria da emocionante roda realizada pelo Núcleo de Memórias do Vidigal, na Zona Sul do Rio, onde os riscos climáticos mesclam com especulação imobiliária e uma história deturpada de remoções, sob um território muito amado e querido pelos seus moradores.

Participantes da Roda de Memória Climática, no Vidigal. Foto: Alexandre Cerqueira

“Cheguei em 1959. A comunidade aqui era uma mata. A gente respirava um ar puro, da montanha. O tempo foi passando, as pessoas precisam de casa. Da minha janela eu vejo. O que era mato mato mato virou casas. O povo teve que morar! As pessoas precisam morar! Meus filhos vão morar onde? No Leblon não pode. Então, tem que ser aqui. Tiro mais uma árvore. Menos uma árvore. Menos um ar puro para respirar.” — Armando Almeida Lima

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

Leia mais
Atividades, Novidades Gisele Comcat Atividades, Novidades Gisele Comcat

4ª Roda de Memória Climática das Favelas no Museu de Favela, PPG: ‘A Gente Tem que Transformar Nossa Relação com o Lixo’ [IMAGENS]

Confira a imperdível série de matérias que resumem a dinâmica da roda de memória realizada, em cinco museus comunitários, que compõe a exposição.

Leia a matéria da reveladora roda realizada pelo Museu de Favela MUF no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo na Zona Sul do Rio, onde o impacto do lixo, junto dos eventos climáticos cada vez mais intensos, é a preocupação que reina.

Colaboradores e educadores sociais integram a Roda de Memória Climática no PPG. Foto: Alexandre Cerqueira

“Não foi exatamente a caixa d’água que desabou (em 1983). Foi o lixo. O pessoal fez uma montanha de lixo lá em cima [já que não havia serviço de coleta pública] e ela desabou… No mesmo lugar, repetiram essa montanha e ela caiu de novo. Essa montanha, que não tinha que tá lá, foi levada pela chuva forte… [a enxurrada] levou uma pedrona no caminho, e essa pedra bateu na caixa d’água, que se movimentou um pouco, e fez com que as caixas abaixo dela descessem também.” — Márcia Souza

“Todo dia eu faço a minha realidade acontecer. Sábado, domingo, feriado. É todo dia o trabalho. Tenho vergonha de ver um turista aqui e ter lixo e cocô no chão, esgoto aberto, esgoto vazando, rato de dia e de noite… O poder público sobe as favelas do Rio, mas porque não resolve? Estamos discutindo esse tema com pessoas aqui de 70 anos, 85 anos. E não sei por quantos anos lá na frente vai ter gente falando. E o poder público nada faz." — Nivaldo Moura

As Rodas de Memória Climática têm como objetivo resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema tradicionalmente é raramente abordado, apesar de, como mostraram as rodas, ser muito presente no cotidiano das favelas.

Leia mais